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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quem é Hindu?

Quem é Hindu
Da série, Perguntas diretas, respostas diretas

Swami Krsnapriyananda Saraswati

Sanatana Dharma Brasil

Gita Ashrama

2010


Sivanataraj Mahadeva

Perguntas diretas, respostas diretas.
A filosofia dos Veda segue a tradição de Sadhu, Guru e Shastra. Portanto, no perguntar e no responder é que suas bases são explanadas, clarificadas e compreendidas. É bem conhecido que Upanishads são textos védicos, que estão na teleologia (finalidade) dos Vedas, mas ao vermos o étimo da palavra “upanishad”, iremos ver que quer dizer “na frente de; diante de”, ou seja, estar colocado diante de um mestre espiritual ou instrutor autorizado da filosofia, tendo em vista alcançar o conhecimento transcendental. A forma como a filosofia é ensinada no Oriente é milenar, e ainda hoje é assim que é ensinado para os aprendizes, logicamente interessados.

A vocação para a filosofia é tardia no Ocidente. Os dados disponíveis, de estudos atuais, nos mostram que o ápice da filosofia no Ocidente aconteceu na Grécia, principalmente por volta do ano 600 a.n.e., logo, ela é muito recente entre os Ocidentais. Ao contrário, a filosofia dos Vedas contém em si um conhecimento que antecede em pelo menos 2.400 anos a filosofia dos Gregos. Alguns autores preferem então dizer que somente há filosofia a partir dos Gregos, e que na Índia e na China não havia filosofia antes do advento da especulação racional grega, e sim que se tratava de um emaranhado de misturas de cunho religioso. Contudo, essa é uma das tantas formas de discriminar de modo ideológico uma cultura e tradição filosófica. A filosofia é algo que está dentro do homem; é parte do questionar humano sobre si mesmo; o fato de o homem perguntar sobre sua origem e seu destino já é um ato filosófico. Mais ou menos lógico, mais ou menos racional, o questionamento da finitude é característico dos seres humanos. Portanto, definir a filosofia a partir de um ponto de vista por um modelo acadêmico, é simples ideologia. Isso é importante frisar. Pensamos que alguém poderia perguntar-se por que os autores cristãos são os que mais frequentemente desprezam a filosofia védica? Porque a grande maioria tem por base os princípios tenentes da filosofia dos gregos, esquecendo que aquele povo bebeu e viveu sob a influência da filosofia do oriente. De fato, não há qualquer povo no mundo que não tenha algum conteúdo da filosofia que está nos Vedas. Mesmo os Vedas contém princípios universais e filosóficos os quais são obviedades do raciocínio, logo, não poderia ser diferente. A associação com os devotos, Deidade e Guru é indispensável na Sanatana Dharma. Quem quiser se aprofundar na filosofia dos Vedas deverá procurar um Guru e render-se a Ele, prestando serviço desmotivado ou Seva. Contudo, essa rendição não se trata de uma condição humilhante ou depreciativa. O Guru é quem nos liberta do egoísmo através do conhecimento. O egoísmo é quem escraviza. Tudo o que está por detrás do Seva é alcançar a humildade; liberação dos vícios “eu” e “meu”. Uma vez que o pretendente alcança a liberação destes dois vícios básicos, então poderá ingressar no caminho da filosofia, e alcançar a liberação.

