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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Superando a consciência objetiva

Om namo bhagavate vasudevaya!



"Cria-se 'deus' a nossa imagem e semelhança, pintando-o com nossos próprios medos e esperanças".
Krishnapriyananda Swami

Abençoada mataji

Pranams; Namaste

Grato pelo seu email e sua disposição de colocar seus dados pessoais para minha insignificante pessoa.
Penso que estes dados que referes em seu email sejam da praxe do Google, pessoalmente nem sabia disso, portanto, não se preocupe com isso, são desnecessários para nós.

Eu lastimo, profundamente, os fatos ocorridos na sua vida que foram desastrosos, de algum modo eles nos ensinam que a vida é de fato algo temporário, passageiro, transitório no mundo material igualmente transitório. Ontem, enquanto ia ao mercado, percebi que movimentava um monte de ossos, gordura e tecidos. Foi como se eu tivesse tomado consciência pontual de que tão somente somos um “motorista” deste nosso corpo material, e que com o passar do tempo envelhece e finalmente falece. Foi uma sensação interessante; já tivera antes quando certa feita montara num enorme cavalo; eu me via num “raio x”, onde estavam eu e o cavalo com seus ossos, músculos e consciência... um levando o outro... num passatempo temporário, passageiro. É por isso que compreendemos que estar numa situação ou outra, num corpo ou outro, é meramente uma passagem, um passatempo ou Lila. Agora estamos num corpo tipo “antropoides”, uma espécie de macaco, e hora num outro corpo, podendo ser num porco ou num outro animal qualquer. Poucos se dão conta que estamos num corpo animal, um tipo de chimpanzé, e tristemente pensam ser este corpo e suas relações. As pessoas não sabem que podemos ingressar e viver uma experiência num corpo animal, mas é assim que o Sanatana Dharma diz e aponta. Não nos é proibido comer carnes, mas alguns animais não devem ser servidos para isso, porque eles são mais importantes em outros aspectos, como servir leite (daí seus derivados), bem como adubar a terra, etc. Os textos sagrados apontam os animais que podem ser comidos, como peixes e aves, e alguns animais como cabras. Particularmente prefiro recomendar que uma pessoa que sinta necessidade de carnes então que coma peixes. Estes animais são, de algum modo, muito primitivos. Quando o seu corpo estiver então preparado, vá aos poucos abandonando a carne vermelha, sem atropelos ou fanatismos. Ninguém é melhor ou superior a outro porque come isso ou aquilo. A consciência não está no que comemos, mas de que forma obtemos estes alimentos, e como eles são produzidos, e. no fim, no que fazemos com o que comemos (se agimos no bem ou não). O sofrimento é algo desnecessário,  ainda que inevitável, então, devemos procurar algo que promova o menor sofrimento possível. No mundo material não temos como viver sem causar algum tipo de sofrimento e exploração. A não ser que alguém se disponha a comer seus próprios dedos, por exemplo, ele não terá como sobreviver. Mesmo assim, ele terá pouca coisa por muito pouco tempo, então não terá como viver sem explorar outro ser. Este é um mundo de exploração! É por isso que as Escrituras nos recomendam causar o menor sofrimento, chamando isso de ahimsa. Ahimsa é não-causar sofrimento, ou causar  o menor sofrimento possível; isso é algo importante, nos ajuda a progredir no caminho espiritual. O quanto poderemos fazer causando o menor sofrimento possível?

O caminho espiritual é tão variado quanto as pessoas. Cada um tem o seu sentimento particular em relação ao Supremo. O Sanatana Dharma (chamado de ‘hinduísmo’ pelo Ocidente) não é uma religião, nem pretende ser; até mesmo Sri Krsna nos recomenda no Bhagavad-gita 18.66 para abandonarmos todas as “obrigações de religião”, e simplesmente render-se a Ele, através da ação consciente, livre o mais possível de causar sofrimentos, e inteiramente deliberada pela própria vontade. O problema de toda a ação é fato de que tão somente somos responsáveis por ela e não por sua reação. Então, almejar os frutos das ações será sempre algo carregado de possibilidades, mas não de certeza.  Lembre-se que ser “hindu” é ser bom e fazer o bem.  Servir de forma abnegada ao Guru e Sua causa. Ninguém poderá se indispuser contra uma vida simples com pensamento elevado. Há graus de “desenvolvimento” ou de escaladas na escada de Moksa (liberação); os obstáculos contrapesos “eu” e “meu” devem ser deixados no pé desta escada, senão não haverá como subi-la.

Sei de seus esforços, louvo seu empenho.

Fraterno abraço

Swami krsnapriyananda

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