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terça-feira, 27 de março de 2012

Sinopse sobre o Hinduismo

Sinopse sobre o Hinduismo

Swami Krishnaprīyānanda Saraswatī
prof. Olavo DeSimon

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS - Brasil
1997-2012



O termo “hinduísmo”
Trata-se de um termo inventado pelos europeus, da tradição judaico-cristã, para designar a “religião” de Bharata ( Índia). Na realidade, é um termo pejorativo porque se refere àqueles que têm jeito, modo, etc, de gente, “mas não são gente, porque não possuem alma”; “pagãos ignorantes’; “restolho”, “gentinha”. Contudo, este termo não designa uma só religião na Índia, senão que deve ser entendido como um grande conjunto de religiões, o que pode alcançar a cifra de umas 30 mil somente no território de Bharata.

O povo de Bharata designa-se a religião deles de “Ordem Eterna”; em sânscrito, a antiga escrita clássica dos textos védicos, se escreve Sanatana Dharma. Esta expressão era usada freqüentemente por Mahatma Gandhi, tendo em vista retirar o tom pejorativo dado pelos europeus prepotentes e orgulhosos. Dharma é um conceito amplo e central na filosofia religiosa de Bharata, porque expressa: ordem, lei e dever. Contudo, não se trata de uma simples ordem no sentido jurídico, senão que uma ordem cósmica oniabrangente, que determina toda a vida e ao que todos devem se ater, independente de casta ou classe em que se encontre. Dharma diz respeito a todas as pessoas  e a relação dela com todos, inclusive com a natureza. De fato, o Dharma se trata de uma ética fundamental, que se encontra até mesmo entre os aborígenes australianos. Dharma é uma ordem fundamental que nos foi dada de antemão desde o princípio.

A partir da compreensão deste princípio ético fundamental, fica claro que o Sanatana Dharma não se trata, primariamente, de proposições de fé, tampouco de dogmas, e de ortodoxia. Senão que se trata de proceder de forma reta ou justa: justo ritual, justa moralidade, justa religiosidade, o que constitui a filosofia religiosa do Sanatana Dharma em potencial.

Dharma, também, não se trata de simples direitos frente aos demais, senão que a maior determinação de uma pessoa, e dos deveres que uma pessoa possui: deveres frente à família, à sociedade, e aos “deuses”.

Quatro objetivos vitais
O Sanatana Dharma possui quatro objetivos vitais, a saber:

  1. Kama: Busca do agradável, e o gozo dos sentidos regulados conforme o Varna e Ashrama;
  2. Artha: busca pela correta distribuição da riqueza, tendo em vista conceder o bem-estar geral;
  3. Dharma: esforço na reta distribuição da justiça, bem como desenvolvimento de virtudes;
  4. Moksa: busca pela liberação ou salvação do ciclo de nascimentos e mortes, Samsara (conhecido como “reencarnação”).

Pecados sociais modernos – Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi, como um devoto Vaishnava, apontou sete dos “pecados” sociais modernos, que provocam desigualdades, a saber:
  1. Política sem princípios éticos;
  2. Negócios sem moralidade;
  3. Riqueza sem trabalho;
  4. Educação sem caráter;
  5. Ciência sem humanidade;
  6. Desfrute sem consciência, e
  7. Religião sem sacrifício (sem entrega, sem Seva ou serviço abnegado).

Virtudes do caminho do Yoga
Muito longe da cômica atividade de exercícios físicos, mal denominados de “yoga” no Ocidente, encontramos virtudes éticas na filosofia do Yoga, a saber:

Ahimsa: não-violência; não agressão; não-ferir;
Satya: veracidade (agir e dizer coerentemente com a verdade e veracidade);
Asteya: não furtar, roubar ou retirar o que não lhe pertence;
Brahmacharya: conduta casta, e
Aparigraha: contentamento com o que tem; ausência de desejos materiais e de cobiça.

O Atharva Veda possui máximas que enaltecem os princípios morais e éticos do Yoga:

“Eu – princípio Absoluto – os procurarei na unidade dos corações e de espírito, e da ausência de ódio”;
“Amai-vos uns aos outros como a vaca ama a sua terneira que há parido”;

“Faça que teu filho seja leal como o pai, e esteja de acordo com a mãe”;

“Nenhum irmão odiará ao seu irmão; nenhuma Irma a sua Irma. Decidam vossas palavras de comum acordo, unidos na mesma finalidade, com amabilidade;
“Há que dizer a verdade, e há que dizê-la de modo agradável”;

“Não há que dizer a verdade de forma desagradável, nem há que optar pela falsidade somente porque é agradável. Essa é a lei eterna”.

Aspectos fundamentais
A maioria dos Hindus crêem num Deus único como sendo o Absoluto, porem, segundo a tendência o Absoluto está associado a uma figura de relevância determinada (isso porque seguem as Escrituras, como o Bhagavad-gita, que orienta preferencialmente a adoração a Deus com forma), sendo mais comuns a adoração a Siva, Vishnu e Sakti (aspecto feminino de Deus).

No Sanatana Dharma a alma é eterna, sendo idêntica a causa primeira do mundo, e segundo a lei do Karma – causa e efeito – passa por várias existências terrenas. Todas as criaturas possuem alma, e apenas se diferenciam pelo grau de consciência e conhecimento do criador.

A chamada “lei do Karma” diz que todos os atos possuem causas procedentes de uma vida anterior, e que é feito irá repercutir na próxima existência. Apesar de isso, não se trata de uma forma insuperável, porque pela livre vontade alguém pode mudar seu Karma e purificar suas reações.

Os quatro Vedas
As Escrituras sagradas são consideradas como Escritos divinos. Os Vedas são escritos adequados para Brahmanas ou sacerdotes, mas há um conjunto de Escrituras igualmente consideradas védicas como o Bhagavad-gita, O Mahabharata (de onde saiu o Gita), bem como Ramayana. Além destes escritos há os Puranas, considerados obras populares, onde se encontram os princípios éticos e morais da filosofia do Sanatana Dharma.

Hari Hara Om Tat Sat.