Pesquisar este blog

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Varna-Ashrama

Varna-Ashrama

Swami Krishnapriyananda Saraswati


SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS
1997-2010

Yasoda, mãe adotiva de Krishna, brinca dando-lhe leite direto da fonte!
O Que é Varnashrama?
O sistema de Varna e Ashrama, chamado equivocadamente de "sistema de castas" pelos Ocidentais, trata-se da posição da etapa de ação ou Karma na vida de alguém, e posição na situação espiritual; é um sistema que foi criado diretamente pela Pessoa Suprema, Sri Krishna, conforme está dito no Bhagavad-gita 4,13:

catur-varnyam maya sañtam
guna-karma-vibhagashah
tasya kartaram api mam
viddhy akartaram avyayam

“As quatro castas, Varna, foram por Mim criadas, de acordo com as qualidades materiais, Gunas - e a atividade (Karma) do pai - embora por Mim estipuladas, sou imutável e não o executor”.

Vemos com clareza, no verso acima, que Varna-Ashrama não se trata de uma criação humanam comum, ou de uma simples especulação política ou econômica; o fato de o Varna ter uma relação direta com a atividade ou Karma (trabalho; ação; atividade, etc), de uma pessoa, ou de um grupo social, não lhe dá uma condição de fatalismo. Por razões que se desconhece os porquês, mas podemos deduzir face aos eventos ocasionados pelos assim chamados povos do Ocidente, quando nos aproximamos desta idéia filosófico-prática do Sanatana-dharma, vemos que a palavra “karma” foi mal traduzida, tendo interpretações como sendo “algum tipo de punição”. Contudo, Karma diz respeito à atividade; profissão; ação mediada pelo dever ou dever-ser, etc., que alguém realiza durante uma certa etapa natural da existência corpórea, bem como naquela em que a pessoa se engaja para garantir o seu sustento.

Das falsas acusações
É costume entre os Ocidentais levantarem uma falsa bandeira, dizendo que as Escrituras da Índia, como os Vedas, defendem a discriminação de pessoas pela cor ou pelo trabalho de realizam. Mas os Vedas jamais discriminam alguém, e em lugar algum eles contêm algo semelhante a uma discriminação ou inferiorização. O historiador David Lorenzen, realizou um meticuloso estudo nos Vedas e no povo aryano Veda, e concluiu o seguinte: "Eu não pude encontrar nenhuma evidência da moderna visão racista dentro da literatura védica. Não há nenhuma evidência de que os aryanos propositores do Rig Veda, considerem Dasas e DAsyus como sendo biologicamente distintos ou como nascidos inferiores em termos de intelecto, força, ou divinamente amaldiçoados para se tornarem escravos. Nenhuma evidência védica faz tal sugestões de que os aryanos em algum tempo consideraram o comportamento moral dos Dasas como sendo inferior e considerando a religiao deles como sendo inferior as suas próprias", em , "Quem Inventou o Hinduísmo", p. 151, Yoda Press, 2006).

É conveniente também salientar que "veda" trata-se de uma mistura de cores de pessoas, os quais contém genes compostos, tendo suas origens em grupos étnicos distintos do continente indo-ariano.
Varna
Cada um dos Varnas estão ligados intimamente, do mesmo modo como os mamilos de uma vaca estão ligados ao mesmo úbere. Neste sentido objetivo, todos nascemos Shudras, ou seja, somos dependentes inteiramente de nossos pais para nossa sobrevivência. De fato, são muito poucos os seres vivos que precisam de tanta atenção dos pais como os primatas humanos. Não menos do que 4 ou até 6 anos são necessários de absoluto atendimento e cuidado, principalmente por parte da mãe, para com a criança. Até que uma pessoa possa determinar-se no mundo, por sua própria conta, ela deverá passar, de modo inevitável, por todo o Varna. Isso quer dizer que por ¼ das nossas vidas somos Shudras, porque precisamos, no mais das vezes, e nas condições naturais, da absoluta ajuda dos pais ou substitutos. Depois, quando a pessoa ingressa na etapa de casado ou de atividade doméstica, ela ingressa na chamada fase de Vaishiya, ou seja, detém algum tipo de atividade para a sua subsistência; depois de atinge uma certa maturidade do que faz, bem como experiência de vida, uma pessoa ingressa naturalmente no Varna de Kshatriya, e passa a administrar, gerenciar e coordenar os outros mais jovens, e, por fim, quando uma pessoa atinge a velhice, ela passa a ocupar o cargo de conselheiro ou orientador das pessoas que estão nas outras classes, sendo, bem por isso, chamado de sábio ou Brahmana.

