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domingo, 3 de outubro de 2010

Sadhu, Guru e Sastra e as 9 teses budistas


Sadhu, Guru e Sastra e as 9 teses budistas

por

Swami Krishnapriyananda Saraswati

Sanatana Dharma Brasil
Gita Ashrama 2010



Sri Radha-Krisha são Unos e os mesmos.

"Eu louvo seu empenho no canto de Bhajanas para o Senhor Supremo; Kirtana é um dos processos de Bhakti-prem, e como não há diferenças entre o Senhor, Seus Lilas e Santos Nomes, então, seguramente, seu Sadhana irá lograr uma sementinha que seja de amor por Deus, e isso é como um néctar nesta era de hipocrisias neste vale de lágrimas. Igualmente louvo seu amor por Bharata-Varsa (índia), nossa pátria-mãe espiritual".

 ::-::

"Dignissimo Swami, mais uma vez sinto me honrado com seus esclarecimentos relacionados ao Sanathana Dharma. Como o Sr diz: sei que a verdade mais profunda dos Ensinamentos "apenas se alcança com a entrega ao aproximar-se do Guru, Mestre Espiritual, e prestar serviço abnegado a Ele e Sua missão. Que a rendição e um processo védico, e nenhum conhecimento acadêmico comum será suficiente para Sua Graça".

Vejamos alguns versos a seguir:
bhajagovindam bhajagovindam
govindam bhajamuudhamate
sampraapte sannihite kaale
nahi nahi rakshati dukrijnkarane

“Adore Govinda, Adore Govinda, Adore Govinda. Ó Tolo! Regras de Gramática não irão salvar a você na hora da sua morte”.
Moha-mudgaraah (bhaja-govinda), Sri Adi Sankaracharya

tad viddhi pranipatena
pariorasnena sevaya
upadekshyanti te jñanah
jñaninas tattva-sarshinah

4.34 - Este correto conhecimento se aprende perguntando-se aos que O conhecem, prestando-lhes serviço; inicias-te neste Conhecimento, com os que O possuem, conhecem e viram a Verdade.
(Bgita. 4.34)

Sadhu, Guru e Sastra constituem os três pilares do conhecimento ou apoios incondicionais do Viveka para Moksa, que levam o devoto ao Senhor(a). Adi Sankaracharya é o grande retomador do caminho das Vaishnavas Sampradayas (tradição dos seguidores de Vishnu), formuladas no início da criação, e que haviam sido postas de lado devido ao niilismo budista e materialista instalado na Índia entre os séc. VI a.ne, e VIII n.e. Mas atente-se que  Buddha e Budismo são coisas distintas. Por sua vez, são quatro as  Sampradayas védico-vaisnavas, conforme está nos textos védicos, as quais existem desde o início da criação. Elas têm por cabeça: Laksmi (Sri Sampradaya), Siva (Rudra Sampradaya), Kumama (Kumara Sampradaya), e Brahma (Brahma Sampradaya). Nossa sagrada ordem é Kumara-sampradaya.

