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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Yoga, Ióga, yóga, iôga?

Yoga, Ióga, yóga, iôga?

Swami Krsnapriyananda Saraswati

prof. de Filosofia, Sociologia e Psicologia (PUC/RS)

Gita Ashrama

2010





Se diz “ióga”(sic) ou “iôga”(sic); tem pessoas que dizem que o certo é “Yôga”(sic) e que se acentua a palavra, inclusive.
Tanto faz! (risos) isso quer dizer que não há diferença significativa entre uma pronúncia e outra. Aqui no Rio Grande do Sul, nós dizemos “tomate” (quase “tomatche”...risos), e em São Paulo e no Rio de Janeiro, se costuma dizer “tumati”. Mas posso lhes garantir que se trata do mesmo produto (risos).

Cafeteira vista de cima
Penso que isso se trata de uma forma de querer dar ênfase a um tipo de pronúncia, e firmar uma marca, um logotipo. A Psicologia trata algumas expressões neológicas como advindas das necessidades de alguém afirmar a sua própria personalidade. Nós vemos isso com muita freqüência em nomes de lojas, onde as pessoas trocam a letra “c” pelo “k”, etc. Há marcas que são somente um rabisco ou será rabisko? (risos). Isso irá permanecer no inconsciente de alguém por certo tempo. Funciona como um “slogan”, um “jingle”. A idiossincrasia está presente com muita força naqueles que têm necessidade de se autoafirmar, gravar uma marca, geralmente no primeiro caso é devido a alguma carência de formação afetivo emocional. No mais das vezes, a carência afetiva materna dá origem aos neologismos futuros, porque é como uma tentativa do inconsciente de constantemente mostrar o “estou-aqui” de alguém, que não teve a devida dose de afeto, e o reconhecimento que afetivamente necessitava. Na Psicologia dinâmica, dentro da Publicidade, há todo um estudo de como colocar uma marca, um nome, um símbolo, e torná-lo parte do desejo de consumo de alguém. Se pesquisarmos a fundo, mesmo o formato de produtos possuem algum tipo de apelo ou conotação que marca no inconsciente, trazendo a finalidade de consumo. Isso não nos deve surpreender.

Temos aqui, então, dois motivos para grafar uma palavra de forma diferente da norma culta: necessidade de marketing e fundo psicoafetivo. Mas segundo a regra culta da língua portuguesa – aqui nós falamos Português e escrevemos Português, certo? – bem, ainda que haja uma diferença entre o Português do Brasil e o de Portugal, a nossa Gramática diz que palavras paroxítonas terminadas em “o”, “e”, “a”, “em”, “ens”, não são acentuadas. A Nova Ortografia tem em vista aproximar os dois modelos, e muito claramente ficou ratificado nos dois aspectos, brasileiro e estrangeiro da fala e escrita portuguesa, o que aqui escrecemos. O antigo “acento diferencial”, conforme a lei Lei 5.765/71 , ficou restrito a poucas palavras como o substantivo “cabelo” em “pêlo”, e o verbo “pélo” (pelar), da preposição “pelo”, modificado pela nova regra. Também há outros exemplos conforme a seguir, dispensados pela Nova Ortografia, em vigor desde 2009)

côa (do verbo coar) de coa (com + a)
pólo (subst. “eixo”) e pôlo (subst. “gavião novo”) de polo (prep. por + o) 
pêlo (subst. “cabelo”) e pélo (do verbo pelar) de pelo (prep. por + o)
pêra (subst. “fruta”) e péra (subst. “pedra”) de pera (per + a = para) forma arcaica
pára (do verbo parar) de para (preposição)

Nova Ortografia, permanecem os diferenciais em
pôr (verbo) de por (preposição)
pôde e pode

Como vemos, definitivamente não há acento na palavra “ioga”, e tendo sido retirado definitivamente os diferenciais como  Se contrargumentarem que “ioga” se escreve com “y” e não com “i”, então leva acento por este motivo. Também está errado este raciocínio. No nosso alfabeto, mas letras “k”, “w”, e “y” somente foram integradas ao alfabeto na Novo Ortografia, em vigor desde 2009. Mas no mais das vezes, são trazidas e aparecem apenas em palavras estrangeiras. O prof. Hélio Consolaro escreve o seguinte: “Por excesso de nacionalismo, tais letras - “k”, “w”, e “y” - não são consideradas de nosso alfabeto, embora o Brasil seja povoado de pessoas com sobrenomes estrangeiros. Elas aparecem apenas em casos especiais. A palavra ‘whisky’ contém os três exemplos. Aportuguesando a palavra, tem-se uísque. A letra K deu lugar a QU; W, a U; e Y, a I". Felizmente agora estas letras foram incorporadas no nosso alfabeto.

Mas as letras K, W e Y aparecem em alguns casos, como:
a) abreviaturas internacionais: kg (quilograma), km (quilômetro), kWh (quilowatt-hora), W (watt), WC (water closet - banheiro)
b) nas palavras estrangeiras: marketing, walkman, lobby
c) nas palavras derivadas de nomes estrangeiros: kantismo, wagneriano, byroniano
d) As palavras derivadas de nomes estrangeiros comuns devem ser aportuguesadas: marqueteiro, lobista

OBSERVEM ISSO AQUI: Os nomes escritos com tais letras não seguem as regras de acentuação de nosso idioma. Exemplos: Válter (com acento) Walter (sem acento), Vágner (com acento), Wagner (sem acento), Cátia (com acento), Katia (sem acento)”.

Portanto, ainda que houvesse a possibilidade da palavra “ioga” ser acentuada, na sua forma estrangeira com “y”, pela regra da Gramática da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil, ela não o seria, porque nossa regra culta não o faz. Tampouco há acento deste tipo na forma gráfica de escrita sânscrita, uma vez que o sinal “’” por sobre o fonema “ya” Ya, em “yo” Yaae, isso porque “a” e “o” tem a mesma grafia no sânscrito ou seja, um traço “|” comum, diferenciando-se o segundo pelo “plic” na parte de cima, mas não se trata de um “acento”, mas sim um indicativo de uma vogal que soa como “o”, devendo ser lido como tal. A transliteração para caracteres latinos, os quais são constituídos pelas letras do nosso alfabeto, de termos e palavras em sânscrito, originalmente escrito em devanagari, está regulado pela regra Havard/Kyoto, e o estudante, interessado e curiosos em geral, deverão estudá-la.

om hari hara om tat sat

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Harvard-Kyoto e Indologia 

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