Ashrama
Conjuntamente com o desenvolvimento natural da pessoa na sociedade, há o desenvolvimento ou situação ou etapa da chamada “vida espiritual”. Isso quer dizer que uma pessoa pode seguir a vida de relação e desenvolvimento social, de modo perfeito, uma vez que siga os preceitos ou pilares do Artha, Kama, Dharma. Assim ela poderá esperar por um bom nascimento, e ser agraciada com uma vida melhor num próximo nascimento. Contudo, se ela desejar liberar-se do Samsara, ou deste ciclo ou Chakra de nascimentos e mortes, que se intercalam em “bons” e “ruins”, segundo a reação acumulada de cada um, então há o Moksha, que deverá ser trilhado pelo Ashrama, ou posição ou situação na vida devocional. Por conseguinte o “ashrama” tem a ver com a etapa da vida espiritual. Neste caso, a pessoa deverá ser educada numa escola, ou Gurukula. Desta forma, por volta dos 5 anos de idade, enquanto Shudra, o aluno ingressa na ordem de Brahmacharia, o estudante celibatário, ou seja, solteiro, passando o Guru ou preceptor espiritual a ocupar o lugar dos pais na manutenção da vida da pessoa. Depois, por volta dos 20 anos, mais ou menos, a aluno devoto está pronto para ingressar no Varna de Vaishya, podendo, então, se quiser, ingressar na ordem de vida de Grihasta ou de chefe-de-família, ou seja, se possui tendência para a vida de casado, deverá assumir a responsabilidade econômica de um lar, e assim deverá permanecer até que o seu filho mais velho (se não tiver filho, a própria idade cronológica estabelece), assuma a responsabilidade de manutenção da mãe. Uma vez afastado da vida familiar, pelo processo natural que ocorre por volta dos 50-60 anos, a pessoa ingressa na ordem de vida chamada de Vanaprashta, ou de retirado (equivaleria ao aposentado), e junto com a esposa, se esta quiser, afastam-se para a floresta, a fim de reavaliar a nova etapa da vida que se aproxima, a de pregador itinerante ou Sannyasi. O ingresso na ordem de vida de renunciado ou Sannyasa dá-se depois de uma espécie de “relembrança” da fase de Brahacharya, onde os livros são relidos, alguns são lidos especialmente nesta época, etc. O ingresso na ordem de vida de Sannyasa, bem como todas as outras etapas, passo a passo, é antecedido de uma cerimônia, que leva o nome genérico de Samskara. Sannyasa Sanskara é quando o sujeito ingressa formalmente na ordem de Sannyasa, e passa a viajar pelo país, pregando e vivendo de esmolas.
Este é o processo clássico de Varna e Ashrama – Varnashrama – mas que com o tempo se politizou, passando a dar o sentido político ou de nascimento, o que não é válido pelo ponto de vista das Escrituras originais.
Apesar do ciclo natural do Varna-ashrama, pode-se encurtar etapas. No caso, um devoto pode querer permanecer na ordem de Brahmacharya e passar direto para a ordem de Sannyasa. Neste caso, ele será considerado um Naistika Brahmachary.
E este é o sentido original do Varna e Ashrama, segundo as Escrituras originais ou Vedas.

om hari hara om tat sat

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.