Atente que o budismo que seguiu-se depois da partida de Buddha mergulhou num niilismo agnóstico materialista dos mais profundos. Cerca de 1.200 anos se passaram, então, desde o desaparecimento de Buddha, e a instalação do budismo, até que Sri Adi Sankaracharya reconquistasse o patamar do Sanatana Dharma (sec. VIII). Ele evocou os princípios do Karma-jñana-bhakti para isso. O conhecimento e a sua prática  trouxeram a liberdade da fé para os “hindus”. O Senhor Buddha havia feito ponderações ao fanatismo nascido da prática dos “brahmanas”, que impunham severas doações e sacrifícios desnecessários. Poucos conseguiam alcançar a realização do que era esperado nas expiações. “Tudo estava nos ‘Vedas’”, justificavam, e assim os brahmanas ou sacerdotes impunham doações muito além das ralas posses da maioria do povo. Se não fosse só isso, até mesmo reis estavam tendo dificuldade para alcançar a tão sonhada expiação pelas ações “karmicas”. Buddha é de origem nobre. Ele vivia na prática esta questão. Seu conselho fora: “os textos são construções gramaticais, e eles então contêm erros”. Isso são ponderações jainistas, e Ele as trouxe com praticidade ao povo ignorante. Eis, então, que a partir de ai os tolos procuravam erros gramaticais nos textos, então o Senhor Adi Sankara, 1.400 anos depois,  chama a atenção para o fato de que “regras de gramática não irão salvar ninguém na hora da morte”. O que ocorrera? Sem o mestre espiritual, sem a Sua guia indispensável, o verdadeiro intérprete , o conhecimento havia se perdido. Mas Krsna orienta Arjuna para que uma pessoa se aproxime daquele que viu a Verdade, então perguntando a Ele e prestando-lhE serviço abnegado, assim, alcançado-A e realizando-A.

"Cerca de dois anos atrás, quando estava dormindo só em casa, ter acordado no meio da noite com a realização de que a Verdade Eterna é um Grande Silencio, uma Presença Ùnica. O que sinto é que de lá para cá a angustia da busca cessou. Entretanto como um observador venho acompanhando a necessidade de continuar caminhando, como se estivesse algo mais a realizar a  contactar a me entregar. Assim tenho acompanhado essa necessidade de saber o que fazer a a quem entregar este fazer". 

No Sanatana Dharma é importante perguntar pelo Guru Parampara e Sampradaya, isso é a tradição. O método mais seguro é saber qual a sampradaya que alguém pertence; apesar de a era de kali-yuga ser a era das hipocrisias, a tradição está sendo mantida pela Graça do Senhor Krsna, o Avatara da era de kali-yuga. Dos autores que o Sr. Cita, quais deles estão ligados a uma Sampradaya e foram rendidos a que Guru? O Senhor Krsna tinha guru diksa e guru siksa. Quais foram eles, daqueles que o ser cita? Sinceramente, pelo que pesquisamos, não encontrei nenhuma resposta; todos são “auto-denominados”, isso não é fidedigno ao Varna e Ashrama, o qual seguimos e muito humildemente pertencemos. Hari om tat Sat!
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Não devemos confundir “advaita” ou não-dualismo,  com “niilismo budista”; estas confusões se estabeleceram devido ao fato de que a identidade com o Jiva e o Purusa ser no Atma, não no “nada ou silêncio”; não somos mayavada, e tudo é Brahman e não “o nada”. Este niilismo agnóstico é uma herança budista posterior, e calcada pelos niilistas ateus, que ocuparam o vazio de Acharyas proeminentes. Nossa tradição é aryana no sentido de manter a Supremacia dos Vedas, e os Vedas não falam num “nada”, mas num “tudo”. Mesmo o filósofo ocidental Nietzsche fez severas críticas aos Europeus da sua época, por estarem reformulando um “budismo niilista”. Negar o “ser” foi o caminho encontrado pelos budistas, porque assim terminavam com o problema : “... o ser não existe, logo, não precisamos nos preocupar com isso!”... Jacques Maritain, em Introdução à Filosofia, faz severas críticas para o reducionismo niilista budista, dizendo que, “O budismo é uma filosofia agnóstica e atéia, que usurpa as funções sociais e rituais duma religião... O budismo, doutrina essencialmente negativa e dissolvente - orientada, aliás, mais para a prática do que para a metafísica e à especulação -, pode ser considerado como o a corrupção e a delinqüência da filosofia Brahmânica”. (op.cit.ps. 28-29).

