Yoga, Ióga, yóga, iôga?
Swami Krsnapriyananda Saraswati
prof. de Filosofia, Sociologia e Psicologia (PUC/RS)
Gita Ashrama
2010
Se diz “ióga”(sic) ou “iôga”(sic); tem pessoas que dizem que o certo é “Yôga”(sic) e que se acentua a palavra, inclusive.
Tanto faz! (risos) isso quer dizer que não há diferença significativa entre uma pronúncia e outra. Aqui no Rio Grande do Sul, nós dizemos “tomate” (quase “tomatche”...risos), e em São Paulo e no Rio de Janeiro, se costuma dizer “tumati”. Mas posso lhes garantir que se trata do mesmo produto (risos).
Cafeteira vista de cima |
Temos aqui, então, dois motivos para grafar uma palavra de forma diferente da norma culta: necessidade de marketing e fundo psicoafetivo. Mas segundo a regra culta da língua portuguesa – aqui nós falamos Português e escrevemos Português, certo? – bem, ainda que haja uma diferença entre o Português do Brasil e o de Portugal, a nossa Gramática diz que palavras paroxítonas terminadas em “o”, “e”, “a”, “em”, “ens”, não são acentuadas. A Nova Ortografia tem em vista aproximar os dois modelos, e muito claramente ficou ratificado nos dois aspectos, brasileiro e estrangeiro da fala e escrita portuguesa, o que aqui escrecemos. O antigo “acento diferencial”, conforme a lei Lei 5.765/71 , ficou restrito a poucas palavras como o substantivo “cabelo” em “pêlo”, e o verbo “pélo” (pelar), da preposição “pelo”, modificado pela nova regra. Também há outros exemplos conforme a seguir, dispensados pela Nova Ortografia, em vigor desde 2009)
côa (do verbo coar) de coa (com + a)
pólo (subst. “eixo”) e pôlo (subst. “gavião novo”) de polo (prep. por + o)
pêlo (subst. “cabelo”) e pélo (do verbo pelar) de pelo (prep. por + o)
pêra (subst. “fruta”) e péra (subst. “pedra”) de pera (per + a = para) forma arcaica
pára (do verbo parar) de para (preposição)
Nova Ortografia, permanecem os diferenciais em
pôr (verbo) de por (preposição)
pôde e pode
Como vemos, definitivamente não há acento na palavra “ioga”, e tendo sido retirado definitivamente os diferenciais como Se contrargumentarem que “ioga” se escreve com “y” e não com “i”, então leva acento por este motivo. Também está errado este raciocínio. No nosso alfabeto, mas letras “k”, “w”, e “y” somente foram integradas ao alfabeto na Novo Ortografia, em vigor desde 2009. Mas no mais das vezes, são trazidas e aparecem apenas em palavras estrangeiras. O prof. Hélio Consolaro escreve o seguinte: “Por excesso de nacionalismo, tais letras - “k”, “w”, e “y” - não são consideradas de nosso alfabeto, embora o Brasil seja povoado de pessoas com sobrenomes estrangeiros. Elas aparecem apenas em casos especiais. A palavra ‘whisky’ contém os três exemplos. Aportuguesando a palavra, tem-se uísque. A letra K deu lugar a QU; W, a U; e Y, a I". Felizmente agora estas letras foram incorporadas no nosso alfabeto.
Mas as letras K, W e Y aparecem em alguns casos, como:
a) abreviaturas internacionais: kg (quilograma), km (quilômetro), kWh (quilowatt-hora), W (watt), WC (water closet - banheiro)
b) nas palavras estrangeiras: marketing, walkman, lobby
c) nas palavras derivadas de nomes estrangeiros: kantismo, wagneriano, byroniano
d) As palavras derivadas de nomes estrangeiros comuns devem ser aportuguesadas: marqueteiro, lobista
OBSERVEM ISSO AQUI: Os nomes escritos com tais letras não seguem as regras de acentuação de nosso idioma. Exemplos: Válter (com acento) Walter (sem acento), Vágner (com acento), Wagner (sem acento), Cátia (com acento), Katia (sem acento)”.
Portanto, ainda que houvesse a possibilidade da palavra “ioga” ser acentuada, na sua forma estrangeira com “y”, pela regra da Gramática da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil, ela não o seria, porque nossa regra culta não o faz. Tampouco há acento deste tipo na forma gráfica de escrita sânscrita, uma vez que o sinal “’” por sobre o fonema “ya” Ya, em “yo” Yaae, isso porque “a” e “o” tem a mesma grafia no sânscrito ou seja, um traço “|” comum, diferenciando-se o segundo pelo “plic” na parte de cima, mas não se trata de um “acento”, mas sim um indicativo de uma vogal que soa como “o”, devendo ser lido como tal. A transliteração para caracteres latinos, os quais são constituídos pelas letras do nosso alfabeto, de termos e palavras em sânscrito, originalmente escrito em devanagari, está regulado pela regra Havard/Kyoto, e o estudante, interessado e curiosos em geral, deverão estudá-la.
om hari hara om tat sat
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.