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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sri Ganesha, o Removedor dos Obstáculos

Sri Ganesha
"O Removedor dos Obstáculos"


Swami Krishnapriyananda Saraswati

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA

Porto Alegre, RS
1997-2010



Sri Ganesha,  o melhor de todos os Yogis.

Ganesha ou Ganapati (como na maioria das vezes é chamado na Índia) é o Senhor que remove todos os obstáculos, bem com o Senhor de todas as categorias. Tudo o que pode ser contado ou compreendido é uma categoria ou Gana (por isso, “Ganapati”). O princípio de todas as classificações, através das quais as relações entre os diferentes tipos de coisas, ente o macro e microcosmos, que podem ser entendidos, é chamado de Senhor das categorias ou Ganapati.

Vemos no Ganesha Upanishad, o seguinte verso: “Eu me prostro diante de Vós, Senhor de todas as Categorias (Gana). Apenas Vós é quem Sois o forma visível do princípio. Apenas Vós é quem Sois o Criador; apenas Vós é quem Sois o mantenedor; apenas Vós é quem Sois o destruidor; apenas Vós é quem Sois, de modo claro e inequívoco, o Princípio do Todo (Brahman), o verdadeiro Ser”.

Sri Ganesha ou Ganapati é uma forma de Deus, muito popular na Índia. Ele é chamado, também, de Vighneshwara ou Vighnaharta, o Senhor destruidor dos obstáculos. As pessoas, no mais das vezes, praticam adoração a Ganesha pedindo por Siddhis (faculdades psíquicas), sucesso nas tarefas, e Buddhi, inteligência. Ele é reverenciado antes de qualquer atividade ter início (seja no trabalho ou religiosa). Ganesha é tido como Deus da educação, conhecimento, sabedoria, literatura, e das artes finas.

Ganesha é uma das cinco formas de adoração a Deus, a qual foi popularizada por Sri Adi Sankarachaya. As outras formas são: Vishnu, Siva, Devi e Surya. A adoração destas cinco deidades é chamada de Panchayatana Puja. Em alguns casos, a forma de Deus como Skanda, é também adorada, conforme a tradição do Kevala Advaita.

O significado filosófico da forma de Sri Ganesha

No Mundgala Purana, a forma humana com cabeça de elefante, é explicada da seguinte maneira.

O corpo humano de Ganesha representa “Tvam”; as Suas feições elefantinas representam “Tat”, e a sua junção conjunta significa a não diferença de “Tvam”, você, e “Tat” ou Brahman. Desta forma, o corpo de Ganesha é a representação visível  da mais elevada realidade ou Brahman, presente em “Tat Tvam Asi”.

Há, também, a explicação de que a cabeça de Ganesha significa o Atman, ou a Realidade Suprema, enquanto que o corpo abaixo do pescoço, representa Maya, ou o princípio da existência fenomênica.  O envolvimento do Atman com o mundo está caracterizado pela compreensão da mente e da fala.

 As orelhas de Sri Ganesha, as quais aparecem como duas peneiras separadas, possuem um significado filosófico também. Do mesmo modo com usa-se peneira para separar o grãos da sujeira, deve-se usas do discernimento ou Viveka, para separar o que é Real – Brahman – do que é irreal – Maya -, na vida. Neste caso, os grãos representam Brahman e a sujeira Maya. Também, as orelhas de Ganehsa indicam que o discernimento entre Brahman e Maya é alcançada por aqueles que praticam Sravana, ou “ouvir”; escutando as Escritura Sagradas de um Guru, o qual conduz para o próprio discernimento e ralização em Brahman.

Lendas sobre Ganesha
Quiçá a história mais popular a respeito de Sri Ganesha tem a sua origem numa derivação do Siva Purana. Sua Mãe ou Parvati, certa feita queria tomar um banho, e criou um menino da sujeira do seu próprio corpo, pedindo para que ele ficasse de guarda no lado de fora, enquanto Ela se banharia. Neste meio tempo, o Senhor Siva, Seu marido, retornou para casa, e encontrou o até então estranho para Ele, que lhe impediu de entrar. Irado, Siva cortou-Lhe a cabeça, jogando-a longe, a ponto de não mais encontrarem-na, o que fez com que Parvati ficasse muito triste. Tendo em vista consolá-La, Siva enviou sua tropa (Gana), de qualquer ser que fosse encontrado dormindo com a sua cabeça apontando para o norte. Eles, então, encontraram um elefante dormindo nesta posição, e levaram a cabeça do animal até o Senhor Siva. Siva, então, colocou a cabeça do elefante por sobre o corpo do menino, revivendo-o. Ele deu-lhe o nome de “Ganapati”, ou o “comandante de todas as tropas”, e concedeu a Ele uma bênção, que consiste em que todos devem adorá-lO antes de iniciar qualquer tarefa.

O Brahma-Vaivarta Purana, narra uma história diferentes com relação a origem de Sri Ganapati. Diz que, Siva instruiu Parvati, que queria ter um filho, que deveria observar o Punyaka Vrata, durante um ano, para agradar Vishnu: “Ó maravilhosa Deusa! Realize a adoração de Hari por intermédio de Punyaka Vrata por um ano. O Senhor das Gopikas, o Senhor de todas as criaturas, Krishna em Si mesmo, irá nascer como Seu filho, como resultado deste Vrata”.

