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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sankhya Numa Casca de Nós

Swami Krishnapriyananda Saraswati

Gita Ashrama
2010

Ardhanarishvara - Prakriti e Purusha em harmonia

Prezado Swami Krishnapriyananda Saraswati, meu nome é Carlos, venho estudando os textos no site, e agora encontrei o blog, que contém grandes ensinamentos. Preciso um esclarecimento do que vem a ser o Sankhya, que muitas vezes aparece nos textos. Por favor, gostaria de um esclarecimento sobre o tema. Obrigado.

Prezado Carlos
Pranamas

Grato por suas considerações e perguntas. Veremos a seguir uma breve descrição sobre a doutrina Sankhya, a qual deverá fornecer os princípios básicos para a sua compreensão.

Considerações iniciais

Conforme escreve Ramananda Prasad, Kalila Muni é considerado o filósofo fundador ou propositor da doutrina Sankhya. O termo “sankhya= números” tem o sentido de “análise”. Isso se deve porque a visão do Sankhya parte de uma divisão do universo dentro de 25 elementos ou tattvas. Os assim chamados primeiros 9 (nove) elementos, os quais são compostos pelos cinco elementos mais os quatro órgãos sutis, os quais englobam o universo material são chamados Prakriti ou Natureza.  Um outro elemento é o poder motivador do universo, o qual é considerado espírito e é chamado Purusha. Os outros 15 (quinze) elementos (cinco objetos dos sentidos, mais os cinco órgãos dos sentidos, e os cinco órgãos de ação), descritos a seguir, s~~ao o resultado da ação do Purusha sobre a Prakriti, e eles constituem-se em todo o universo material. A Prakriti possui três Gunas (principais) ou modos; estes três Gunas são explicados no capitulo quatorze (14) do Bhagavad-gita. De modo amplo, são Rajas, ação; Tamas, inação e Sattva, equilíbrio.

Conforme está descrito no Bhagavata Purana (3.26.10-18; 11.22.10-16), que em uma outra oportunidade veremos, Brahman ou Atma experimenta vinte e cinco (25) transformações básicas na seguinte ordem: espírito (purusha, chetnaa, isvara), e os 24 transformaçoes da energia total (prakriti; mahat), a saber: mente, intelecto, consciência (chitta), a concepção de individualidade (ahankara); os cinco elementos básicos, ou ‘raios componentes’, na forma grosseira ou sutil (o espaço ou akasha, o ar, vayy; fogo, agni ou tejas; água, apas, e prithivi, terra); os cinco objetos dos sentidos: audição, toque, visão, gosto, e cheiro; os cinco órgãos dos sentidos: orelhas ou ouvido; pele, olhos, lingua e nariz, e os cinco órgãos da ação: boca, mãos, pernas, ânus e uretra.

Resumo das 24 transformações da Prakriti
5 elementos básicos: terra, água, fogo, ar e éter (espaço);
5 objetos dos sentidos: aroma, sabor, visão, toque, som.
5 órgãos dos sentidos: nariz, língua, olhos, pele e ouvidos.
5 órgãos de ação: boca, mãos, pernas, ânus e uretra.
4 órgãos sutis: mente, intelecto, chitta e ahankara.

Nosso corpo físico, sem a força vital, é feito destes 24 elementos.
1 Purusha ou força vital; chetnaa.

Portanto, todos estes componentes têm origem no ATma ou Brahman, tanto a Prakriti como o Purusa.

A teoria dos Gunas engloba: sattva (bondade); rajas (paixão), e tamas (ignorância).
Elas são consideradas como “corda” que ata o Purusa na Prakriti.

Esta “corda” que ata o Purusa na Prakriti é cortada atraves do estudo – Jñana –e devoção, Bhakti. As expressões,  “jñana-yoga e sankhya-yoga, são utilizadas com o mesmo sentido no Bhagavad-gita.

Se diz que alguém poderá alcançar o Jñana ou conhecimento atraves da associação correta com os sábios – satsang -, indo a um ashrama e estudar em tempo integral. Os nove processos de alcançar o conhecimento incluem escutar em primeiro lugar. Depois de cumprir com os estágios da vida, a pessoa pode ingressar na ordem de vida renunciada, ou seja, abandonar todos os desejos de posse, e viver em local recluso (que pode ser em qualquer lugar desde que a meta seja renunciada). O devoto não deve confundir renúncia com abandono.

Karma-sannyasi
Karma sannyasa é quem renuncia a ideia de que é “fazedor” ou “executor” de alguma coisa; é quem renuncia a atividade ou karma tendo em vista obter posses. Karma sannyasa é, também, sinônimo de Karma Yoga. Por um lado, o Jñana não é absolutamente necessário no karma Yoga, uma vez que o Senhor Krishna provê o conhecimento ou Jñana para um Karma-yogi (ver no verso 4.31). o ponto fundamental é que não há diferença entre um Karma Yogi e um Karma-sannyasi. No final, todos irão alcançar a mesma meta. Mas karma é necessário no jñana-yoga. Portanto, Krishna diz que Karma-yoga é melhor do que somente jñana-yoga (ver gita. 5.02).

Intelecto supremo
O intelecto supremo é conhecido por vários nomes, baseado nas funções realizadas pelo corpo. Ele é chamado de mente, quando sente e pensa; intelecto, quando raciocina; ondas de pensamento (chitta vriti), quando executa o ato de recordar, e pular de um pensamento a outro; e, ego, quando ele experimenta o sentimento de fazedor ou executor, bem como individualidade. Os sentidos sutis consistem em quatro, mente, intelecto, ondas pensamento, e ego. São as marcas kármicas que de fato tomam a decisão final com a ajuda da mente e intelecto. Quando o poder cósmico realiza as funções do corpo, ele é chamado de força vital ou Prana (bioimpulso). O Espírito Supremo ou Consciência Suprema, manifesta-se tanto como energia como matéria. A matéria e energia nada mais são do que formas condensadas de consciência. Ramana Maharsi diz, “a mente é uma forma de energia; ela se manifesta como o mundo”.

Um estudo aprofundado do Sankhya irá mostrar a importância da análise tendo em vista alcançar a visão do todo. Os versos do cap. 3.28, 1-44, do Srimad Bhagavatam, descrevem com minúcias a contemplação/meditação em Saguna Brahman, ou Brahman com qualidades, e sua prática conduz a uma profunda compreensão do Mahapurusa.

Om hari hara om tat sat

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