Sinopse sobre o Hinduismo
Swami
Krishnaprīyānanda Saraswatī
prof. Olavo DeSimon
prof. Olavo DeSimon
SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA
BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre,
RS - Brasil
1997-2012
O termo
“hinduísmo”
Trata-se de um termo inventado pelos
europeus, da tradição judaico-cristã, para designar a “religião” de Bharata (
Índia). Na realidade, é um termo pejorativo porque se refere àqueles que têm
jeito, modo, etc, de gente, “mas não são gente, porque não possuem alma”; “pagãos
ignorantes’; “restolho”, “gentinha”. Contudo, este termo não designa uma só
religião na Índia, senão que deve ser entendido como um grande conjunto de
religiões, o que pode alcançar a cifra de umas 30 mil somente no território de
Bharata.
O povo de Bharata designa-se a religião
deles de “Ordem Eterna”; em sânscrito, a antiga escrita clássica dos textos
védicos, se escreve Sanatana Dharma. Esta expressão era usada freqüentemente por
Mahatma Gandhi, tendo em vista retirar o tom pejorativo dado pelos europeus
prepotentes e orgulhosos. Dharma é um conceito amplo e central na filosofia
religiosa de Bharata, porque expressa: ordem, lei e dever. Contudo, não se
trata de uma simples ordem no sentido jurídico, senão que uma ordem cósmica
oniabrangente, que determina toda a vida e ao que todos devem se ater,
independente de casta ou classe em que se encontre. Dharma diz respeito a todas
as pessoas e a relação dela com todos,
inclusive com a natureza. De fato, o Dharma se trata de uma ética fundamental,
que se encontra até mesmo entre os aborígenes australianos. Dharma é uma ordem
fundamental que nos foi dada de antemão desde o princípio.
A partir da compreensão deste princípio
ético fundamental, fica claro que o Sanatana Dharma não se trata,
primariamente, de proposições de fé, tampouco de dogmas, e de ortodoxia. Senão
que se trata de proceder de forma reta ou justa: justo ritual, justa
moralidade, justa religiosidade, o que constitui a filosofia religiosa do
Sanatana Dharma em potencial.
Dharma, também, não se trata de simples
direitos frente aos demais, senão que a maior determinação de uma pessoa, e dos
deveres que uma pessoa possui: deveres frente à família, à sociedade, e aos
“deuses”.
Quatro
objetivos vitais
O Sanatana Dharma possui quatro
objetivos vitais, a saber:
- Kama: Busca do agradável, e o gozo dos sentidos regulados conforme o Varna e Ashrama;
- Artha: busca pela correta distribuição da riqueza, tendo em vista conceder o bem-estar geral;
- Dharma: esforço na reta distribuição da justiça, bem como desenvolvimento de virtudes;
- Moksa: busca pela liberação ou salvação do ciclo de nascimentos e mortes, Samsara (conhecido como “reencarnação”).
Pecados
sociais modernos – Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi, como um devoto
Vaishnava, apontou sete dos “pecados” sociais modernos, que provocam
desigualdades, a saber:
- Política sem princípios éticos;
- Negócios sem moralidade;
- Riqueza sem trabalho;
- Educação sem caráter;
- Ciência sem humanidade;
- Desfrute sem consciência, e
- Religião sem sacrifício (sem entrega, sem Seva ou serviço abnegado).
Virtudes
do caminho do Yoga
Muito longe da cômica atividade de exercícios
físicos, mal denominados de “yoga” no Ocidente, encontramos virtudes éticas na
filosofia do Yoga, a saber:
Ahimsa:
não-violência; não agressão; não-ferir;
Satya: veracidade
(agir e dizer coerentemente com a verdade e veracidade);
Asteya: não furtar,
roubar ou retirar o que não lhe pertence;
Brahmacharya: conduta
casta, e
Aparigraha: contentamento
com o que tem; ausência de desejos materiais e de cobiça.
O Atharva
Veda possui máximas que enaltecem os princípios morais e éticos do Yoga:
“Eu
– princípio Absoluto – os procurarei na unidade dos corações e de espírito, e
da ausência de ódio”;
“Amai-vos
uns aos outros como a vaca ama a sua terneira que há parido”;
“Faça
que teu filho seja leal como o pai, e esteja de acordo com a mãe”;
“Nenhum
irmão odiará ao seu irmão; nenhuma Irma a sua Irma. Decidam vossas palavras de
comum acordo, unidos na mesma finalidade, com amabilidade;
”
“Há
que dizer a verdade, e há que dizê-la de modo agradável”;
“Não
há que dizer a verdade de forma desagradável, nem há que optar pela falsidade
somente porque é agradável. Essa é a lei eterna”.
Aspectos
fundamentais
A maioria dos Hindus crêem num Deus
único como sendo o Absoluto, porem, segundo a tendência o Absoluto está
associado a uma figura de relevância determinada (isso porque seguem as
Escrituras, como o Bhagavad-gita, que orienta preferencialmente a adoração a
Deus com forma), sendo mais comuns a adoração a Siva, Vishnu e Sakti (aspecto
feminino de Deus).
No Sanatana Dharma a alma é eterna,
sendo idêntica a causa primeira do mundo, e segundo a lei do Karma – causa e
efeito – passa por várias existências terrenas. Todas as criaturas possuem
alma, e apenas se diferenciam pelo grau de consciência e conhecimento do
criador.
A chamada “lei do Karma” diz que todos
os atos possuem causas procedentes de uma vida anterior, e que é feito irá
repercutir na próxima existência. Apesar de isso, não se trata de uma forma
insuperável, porque pela livre vontade alguém pode mudar seu Karma e purificar
suas reações.
Os
quatro Vedas
As Escrituras sagradas são consideradas
como Escritos divinos. Os Vedas são escritos adequados para Brahmanas ou
sacerdotes, mas há um conjunto de Escrituras igualmente consideradas védicas
como o Bhagavad-gita, O Mahabharata (de onde saiu o Gita), bem como Ramayana.
Além destes escritos há os Puranas, considerados obras populares, onde se
encontram os princípios éticos e morais da filosofia do Sanatana Dharma.
Hari Hara Om Tat Sat.