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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Além da objetividade de "eu" e "meu"


Swami Krsnapriyananda Saraswati


Om hari hara om
Om namo bhagavate narayanaya!
Om namo bhagavate vasudevaya!


o coração é como um pêndulo,
ele vai e vem durante uma vida;
seu balanço é como um carinho,
pendulando pelo mundo vivido,

como tique-taque do relógio,
marca as horas percorridas,
deixa lastro bom ou ruim,
de acordo com o amor distribuído
.



Na leveza da flor de lótus.
A jornada rumo ao Absoluto é cheia de tropeços; estes são devidos a nossa teimosia em não seguir sadhu, guru e sastra (a sabedoria do guru, advinda das Escrituras, realizada no sagrado darsana do sadhaka). O ego - ahamkara - é quem causa todo esse sofrimento, porque falsa e tolamente acha que pode galgar sozinho os picos da realização espiritual com meros poderes finitos do corpo e do intelecto. Um computador tem uma porção quase ilimitada de “conhecimento”, porém nenhuma realização. Portanto, de nada adianta ficar ilustrando o ego, com títulos; infinidade de assuntos, nomes pomposos, etc., se a intimidade, se o coração, onde mora o Supremo, está esquecido de atenção. Ilustrar o ego é agir tolamente como uma sra., que certa feita encantou-se com uma gaiola de metal, então, adquirindo-a. Cuidava dela todos os dias, para que ficasse bem brilhante e reluzente. Porém um dia notou que por mais que limpasse ela exalava um mau cheiro. Foi então que notou que havia um pássaro morto dentro dela. Muitos estão apenas cuidando do exterior desta “gaiola” que é o corpo, mas se esquecem do verdadeiro ocupante, o Ser ou Atma.

Olha o passarinho!
Dentro de nosso corpo material, composto dos cinco elementos materiais, muco e falso ego (ahamkara – falsa noção de “eu”), repousa uma primitiva serpente. Mesmo os cientistas da embriogênese a conhecem. Esta serpente recebe o nome de corda ou medula. Nela se sobrepõem o córtex e o neocortex. Estes dois últimos “apêndices” nos dão a falsa noção de “eu” e “meu”, além de atender os instintos primitivos de comer, dormir, acasalar e proteger-se, ligados àquele serpente. Sim, este corpo tem uma memória e impulsos que o Yogi deverá aprender a controlar. No buscador da Verdade, uma vez passados todos estes princípios primitivos pela razão do entendimento sublime, Viveka, cumprindo varnashrama, vem então a pergunta pelo o que realmente somos. Kundalini é um poder latente que sobrepuja a primitiva serpente instintiva dentro do nosso corpo. Ela mesma é quem nos liberta, porque é no seu “veneno” que está a sua cura. É um “veneno“ que mata a morte. Que poder é esse? Como se chama? E como fazemos para despertá-la e liberá-lO para nós? Será com técnicas de respiração? Asanas? Trataka? Ajapapa? Netineti? Kriyas e mais kriyas? Nada disso nos ensina o Senhor Krsna no Gita. Ele simplesmente diz: “pense em Mim, medite em Mim, chame por Mim, seja Meu devoto”. Até parece aquela música... "chore por Mim... liga pra Mim”; mas é isso mesmo, “esteja constantemente engajado em Mim, Vāsudeva, em pensamento, palavras e obras”. É bem simples assim. Amor puro por Deus. Todo o resto foi apenas uma “perfumaria” para poder chegar até aqui. Se realmente está cansado de teorias, busca inútil de coisas materiais; estando disposto a renunciar ao “eu” e “meu”, então um novo caminho se deslumbra na sua frente. Não tenha pressa, mas seja determinado. Isso é tudo o que precisa para alcançar o despertar da Kundalini: amor puro por Deus. Ela desperta devido ao amor puro por Deus, e o amor puro por Deus, somente surge quando desperta Kundalini. É assim tão fácil, basta ser determinado, e fiel. Krsnaprema é como se chama!

Naga, a serpente no interior de todos nós
Como se alcança a sabedoria suprema do Yoga, como se pode amar a Deus? “Este conhecimento sublime do Yoga se adquire através do aproximar-se daquele que realizou a verdade dentro de si – pelo darsana puro - , prestando-lhe serviço abnegado, e pelo inquirir sincero” (gita. 4.34). “pariprashnena sevaya”.. ‘perguntar sincero enquanto servindo de forma abnegada’. Esta é a fórmula!

Se o seu coração está disposto a largar o “eu” e “meu” acumulados durantes muitos nascimentos, então há uma chance de liberar-se do samsara. Ninguém deverá largar as suas obrigações no mundo material sem antes cumprir com o seu dever diante delas. Isso é Sanatana-Dharma (a ordem eterna). Portanto, o pretendente sério deverá agir de forma resoluta no cumprimento dos seus deveres, e abnegadamente prestar Seva, segundo suas aptidões e disponibilidades, num crescente objetivo, para o guru e Sua missão. No devido tempo, os passos do varna e ashrama são realizados. Se a sua vocação é para a vida monástica, inicie agora mesmo a levá-la, não é necessário nenhum lugar diferente de a sua casa para realizar isso. Uma vez que assim agir, em qualquer lugar estará pronto para se conduzir. Essa é a regra.

Seu benquerente
Servo em sadhuguruseva
Swami Krsnapriyananda Saraswat

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