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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Teste: estou numa seita?

Teste: estou numa seita?
Madeleine L. Tobias e Janja Lalich



Miracolo dello schiavo -  Jacopo Tintoretto




    Acreditamos que, dado ao fato há seitas prosperando no meio do "Yoga", deveríamos convidar nossos leitores a refletirem e avaliarem os grupos nos quais praticam.
    Para tanto, traduzimos, com pequenas adaptações, o presente teste, de autoria de Madeleine L. Tobias e Janja Lalich. Quiçá assim possamos ajudar alguém a libertar-se dessas instituições nefastas.
    Imprima e faça o teste, pensando se você viveu alguma ou várias das situações aqui descritas. Responda sim ou não a cada uma das perguntas, faça sua conta e leia o texto final.



    1. Ao entrar nesse grupo, você estava num ponto morto ou confuso de sua vida?
    2. Você tinha relações familiares ou sociais pouco satisfatórias?
    3. Ao entrar, percebeu um entusiasmo exagerado da parte do grupo?
    4. Teve que substituir suas idéias por outras?
    5. Teve que abandonar coisas que eram importantes para você?
    6. Sentiu alguma vez manipulação e/ou exploração?
    7. Não sabia o que dizer ante o raciocínio dos líderes?
    8. Lhe fizeram sentir que deveria assumir novas obrigações ou deveres morais?
    9. Você precisa doar grande parte de seu tempo ao grupo?
    10. Você tem que pagar muito ou cada vez mais dinheiro para ficar dentro do grupo?
    11. Você substituiu suas relações pessoais pelas relações com o grupo?
    12. O líder do grupo exerce grande autoridade?
    13. Controlam sua vida, opiniões, sentimentos ou atos?
    14. Existem códigos ou indicações de conduta e/ou pensamento?
    15. Você se percebe muitas vezes no limite de suas forças?
    16. Você fala sempre dos mesmos temas com os demais do grupo?
    17. Você sente falta de tempo livre para informar-se sobre outros assuntos?
    18. Não se permite a crítica dentro do grupo?
    19. Você faz sempre todo o que pode para agradar ou concordar sempre com o líder?
    20. Você acredita que moralmente existem dois pesos e duas medidas dentro do grupo?
    21. Os líderes são designados misteriosamente ou recebem instruções do além?
    22. O grupo tem uma missão revolucionária no mundo?
    23. O grupo precisa ter cada vez mais poder e influência?
    24. Exigem que você faça trabalhos de divulgação na mídia, ou busque contatos ou patrocínios, ocultando os verdadeiros fins do grupo?
    25. Você se sente pequeno, mudo ou fraco ante o líder?
    26. Você percebe que está fechando-se cada vez mais em si mesmo?
    27. Você percebe que está esquecendo cada vez mais de si mesmo?
    28. Você faz orações, mantras, ritos ou rituais cujo objetivo é beneficiar o líder do grupo?
    29. O grupo tem roupas, símbolos, emblemas ou gestos especiais e/ou secretos?
    30. Você precisou realizar compromissos ou demonstrações de algum tipo perante os líderes?
    31. Você lê livros sagrados ou reveladores, exclusivos do grupo?
    32. Proíbem-se outros tipos de leitura?
    33. Proíbem-se outros tipos de atividade que as executadas dentro do grupo?
    34. Você é obrigado a fazer confissões orais ou escritas?
    35. Insiste-se na lealdade eterna?
    36. Seu sucesso, fortuna, status, planos ou felicidade nem sempre são bem vistos?
    37. Você é convocado com freqüência para reuniões que não pode perder por nada no mundo?
    38. O que se fala no grupo é sempre melhor para o grupo do que para você?
    39. Você se sente dependente do grupo?
    40. Faz tempo que você não diz "não" ao grupo?
    41. Faz tempo que você não se ausenta por longos períodos do grupo?
    42. O líder tem sempre uma resposta pronta para tudo?
    43. Você ouve dizer que o plano do grupo não pode falhar, se cada um faz o que lhe é mandado?
    44. Tenta-se criar um ambiente especial no local de reuniões?
    45. É o líder representante de algum ser superior ou mestre invisível?
    46. Exigem-se normas de “pureza”?
    47. Maneja-se o conceito de “pecado” ou “karma negativo”?
    48. Dizem que existe uma ciência sagrada ou superior à ciência moderna?
    49. Usam uma linguagem especial, que “os de fora” não entendem?
    50. As promessas não cumpridas do grupo são mais do que as cumpridas?
    51. Alguém no grupo controla ou monopoliza a distribução da informação?
    52. Há instruções, propaganda ou controle internos?
    53. Você acredita conhecer bem o líder?
    54. Seus sentimentos em relação a ele são ambivalentes?
    55. Você não entende totalmente as opinões do líder?
    56. Você percebeu alguma vez atitudes não racionais ou teatrais em seu líder?
    57. Supõe-se que o líder tem certos poderes que você não viu ainda?
    58. Você descobriu técnicas de controle ou marketing sendo aplicadas a si mesmo?
    59. Abusaram de você em algum momento?
    60. Você sofreu algum tipo de assédio ou pressão para participar de encontros íntimos?
    61. Você acredita que sua vida privada é insignificante?
    62. Tomam as demais pessoas do grupo decisões por você mesmo?
    63. Você se flagra sem saber o que fazer ou pensar?
    64. Seus estudos ou aprendizagem no grupo parecem não ter fim?
    65. Você consultou em algum momento opinões contrárias ao grupo?
    66. Quando o grupo ficou sabendo, houve atitudes de desprezo ou agressão?
    67. Você acredita que o grupo mistura ensinamentos com doutrinação?
    68. É o líder enormemente importante para o grupo e o mundo?
    69. A captação de novos membros é fundamental?
    70. Você precisa pagar cada coisa que o grupo lhe dá?
    71. As críticas levan à expulsão o ao castigo?
    72. Alimenta-se uma imagem exterior que está muito acima da realidade do grupo?
    73. O líder dá as indicações sobre todos ou quase todos os aspectos da vida?
    74. Os membros sentem-se superiores ao resto dos humanos?
    75. O grupo tem ou já teve problemas legais ou sociais?
    76. O grupo não se sente responsável ante as autoridades?
    77. O grupo ensina que a moral habitual não se aplica a seus membros?
    78. Diz-se que as relações sexuais devem servir ao grupo, direta o indiretamente?
    79. Dá-se grande importância a mostrarse sempre correto ante os demais para preservar a imagem do grupo?
    80. A sobrevivência do grupo vem antes do que a sua?


