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terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Era dos Pashandas


Swami Krishnapriyananda Saraswati


SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA

Porto Alegre, RS - Brasil
2007-2010




“Embora o corpo de um indivíduo agora talvez seja chamado de “rei”, no final o seu nome será “vermes”, “excremento”, ou “cinzas”. O que pode alguém que fere outros seres vivos em benefício próprio saber sobre seu interesse supremo, já que suas atividades apenas o estão levando para a ruína?”

Srimad Bhagavatam 12.2.41


O que e como são os Pashandas?
De acordo com a tradição dos Vedas, e dos Seus textos e comentários como os Puranas, a atual era que vivemos é chamada de Kali-yuga ou a era da hipocrisia, trevas e ignorância. “Pashanda” é uma palavra de origem Pahli, que está no Sânscrito, e significa: “herético”, “ímpio”, “hipócrita”, “impostor”. A Kali-yuga é a era dos Pashandis ou Kali-chelas, seguidores da patifaria de enganar os outros em proveito próprio. Pashandi é, também, qualquer um que assume falsamente as características externas do Sanatana Dharma, assim intitulando-se Hindu, Jainista, Budista, etc., ou que inventa uma falsa doutrina, no mais das vezes nascida da sua mentalidade fértil e doentia, agindo como se fosse uma autoridade sem tê-la. O que vemos é que eles não têm devoção ao Supremo, e nem mesmo conhecem o que vem a ser Bhagavam, Krishna ou Brahman. Trata-se de seguidores heréticos; cultuadores de uma falsa doutrina que eles mesmos inventam; sem autoridade nos Vedas e nas Escrituras. Há tão somente solipsismo e idiossincrasia no que dizem e pregam. Neles não haverá há rendição a um Guru fidedigno, segundo uma Sampradaya legítima. Quando encontram algum, este seguirá uma falsa Sampradaya, porque eles são adeptos da farsa do enganar e continuar enganando. Alguns dizem: “Não é preciso Guru, todos são Gurus! O Guru está dentro de você!” Mas na realidade eles querem ser Gurus e ser adorados como tais. Eles buscam alguma coisa segundo a natureza egoísta pessoal. São incapazes de prestar serviço abnegado, e jamais se rendem ao Guru fidedigno e a Sua missão verdadeiramente; nem mesmo possuem qualquer respeito aos mestres, nem aos Sadhus e Rishis. Querem que tudo siga conforme suas mentes doentias e demoníacas. Fazem tudo como meros atores e representantes. Criam verdadeiros palcos com imagens, incensos, músicas, malabarismos, prestidigitação, trejeitos, gestos, mimese; fazem alguns truques, etc., mas, tudo não passa de um teatro para arrecadar dinheiro dos tolos iludidos. Eles enganam as pessoas facilmente, porque são artistas no mau exemplo. Estas pessoas usam de algum símbolo ou simbologia que está dentro do Sanatana Dharma; misturam as coisas pessoais com as superstições locais, alguns aspectos religiosos seculares, desta ou daquela religião, ou mesmo do que chamam de “Yoga”, ou ainda de uma seita dentro do contexto cultural da Índia, e algumas inclusive com cunho político ideológico como o comunismo; outros usam roupas suntuosas, e termos sofisticados; fundam centros luxuosos, e se auto-intitulam usando nomes pomposos, que eles mesmos acham em algum livro, ou então que sai da sua mente fértil e doentia, chamando a isso de “meditação”. Outros, dizem tratarem-se pessoalmente da reencarnação de algum rei ou divindade. Nenhum deles quer ter sido uma lavadeira ou um guia de elefantes. Suas mãos e unhas são tratadas como bibelôs. São verdadeiros desfrutadores de um modo muito sofisticado de desfrute, segundo suas mentes demoníacas.

