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domingo, 17 de outubro de 2010

Perguntas sobre Sanatana Dharma :: 3 ::


Perguntas sobre Sanatana Dharma :: 2::

"Questões sobre Sanatana Dharma"

Krishnapriyananda Swami


Sri Ganesha (Gajannatha), Senhor protetor do Dharma


7. Na sua opinião, como deveria ser o Varnashrama no Ocidente?
O Sistema de Varna e Ashrama, como vimos na pergunta número 1, é um sistema perfeito, criado diretamente pela Suprema Personalidade Divina, Sri Krishna. Por isso, não há necessidade de alguma modificação. O que há necessidade é de entendimento, o que vem a ser o Varna e o Ashrama. A psicologia desta ciência social é de tal magnitude que descreve perfeitamente a mente e a atividade de uma pessoa ao longo de sua vida. Se poderá ver com mais clareza sobre isso em Sistemas de Castas. Este sistema, de certo modo, existe aqui e em todo o mundo, e está incorporado no modo de ser da sociedade. Há uma divisão de trabalho, uma consequente divisão do pagamento que é feito por uma atividade, bem como no tipo de contração, de mão de obra, na forma de viver, de estudar, etc. O Varna e Ashrama está em nós e nós nele.

8. O que foi adaptado na cultura védica para o Ocidente, no Gita Ashrama?
Devido ao fato da natureza especulativa, bem como inquisitiva do Ocidente, o Gita Ashrama foi criadao inspirado no que foi fundado por Mestres como Hariharji Maharaj, Swami Sivananda, e outros Acharyas, quando Eles nos orientaram como deveríamos “fundar” uma sociedade desta natureza, ou seja, engajada em Karma, Jñana e Bhakti-yogas. Nossa atividade tem sido em divulgar o máximo possível o conteúdo filosófico de forma clara, objetiva, sem fanatismos, nem proselitismos, nem sectarismos de qualquer ordem os espécie. Divulgamos o que vem a ser o Sanatana-dharma (Filosofia Perene), e que Ele é possível de ser vivido de forma prática no aqui e agora. Aos poucos estamos construindo o Ashrama. A cada dia temos esta atividade incrementada. Não estamos preocupados em um grande número de pessoas, mas em qualidade; em um bom nível intelectual e espiritual também de todos os que participam. Nossa ocupação principal tem sido a Internet, onde podemos colocar com um custo relativamente menor, uma grande quantidade de textos, estudos, pesquisas, imagens, etc. De certa forma, estamos felizes em atingir um grande público, que hoje está em torno de 40 mil visitas por mês no portal, de tal forma que nosso site se tornou o primeiro na língua portuguesa a divulgar a filosofia do Sanatana-dharma, trazendo para os interessados, tudo o que for possível sobre esta ciência de religiosa de viver a fé. Todos os dias são feitas atualizações, de modo que o leitor internauta poderá conhecer sobre os textos e obras clássicas, bem como sobre os preceitos e formas de adorar a Deus.

A expressão “Gita Ashrama”, significa que podemos fazer da nossas ações diárias um ato divino, tal qual nos disse Krishna: “faça suas ações para Mim e sempre se lembre de Mim; e assim irás alcançar-Me”, disse Krishna no Bhagavad-gita. 8.07. Portanto, não há necessidades de internações, isolamentos, afastamento da vida de relação, etc., porque o amor por Deus deve estar presente em qualquer lugar, e assim o estará, na medida em que levarmos uma “vida divina”.

9. O que vem a ser Dharma?
Simplicidade em adorar a Deus em todos Nomes e Formas
Não há, propriamente falando, uma tradução única para a palavra sânscrita “dharma”. O seu significado é amplo, abrangendo conceitos igualmente amplos. Contudo, no mais das vezes, “dharma” diz respeito ao “ethos”, ao “ético”, no seu sentido complexo e universal. Quando falamos de “ethos” falamos do modo de ser de alguém, de uma sociedade e dos seus instrumentos, tendo em vista abraçar o que é universal. O primeiro dos princípios – a base do Sanatana-dharma – é chamado Ahimsa, e que ficou popularizado como “não-violência”. Igualmente, este conceito “a-himsa”, ou seja, “sem agressão”, é um conceito amplo. Ahimsa não diz respeito apenas a não agressão física, através de atitudes com o uso da força de qualquer modo, mas, acima de tudo, quer dizer não-violência estrutural. Não podemos falar do conceito de Dharma sem antes falarmos na sociedade. Uma pessoa, propriamente falando, não existe enquanto único indivíduo; alguém se torna uma pessoa no seu contexto e na sua relação social. Dharma é o modo de ser, de estar, dentro de uma sociedade, e nela agir e interagir. Por conseguinte, Dharma tem a ver com o estar-bem social, e não apenas o bem-estar. Por isso vemos traduções para “dharma” como: justiça; religião; moral; princípio, etc. mas apesar do grande número de interpretações e “traduções” o Dharma tem um fio condutor comum, ou seja, o eidético, aquilo que diz respeito ao universal da ética, o reto agir, a Ordem Perene.

Esse conceito é muito abrangente, a ponto de ser usado tanto pelos chamados Hindus, ou que seguem o Santana-dharma, como pelos Budistas e derivações. Apesar dos últimos interpretarem o mundo como um consequência material, há um respeito ao outro, seus limites, seus desígnios, o seu estar-aí, e a forma de como deve-ser este “estar”.

Há, também, uma ligação muito íntima entre Dharma e Karma, conceito inseparável da filosofia oriental. Em termos de filosofia do Ocidente, Dharma pode ser comparado ao “dever-ser”; e Karma ao “fazer”, ou “agir”. Dharma conjuga o Ser com o Agir, deste modo, Dharma poderá ser chamado de “ação conforme o dever”, ou “reta ação”. No Bhagavad-gita Sri Krishna declara-Se o Dharma personificado, quando diz: “Toda a vez que há um declínio do Dharma, e a predominância de Adharma (injustiça), ó Arjuna, Eu Me manifesto. EU apareço de tempos em tempos, para proteger os bons, para mudar os malvados, e restabelecer a ordem no mundo (Dharma)” (B.gita 4.07-08). Neste verso vemos que Krishna vem em pessoa para restabelecer o “dharma”, ou a justiça.

Na conclusão do Bhagavad-gita, verso 18.66, Sri Krishna diz para Arjuna “abandonar todo o tipo de ação antiga – sarva-dharmam – e simplesmente render-se a ELE”. Claro que uma lei antiga, com prescrições, deveres e obrigações, para que possa ser deixada de lado, e para que a ação possa ser considerada legítima, deverá ter outra lei que a substitua com vantagens para todos. No ponto de vista védico, é válida e insuperável a “condenação” de alguém somente diante da existência da lei: “Não há crime sem lei que o governe!”; “Se não há lei, não há crime!”. Portanto, um conjunto de regras está, de modo invariável, preso ao tempo, espaço e circunstâncias. A revogação da lei antiga somente é possível diante dos fatores a nova lei ligados. Krishna personifica o Dharma, por isso pode, “de tempos em tempos”, mudar a lei e adequá-la tendo em vista ajustar o Dharma, ou o reto-agir.

om hari hara om tat sat

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