    Total de respostas “sim”:
    Total de respostas “não”:




    Se as respostas afirmativas forem mais do que as negativas, é certo que você seja um membro de uma seita, e que está passando pelo processo de perceber onde se meteu.
    Nesse caso, este é o momento de afastar-se de tudo e de todos e parar para refletir. Se tiver dúvidas, leia algum livro sobre as técnicas coercitivas que empregam as seitas. Nas seitas, o normal é que os dirigentes se preparem com cuidado para sua nefasta arte.
   Embora a seita possa ter tido coisas boas para você, pense somente nas coisas fundamentais para você agora: sua liberdade, sua própia dignidade, seu critério, suas próprias alegrias e penas, seus amores, todas as coisas que você poderia fazer se não estivesse no grupo.
    Não esqueça de comprovar por si próprio que não há nem uma única prova sequer de todas essas fantasias paranormais, metafísicas e futuristas que lhe diziam.
    Com o tempo, você irá perceber que certamente nem tudo foi ruim na seita, mas que o preço que lhe exigiam era desproporcionalmente alto para o que lhe davam em troca.
    Você verá que no restante das pessoas também temos amigos, sonhos, conversações apaixonantes, experiências e aventuras de todo tipo. Cada ser humano é unico. Você também!


    As perguntas deste teste foram baseadas em sua maioria no excelente livro “Captive Hearts, Captive Minds”, escrito por Madeleine Landau Tobias e Janja Lalich, infelizmente fora de catálogo em sua edição estadonidense.

    Talvez esse seja o livro mais sério sobre as técnicas de recrutamento das seitas e da forma de libertar-se delas. Vale lembrar que o título desta obra significa “Corações cativos, mentes cativas”, que é exatamente o que acontece com as pessoas que entram numa seita.

Somos Ecos

Swami Krishnapriyananda Saraswati




Somos como eco num espelho,
Sem saber para onde olhar.
Quando algo inquieta por dentro
Nos esquecemos de ali procurar

Mas tudo é uma mesma voz,
De uma mesma e única canção:
O Divino é nosso verdadeiro amor profundo
O resto é pura ilusão!

Perde-se feito caminhante,
Errando errante em busca de “mim mesmo”;
Mas no consolo de Tua lembrança,
Sossegou o que era inquietante,
Apareceu ela, a esperança!