Para o Vedanta, Pramana, a evidência do Ser ou Atma É o único que É. O Atma é, então, um “objeto material” de pesquisa dos filósofos desde a época de Sankara; a filosofia Advaita que Ele defende é Kevala ou “pura” no sentido de que o Atma é uno em tudo e em todos, apesar de admitir a  diversidade com o aparente. Em resumo, o acidente não modifica a substância; “rupa” é apenas acidental ao Atma, é como uma roupa que vestimos em situções diversas; apesar de roupas diferentes continuamos sendo os mesmos; alguém não deixa de ser ele mesmo apenas porque veste terno e gravata, etc. Isso tudo deve ser levado para todas as contingências; o Jyotish ou brilho não está acima da fonte, então, o que um “mapa” astral mostra não é determinante, porque o devoto transcende isso pelo Abhyasa recomendado e adequado. O fato de alguém nascer sem pernas não o torna menos humano, portanto, o nascimento ou Jati não é o mais importante. Esta é, alias, um tema que foi conversa entre Mahaprabhu Cheitanya e Ramanandaray, ocorrido em Orissa quando da Sua peregrinacao ao Sul da India (sec. XIV). Ramananda Raya era um membro da escola Vaishnava tantra ou Vaishnava Sahajiya. Este encontro entre Chaitanya e Ramananda é conhecido como “Ramananda Samvagh”. Quando mahaprabhu perguntou-lhe sobre “como alcançar o objetivo último da vida”, ele iniciou respondendo, "com Jati, ou nascimento", mas Ramananda continou falando sobre Karmarpana (sacrificios), Karmatyaga (renúncia da ação), Jñana Misra Bhakti (conhecimento secular e devocional), e cultinou com os humores ou Rasa para com Krsna, sendo Radha Prema o cume: (Raganuga Bhakti). Chaitnaya entao mostrou Sua forma Radha-Krsna para Ramananda, sendo que hoje Ramananda Ray é considerado uma Gopi ou Lalita Sakti para os seguidores Vaisnavas. A forma Radha-krsna é e única real porque é a forma do amor puro por Deus, entaã, todas as outras formas são apenas passos para alcançarmos o Real.

O devoto deve seguir os passos dos acharyas anteriores; sua diksa ou rendicao ao guru está no fato de cumprir os votos preliminares e seguir o Sadhana que o guru lhe indicou. A presença fisica, ou a formalidade de namakara é um acidente no caminho do devoto, nao é a substância. Contudo, há algo que deve ser feito tendo em vista evitar a misra ou misturas de coisas. O pensamento budista, por exemplo, é essencialmente falho em lógica em nove quesitos: "1. A criação é eterna; logo, não é necessário aceitar um criador; 2. Esta manifestação cósmica é falsa; 3. ‘Eu sou’ é a verdade; 4. Nascimento e morte se repetem; 5. O Senhor Buddha é a única fonte para se compreender a verdade; 6. O princípio do nirvana, ou aniquilação, é a meta última; 7. A filosofia de Buddha é o único caminho filosófico; 8. Os Vedas foram escritos por seres humanos; 9. Todos são aconselhados a praticar atividades piedosas, mostrar-se misericordiosos com os outros e assim por diante”.

Sri Caitanya contrargumentou cada uma destas afirmações utilizando-sE de Nyaya, ciência na qual era sábio. Vejamos isso: 

‘1) se a criação é sempre-existente, não podemos ter, então, a teoria da aniquilação. Se aniquilação ou dissolução é a verdade máxima, conforme os budistas, então a criação não pode ser “sempre existente”;

2) igualmente “essa manifestação cósmica é falsa”, não se mantém pela teoria da aniquilação, porque a “tentativa de aniquilar tudo a fim de atingir o nada é absurda”, se é falsa, não tem como aniquilar. O mundo não é “falso”, mas temporário. O que sentimos como prazer e dor são reais, não são falsos, ainda que sejamos almas espiriuais não podemos negar o corpo e suas contingências;  