Pashandis são patifes; lobos em peles de cordeiro
Em síntese, os Pashandis agem como se o Sanatana Dharma, e as religiões, as regras e as regulações sagradas, etc., fossem um imbróglio sem nenhuma hierarquia ou respeito. Eles utilizam a simbologia do sagrado e do religioso para aumentarem os lucros nos seus negócios desonestos, não raro, são ilícitos também. São patifes idiossincráticos, e que usam termos sofisticados e enganam as pessoas para proveito próprio; aproveitam-se da ingenuidade e da ignorância das pessoas para instilarem sua luxúria, tendo em vista um proveito imediatista e egoísta. Quase sempre sendo cordiais e bem falantes, dizem ser o que não são; ocupam o lugar de sacerdotes e fazem cerimônias sem nem mesmo conhecer uma vírgula dos textos védicos. Na realidade, eles zombam das Escrituras e desrespeitam aos sábios. Às vezes, se aproximam de algum local fidedigno, aprendem alguns preceitos, e logo se afastam; se intitulam “gurus”, e ainda falam mal daqueles que os instruíram. Mas de fato, são tais quais zumbis que perambulam às margens da morte iminente; vagueiam loucos e moribundos vivos como se fossem eternos, e depois, na hora final, nada os salvará das fantasias que viveram. Muitas vidas serão necessárias para expiar suas ofensas e enganações. Swami Sivananda diz que “não há expiação para aqueles que enganam os outros em nome de Deus”. O Canto 16 do Gita descreve com muita clareza este tipo de pessoas. E, com certeza, elas serão cada vez mais abundantes na sociedade materialista e consumista de hoje. Tudo hoje em dia é “fast food”. Há “cursos de yoga” que formam “professores ou instrutores” em menos de 20 dias, quem sabe até mesmo numa semana. Mas o palco é montado em hotéis de luxo; há toda uma parafernália que encanta os olhos dos incautos. Seus cérebros são lavados; pagam alto preço pelo desfrute e tolamente se intitulam “mestres de yoga”, mas não passam de Kali-chelas, seguidores da farsa e Pashandis; estes que depois, fora do campo de visão dos tolos dos quais tiraram o dinheiro, vivem apenas para encherem as suas barrigas e satisfazerem seus genitais. Mas se olharmos bem, verão que nunca conseguem nada. Assim como ganham perdem facilmente; eles tão somente vivem atrás da fama, prestigio e poder, do mesmo modo como um tolo burrico anda atrás de um feixe de capim amarrado acima da sua cabeça, correndo atrás de uma recompensa. Nestes dias de Kali-chelas “yoga” virou apenas um ato de abrir e fechar de pernas; às vezes mais caro; as vezes mais barato, dependerá da ocasião; da oferta e da procura. Quem dará mais!?

As Escrituras previnem destes patifes
O décimo segundo Canto do Srimad Bhagavatam, capítulo 2, descreve com muita clareza os sinais da Kali-yuga, a era dos Pashandis. Lemos naquele texto sagrado, a encarnação literária de Sri Bhagavan Krishna, 12.2.3, que “Os homens e mulheres viverão juntos por causa da mera atração superficial. O sucesso nos negócios dependerá de fraudes. A feminilidade e a masculinidade serão julgados segundo a perícia sexual da pessoa. E um homem será conhecido como Brahmana apenas por usar um cordão”. No verso seguinte, 12.2.4, lemos o seguinte, na Kali-yuga, “A posição espiritual de alguém será determinada apenas em função dos símbolos externos que ostentar, e em base a este mesmo princípio, as pessoas mudarão de uma ordem espiritual para outra. A dignidade do homem será seriamente questionada se ele não tiver um bom salário. Será considerado um estudioso e erudito quem for muito esperto em malabarismos verbais”. No verso 12.2.6, lemos que, “Será considerado sagrado um lugar que consistir apenas de um reservatório d’água, num local distante, e a beleza será julgada pelo penteado de cada um. Encher a barriga se tornará a meta da vida, e quem for audacioso será aceito como veraz. Aquele que conseguir manter a família será considerado hábil, e os princípios religiosos serão observados apenas por causa da reputação”.

E o texto segue descrevendo com muita naturalidade e precisão tudo o que irá ocorrer na Kali-yuga. No Bhumi-gita, Canto 3 do Bhagavatam, são descritas as formas como a “religião” irá se tornar: uma mera forma de arrecadar dinheiro e um meio de sobrevivência. Estamos vendo isso com muito abundância hoje em dia. Isso irá seguir até o fim da Kali-yuga, então os Pashandis terão o devido fim.

No Bhagavad-gita, Arjuna pergunta para o Senhor Krisna qual o destino daqueles que agem de forma desrespeitosa das Escrituras e do Sadhu, Guru e Shastra, e Sri Krishna responde que “o destino é o Samsara, ou reencarnação neste mundo de sofrimentos”.

A Kali-yuga, também, é considerada a era das trevas ou da ignorância, onde predomina o modo de Tamas. Sri Krishna diz para Arjuna: “Rituais e sacrifícios, realizados sem a distribuição de Prasada, sem estudo mântrico dos hinos, sem fé, sem que se remunere aos Brahmanas, e que tampouco seguem as Escrituras, são chamados de tamásicos ou ignorantes” (Bgita, 17.13). e Bhagava conclui o 17 Canto do Bhagavad-gita dizendo: “Austeridades e sacrifícios realizados sem fé no Supremo, são considerados falsos, ó filho de Pritha, e é dito que não possuem valor, nem nesta vide nem tampouco numa próxima” (Bgita, 17.28).

Que o Senhor Krishna ilumine a todos, com o conhecimento transcendental do amor de Deus. Que possamos nos abrigar na espada das Escrituras, e no escudo de nosso amado Guru Deva.

Hari Hara Om Tat Sat

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