E agora, o que se faz?
Procura-se pelos ecos?
Entregamo-nos aos apegos?
Façamos deles os meus?
Nos consolamos nos teus?

Eu e tu somos enigma,
Que dentro pulula
O mesmo que em ti é paradigma.
Sim somos ecos...
Ecos é o que somos!

Não ecoam nos nossos eus?
Afinal, são teus os meus ecos,
Quem são estes espelhos-ecos?
Teus e meus!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Unidade que Sustenta Todas as Religiões


A Unidade que Sustenta
Todas as Religiões

“The Unity that Underlie all Religions”

Sri Swami Sivananda

Tradução e comentários de

Swami Krishnapriyananda

 

 

 

 

“Todas as religiões são únicas. Elas ensinam a vida divina. Eu respeito os santos e profetas de todas as religiões. Eu respeito todas as religiões, todos os cultos, todas as fés e todas as criaturas. Eu sirvo a todos, amo a todos, me associo com todas e vejo o Senhor em todas”
Sri Swami Sivananda

No presente momento, todas as religiões contêm uma mistura da verdade, a qual é divina, e erros, os quais são humanos. O fundamental ou essencial de todas as religiões é o mesmo. Há diferenças apenas no não-essencial. As aparentes diferenças nas religiões são devido a uma má concepção ou má construção da verdade esquecida, há muito tempo, dos Vedas,
[1] no qual elas foram, no final das contas, fundadas. Todos os sistemas de religião são igualmente divinos e verdadeiros. Os pontos em conflito devem-se às más concepções e más construções da verdade, por causa do preconceito, inveja cega, falta de pureza do coração, fineza, e pureza do intelecto, e à condição distorcida do intelecto das pessoas.

A grande maioria das religiões tem as suas origens nos tempos pré-históricos. Por conseguinte, não há um documento genuíno ou tradição confiável a respeito delas.

Todos os profetas são mensageiros de Deus. Eles são, na realidade, grandes Yogins,[2] ou almas realizadas, que tiveram divina e intuitiva percepção de Deus. Suas palavras são infalíveis e sagradas. O Corão ou o Zend-Avesta, ou a Bíblia, são livros sagrados como o Bhagavad-Gita.[3] Todos eles contêm a essência da sabedoria divina. šhuramaza, Ishvara, Allah, Jeovah, são diferentes nomes para um único Deus.

A Verdade não é exclusiva dos Hindus, nem dos Muçulmanos, nem dos Budistas, nem dos Cristãos! A verdade está unicamente na substância eterna e homogênea de Deus. Os seguidores da religião da verdade caminham no caminho da luz, Paz,[4] Sabedoria poder divino e bem-aventurança.

As pessoas esqueceram-se de tudo sobre suas religiões, por conta da ignorância, ou luxúria pelo poder e pelo orgulho. Elas se tornaram irreligiosas, ou sem religião. Assim elas se tornaram caídas no nível de um bruto. Deste modo, elas perderam todo o senso da moralidade. Elas se destruíram; elas criaram prejuízos a si próprias. Com isso elas saqueiam as casas dos outros, apunhalam-se uns aos outros. Então, é a lei das selvas que prevalece.

Muitos pregam o Budismo, mas eles não abandonam os desejos e o Himsa (o oposto de Ahimmsa[5]). Muitas pessoas pregam o Cristianismo, mas não praticam o amor e o perdão. Muitas pessoas pregam o Islamismo, mas não reconhecem a irmandade dos homens. Muitos pregam o Hinduísmo, mas não realizam que a divindade está em tudo e em todos. A pregação se tornou um meio de vida para muitas pessoas, enquanto que a prática tornou-se um objeto de desdém. Por conseguinte, o mundo tornou-se mau, não se quer a verdade, grande parte por causa das religiões; mas, ai de nos, o mundo está perverso pela falta de verdadeiros seguidores dos ideais religiosos verdadeiros.

O que é necessário é uma educação própria para os seguidores de todas as religiões. Colocar os princípios práticos doutrinários de suas próprias religiões diante dos seus seguidores, e planejar os meios e modos de capacitá-los a expressar aqueles princípios da doutrina na suas vidas diárias. Sem a prática, o idealismo cria um fatalismo no homem. A menos que o conhecimento modifique algo em suas vidas, ele será um insucesso. O serviço abnegado, sem egoísmo, e o amor, não são credos para serem apenas ensinados, mas ideais que devem ser exemplificados, demonstrados e irradiados. Nós devemos ser o exemplo para os outros. Portanto, deixe cada um praticar a sua própria religião e aspirações para alcançar a meta, ou seja, Deus. Permita-se a religião criar santos e Yogis, tanto em Mandirs (templos Hindus), como em Masjids (mesquitas), Igrejas e Sinagogas.

