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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Colonialismo mental


Colonialismo mental 
o perigo das seitas

 Swami Krishnapriyananda Saraswati


"Algumas seitas persistem mais que outras, mas todas um dia chegam ao fim. Mas o lastro de destruição das vontades que deixam são piores que os restos num campo de batalhas; não ficam somente os corpos, mas as esperanças e as vidas jogadas fora".

Krsnapriyananda Swami
Como podemos esperar o senso crítico e elevação mental de alguém, envolto na névoa do “colonialismo mental”, mergulhado numa ideologia de esclavagismo cultural (é isso mesmo, escLavagismo [com “ele”]: pegar alguém e educar para ser escravo...), desprovido de ferramentas confiáveis para operações mentais igualmente confiáveis? Como sabemos, a verdadeira educação deve promover: <identificação>, <conceitualização> <classificação> e <inferência>; constituindo-se isso no que chamamos de Epistemologia. Mas, a ideologia tem uma base científica, como nos adverte BUNGE_3, porém se constrói por sobre um conjunto de “juízos de valor” (eles são pré-determinados, são como dogmas de fé), onde algo vale porque é útil ou porque funciona, ou porque “eu” acredito, e todo o resto que está fora da “minha cultura superior”. Então, ciências é o que não diz respeito ao que “eu acho”; este “achismo”, não tem valor epistemológico, mas sobressai-se pela força ideológica. Mas isso é apenas ideologia colonizadora ou “colonialismo mental”, conforme nos orienta Dascal_1, tendo esta as seguintes características, as quais ajudam-nos a ilustrar os fatos: 

a) intervenção de uma fonte externa (no caso o “colonizador”) na mente do individuo ou em um grupo de indivíduos (de uma determinada cultura) – o “colonizado”; 

b) a intervenção atinge os aspectos centrais da estrutura mental; modo de funcionamento e conteúdos; 

c) possui efeitos duradouros e que não se removem facilmente; 

d) assimetria no poder entre as partes envolvidas; 

e) as partes podem agir de forma consciente ou não, e 

f) a participação pode ser voluntária ou involuntária, neste processo de “colonização mental”.  Como bem frisa Dascal, “... a ‘colonização da mente’ pode acontecer através da transmissão de hábitos mentais e de conteúdos por meio dos sistemas sociais diferentes da estrutura colonial. Por exemplo, através da família, das tradições, das práticas culturais, da religião, das ciências, da língua, da moda, da ideologia, do regime político, dos meios de comunicação social, da educação, etc. “._2

Exemplifiquemos isso conforme Paulo Freire, num considerado “paradigma educacional colonizador de mentes”, apelidado por ele de “modelo bancário”. Neste, um bem consumível – conhecimento – é “depositado” por aqueles que têm (colonizadores) na mente daqueles que são “colonizados” (alunos). Ambos possuem uma tarefa passiva de transmitir ou absorver tal conhecimento. Este modelo “bancário” tem bem clara a interferência em “investimento” do professor na mente do aluno. A justificativa está em que o “conhecimento” é um “bem de consumo” que se presume que todos os indivíduos o desejem em virtude de suas propriedades consideradas epistêmicas, a saber: ‘verdade e universalidade’, donde provêm sua ‘aplicabilidade e utilidade’”. Então, as “ferramentas” utilizadas para o inculcamento do “colonialismo mental” são de fácil entendimento, uma vez que, assim como os pais possuem experiências que seus filhos não têm, costumes e tradições, trazidos ou transmitidos pelos “colonizadores mentais” encarnam métodos comprovados de sobrevivência em ambientes natural e social: a religião concede validade transcendental para o comportamento humano, e de certo modo alivia as “dores” do ignorante, porque, como bem defendia Karl Marx, “é tal qual um ópio do povo”.4

O que queremos?
1 DASCAL, Marcelo. Colonizando e descolonizando mentes. Unisinos, 2009.
2 Ibidem, p. 2
3. BUNGE, Mario, Seudociencia e ideología. Madrid, Alianza, 1985.
4. MARX, Karl. Introdução de à Crítica da Filosofia de Direito de Hegel, s/d… procurem que acham….

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