No término do sacrifício Vrata por Parvati, foi anunciado de que Krishna encarnaria Pessoalmente como Seu filho, neste mesmo Kalpa (ou tempo). Conseqüentemente, Krishna nasceu como uma criança encantadora, contentando Parvati, que celebrou o evento com grande entusiasmo.

Todos os deuses vieram ver o bebê. Mas Shani, o filho de Surya, não O olhou, não tirando os seus olhos do chão. Vendo isso, Parvati questionou a respeito deste comportamento de Shani, que respondeu-lhe que seu olhar iria causar danos ao Seu bebê. Parvati, no entanto, insistiu que ele deveria olhar a bela criança. Em consideração ao pedido d´Ela, Shani olhou para o bebê. Devido ao seu olhar malevolente, a cabeça do menino separou-se do corpo, e voou para Goloka, a morada de Krishna. Parvati, e todos os deuses, reuniram-se ali, incluindo o Senhor Siva, ficando todos tristes e deprimidos.

Por causa disso, Vishnu montou em Garuda e correu até as margens do rio Pushpa-Bhadra, e trouxe uma cabeça de um jovem elefante, colocando no lugar da que havia ido embora, revivendo-O. Todos os deuses abençoaram Sri Ganesha, desejando para Ele, poder e prosperidade. Sri Vishnu abençoou Sri Ganesha da seguinte forma:

“Oh Deus excelente! Ó ser querido! Que seu Puja seja realizado antes do que a qualquer outro deus. Que estejas situado em todos os seres venerados, e que Sejas o melhor entre os Yogis. Esta é Minha bênção para Ti”.

Sri Siva fez de Ganesha o líderes de Suas tropas (Gana), e deu a Ele a seguinte bênção:

“Todos os obstáculos, qualquer que eles sejam, irão ser removidos fora através da adoração de Ganesha; mesmo todas as doenças serão curadas através da adoração de Surya, e a pureza será resultante quando Vishnu for adorado”.


Jay Sri Ganesha!


A jóia Syamantaka
É dito que se alguém olhar a lua na noite do Ganesha Chaturthi irá ser falsamente acusado de roubo ou de crime. Se alguém olhar a lua de forma inadvertida nesta noite, o remédio para a situação é escutar ou recitar a história da jóia Syamantaka. Esta história é encontrada no Bhagavata Purana, bem como no Vishnu Purana. Brevemente, a história é a seguinte: Satrajit, que recebeu a jóia Syamantaka de Surya (semideus do Sol), como presente, e não mais se separou dela, mesmo quando o Sri Krishna, o Senhor de Dwaraka, pediu por ela, dizendo que ele seria salvo por Ele. Prasena, o irmão de Satrajit, quando certa feita saiu para uma caçada, vestiu a jóia, mas foi morto por um leão. Jambavan (o rei dos ursos), o famoso caçador de leões, encontrou a jóia e deu-a para seu filho brincar com ela. Quando Prasena não retornou, Satrjit acusou Krishna de ter matado Prasena com o objetivo de pegar a jóia.

Krishna, tendo em vista remover esta mancha sobre a Sua reputação, saiu a procura da jóia, e a encontrou na caverna de Jambavan, sendo usada pelo seu filho. Jambavan atacou Krishna, acreditando ser Ele um intruso, que tinha vinda para roubar a jóia que estava com seu filho. Eles lutaram um com o outro por 28 dias, quando Jambavan, estando muito ferido em todo o corpo pela maça de Krishna, finalmente reconheceu-O como sendo Rama.

Sobre o acontecimento, vemos no Bhagavatan: “Janbavan disse: Eu agora Sois o ar da vida e os sentidos, de todos os seres vivos, a virilidade, a coragem e a força mental e corporal. Você é Vishnu, o Senhor Primordial, todo presente, o Senhor Supremo, controlador de todos os mundos... Vós Sois o criador de todos os criadores do universo, e de tudo que é criado tem como Vós a substância fundamental. Vóis sois o conquistador dos conquistadores, o Senhor Supremo, e a alma Suprema de todas as almas. Vóis sois aquele que com um olhar de lado recolheu o oceano, com uma pequenina manifestação da Sua ira, causando a necessária perturbação nos crocodilos e no peixe Timingila, na profundidade das águas. Vóis sois quem construiu a ponte (que cruza o oceano), que estabeleceu Sua fama, pondo Lanka em chamas, e com Suas flechas flechou o chefe dos Rakshasas – Ravana -  as quais caíram ao chão”. (Bhag., 10.56.26-28)”.

Em arrependimento de ter lutado com Krishna, Jambavan deu a Krishna a jóia que havia pegado, e deu a sua filha, Jambavati, em casamento. Krishna retornou para Dwaraka com Jambavati, e devolvou para Satrajit, que se arrependeu da sua falsa acusação. De pronto, ele ofereceu a jóia para Krishna, dando a sua filha Satyabhama, em casamento. Krishna aceitou Satyabhama como Sua esposa, mas não aceitou a jóia.

Se por um motivo ou outro não puder ser escutado, lido ou narrada esta história, a seguinte recitação deve ser recitada, com um pouco de água na palma da mão direita, fazendo-a gotejar:

“Um leão matou Prasena; o leão foi morto por Jambavan. Não chore, ó querida criança! Esta jóia Syamantaka é sua”.


Hari Hara Om Tat Sat

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