Om hari hara om Tat Sat


[1] Livros de Filosofia milenares
[2] Yogins, pessoas que atingiram o status de liberação através da ciência do Yoga.
[3] Estudo sobre o Bhagavad-Gita, de Swami Sivananda.
[4] No sentido de diálogo interreligioso.
[5] ahimsa= não-violência; doutrina filosófica védica, adotada, por exemplo, por  Maahatma Gandhi, para libertar a Índia da opressão inglesa.

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aos Pés da Cruz

Aos Pés da Cruz 
 "O Assassinato de Cristo"
 de

WILHELM REICH

Tradução e comentários de
SWAMI KRSNAPRIYANANDA SARASWATI

Departamento de Ensino Religioso da
SANATANA DHARMA BRASIL
Gita Ashrama
2006-2010



"Se Deus é macho, teve que usar um 'útero de aluguel', para dar início a criação!

Krsnapriyananda Swami 

Nenhum dos admiradores ou discípulos de Cristo se encontra perto da cruz. João diz ter estado presente. Isso parece duvidoso para alguns estudiosos do Evangelho. Mas parecem em contrapartida, que as mulheres que cercavam Cristo estavam presentes durante o suplicio. Segundo Renan, Maria de Cleofas, Maria Madalena, Joanna, mulher de Chusa, Salomé e outras, se encontravam junto a Cristo até o fim. A mãe de Cristo estava também entre elas.

É natural que tenham sido as mulheres que amaram Cristo no corpo, que o tenham acompanhado em sua última agonia e não os admiradores e discípulos, que apenas sugaram a Vida de seu corpo. Por essa mesma razão, as mulheres recuarão e darão lugar aos homens, quando se tratar de explorar a tragédia do Cristo com o propósito de deificação, e os discípulos ausentes serão os primeiros a fazê-lo. A luta dos discípulos pelos primeiros lugares nas relações de intimidade com Cristo começou durante as primeiras peregrinações, e se acentuará depois de sua morte. Alguns apóstolos assumirão os papeis de lideres, enquanto outros se contentarão com funções mais modestas. Haverá um Ivan, o terrível, decidido a assegurar o poder terreno servindo-se do reino de Cristo; haverá um Francisco de Assis, que tentará desesperadamente retornar ao Reino de Cristo. Os futuros representantes de Cristo serão escolhidos pelo povo como seus sucessores, porque mostrarão uma atitude solene e douta. Outros serão escolhidos por sua habilidade em organizar manifestações espetaculares; outros porque são excelentes diplomatas e intrigantes. Outros serão escolhidos por sua ciência de governar e sua exatidão na execução meticulosa de impiedosa dos mandamentos de Cristo. Outros se revelarão, uma vez escolhidos, grandes guerreiros, capazes de portar o emblema da cruz nos paises pagãos mais longínquos, sem se dar conta de que Cristo nunca aceitaria que os convertesse pela força. O homem, e não Cristo prevalecerá, no final.

Mas não restará um só traço da essência da vida de Cristo, das mulheres que o amaram. Dois mil anos depois da morte de Cristo, um autor desconhecido e perseguido, tendo compreendido esse profundo mistério, escreverá um pequeno livro  intitulado “O Homem que Morreu”, que apresentará Cristo som uma luz mais verídica, mais digna dele. Como seria de se esperar, esse livro será bem menos conhecido que a interpretação de Paulo para o reino dos céus e o pecado da carne.

As mulheres de Cristo, que conhecerem e amaram seu corpo, estavam presentes junto à cruz; serão elas que mais tarde despregarão o cadáver do suplicado. Foi uma mulher que se sentou perto do seu túmulo e o encontrou vazio, dando origem a toda a mitologia da ascensão de Cristo ao céu. Cristo havia dito que o reino dos céus é comparável a dez virgens caminhando ao encontro de seus esposos.

“1 Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. 3 Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. 4 As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. 5 E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro! 7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. 8 E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. 9 Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. 10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. 12 Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. 13 Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora”. Mateus, 25.1-13

om hari hara om tat sat