3) se “eu sou” é a verdade, então não temos possibilidades de argumentação. A individualidade “eu” e “você” possibilita a argumentação. Como a filosofia “budista” depende de argumentação, então não pode reduzir-se a “eu sou”; é preciso existir outra pessoa para que possa existir argumentação entre “eu”  e “voce”; o Senhor Krsna argumenta com Arjuna o fato de que Ele e Arjuna sempre existiram, mas Arjuna não se recorda (B.gita. 2.12), portanto, há uma argumentação entre Krsna e Arjuna (o que poderemos aqui reduzir de encontro entre Paramatma e Atma), e sem que caiamos num dualismo ingênuo; 

4) existimos em diferentes corpos, mas o fato de termos diferentes corpos não quer dizer que sejamos diferentes nestes corpos (como usar roupas para cada ocasião não nos muda em essência). Mesmo no transcurso da vida vamos mudando de corpo, de crianças para velhos. Apesar de a reencarnação ser comum entre nós e os budistas, eles não têm uma explicação clara sobre ela. O nascimento “humano” não é garantido, mesmo porque alguém alcança aquilo que deseja numa próxima vida; 

5) Buddha é a única fonte para obter conhecimento. Esse reducionismo totalizante é chamado apropriadamente de “tautologia”, e ela peca exatamente por ser um pressuposto de verdade. Como podemos conhecer? A pergunta é filosófica, e a teoria do conhecimento budista não aceita um principio de conhecimento “padrão” ou standard, tornando-se especulativa, por conseguinte; de um certo modo, isso gera a expressão “yata mata tata patha” ‘cada um estabelece a verdade segundo a si mesmo’;  isso é solipsismo e idiossincrasia puros; 

6) nirvana é a meta última. Como vimos, a “aniquilação” não se sustenta pela idéia eterna de “criação”. Porém, aniquilação é algo que se aplica ao que é temporário, não “eterno”; se a criação é eterna como se aniquila?o Senhor Krsna explica no gita, canto 4.9 que “alcançamos um corpo espiritual”, portanto somos almas espirituais, e não corpos materiais; 

7) dizem que a filosofia de Buddha é o único caminho: se há erros de lógica sumários na filosofia budista, como poderemos então aceitar que seja o único caminho? Isso é pressuposto de verdade, uma tautologia que em si encerra algo do tipo  todo-todo, nada-nada; 

8) Os Vedas foram escritos por humanos.. mas os Vedas são ensinamentos advindos do Supremo, Eles não foram criados pelos humanos; são transcendentais, e o conhecimento filosófico que está neles transcende as regras gramaticais. Pelo fato de alguém anotar algo segundo uma gramática deficiente não lhe afasta a idéia que quer transmitir. Os problemas filosóficos permanecem: quem somos, de onde viemos, para onde iremos? Hermenêutica é uma ciência filosófica, e negar as perguntas não as responde e, 

9) somente somos objetos de misericórdia de uma pessoa superior. Se somos aconselhados a ter misericórdia, devido ao sofrimento e miséria de alguém, aqui se refere à miséria de uma pessoa inferior a nossa. Alguém superior a nós não pode ser objeto de nossa misericórdia. O contrário é que é real. Este mesmo princípio defende que a justiça é a única forma de estabelecer a paz. Mas o que é justiça para um não será para outro, ainda que num mesmo objeto. Estes princípios relativos não se encaixam nas tautologias defendidas pelos budistas.

Como vemos, as 9 teses de sustentação budistas são falhas, porque partem de um pressuposto de verdade para negar outro. Eu aconselho um estudo sumário de lógica; nem sequer será necessário um estudo do Nyaya. Veja-se o belo texto “O Amor é Uma Falácia”, que pode ser baixado no site da UFRGS:

É evidente que se aceitamos a criação temos que aceitar um criador. Mesmo o tal “silencio” dos budistas está cheio de ruídos da imperfeição da filosofia deles. Ao contrário do que argumentam, não é o negar de uma coisa que a soluciona, mas a dobra, “com/plica”.

O cantos dos Santos Nomes, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare, Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare, assegura a devida limpeza das idéias de “eu” e “meu”, pilares do falso ego ou ahamkara.

Haribol!

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