Quem é Hindu?
Existem algumas respostas que são dadas na imediatidade da simples apreensão, quando esta pergunta é feita. Alguns confundem “indiano” com “hindu”. Apesar de esta denominação “hindu” ser um apelido, até mesmo de origem pejorativa, dado por estrangeiros aos que viviam no território da Índia; “indiano” é quem nasce da Índia; é uma nacionalidade; e “hindu” é quem segue os princípios tenentes da filosofia dos Vedas e das Escrituras sagradas da Índia. Portanto, dizer simplesmente que qualquer um que nasce na Índia é “hindu” é falacioso. Também estão incluídos no argumento falacioso os que se referem ao nascimento numa determinada casta, tendo esta ou aquela linhagem genética; se alguém acredita na reencarnação (porque muitas outras religiões acreditam nisso); se alguém pratica alguma religião ou seita com origem na Índia (uma falácia nacionalista). Mas a resposta definitiva que alguém pode dar quando é perguntado qual religião segue, é a que os sábios ou Rishis da Índia védica respondiam pode ser resumido em três pontos importantes, 1) autoridade suprema das escrituras; 2) seguir os princípios religiosos fundamentais, 3) seguir a linhagem do Guru conforme a Sampradaya e Guru Paramapara, tendo se submetido aos Samskaras ou rituais.. Não é possível alguém ingressar no Hinduísmo sem o processo de iniciação. Portanto, o Samskara que introduz alguém no processo é necessário e está recomendado no Manu Smriti. Como um Hindu segue os princípios das Escrituras, deverá, por conseguinte, seguir o que Elas recomendam. Desta forma, não há outra maneira de ingressar no Hinduismo sem seguir o que as injunções autorizam, tendo a devida rendição ao Guru, numa Sampradaya ou família espiritual, segundo uma linhagem da filosofia ou aspecto filosófico (seja Advaita ou Dvaita). Apesar de estarmos aqui utilizando a palavra "religião", o seu sentido dentro do Sanatana Dharma é muito diferente daquele que é o costume nos países do Ocidente. No Sanatana Dharma não há religião baseado no crer, mas na razão, no conhecimento ou Jñana. O Ser ou Atma é objeto racional de entendimento, e espiritual de realização, e independe de religião no sentido vulgar. Nem mesmo a palavra "religião" existe no vocabulário védico; talvez, o que mais se aproxima da palavra "religião" seja "yoga", que também é outro termo que está bastante comprometido entre os ocidentais, que no mais das vezes o comparam com algum tipo de ginástica ou exercício físico. No mais, Dharma é o conceito correto para a filosofia do Ser ou realização ontológica. O adepto terá que conhecer filosofia, de outro modo, será apenas algum tipo de fanático fazendo parte de algum tipo de ganhapão de malandros.

Seguir e respeitar a tradição de Sadhu, Guru e Shastra é o primeiro indicativo de que alguém está no caminho do Sanatana Dharma. Sem o respeito ao Guru, as injunções das Escrituras, e sem seguir os princípios básicos fundamentais do Sanatana Dharma, não é possível alguém ser Hindu. Há cinco princípios básicos e dez disciplinas os quais um seguidor fiel do Sanatana Dharma deverá seguir, a saber:

Cinco princípios os quais um Hindu respeita incondicionalmente
1. Deus existe; o OM Absoluto; a Trimurti Brahma, Vishnu e Mahesvara (Siva), e Suas várias formas;
2. Todos os seres humanos são divinos;
3. Unidade da existência através do amor;
4. Harmonia religiosa;
5. Conhecimento dos três “gês”: Ganga, o rio sagrado; Gita, a Escritura Sagrada; Gayatri, o Mantra Sagrado.
Além destes princípios fundamentais há os que o guru ou mestre espiritual pede, segundo a orientação que é recebida pessoalmente.

Dez disciplinas de um Hindu
1. Satya: dizer a verdade;
2. Ahimsa: não-violência (isso inclui não comer carnes);
3. Brahmacharya: celibato; não adulterar;
4. Aparighara: não-corrupção, etc.
6. Shaucha: limpeza (também dos vícios mentais);
7. Santosh: contentamento;
8. Swadhyaya: leitura das Escrituras com o devido respeito/
9. Tapas: austeridade; perseverança, penitência;
10. Ishwarapranidhan: preces regulares (conforme o Mantra indicado pelo Guru e Sampradaya).

Vemos, com clara distinção, que simplesmente adotar uma imagem, ou alguma coisa “que alguém goste”, segundo seu próprio ego, não é, tampouco será, possível de ser considerado Hindu. Se alguém diz ser Hindu, e não segue os princípios fundamentais do Hinduismo, então ele será um embusteiro, falso e corrupto. Estará completamente fora dos princípios do Sanatana Dharma.

om hari hara om tat sat

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