Swami
Kṛṣṇaprīyānanda Saraswatī
prof. Olavo DeSimon
SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA
BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS
- Brasil
2006-2012
Sumário
- Reverências
1. Mente que mente
2. Liberdade demoníaca de criar
3. Linguagem
4. A experiência
do Guru
5. A maior tolice
do ignorante é achar que sabe
6. É necessário filosofia
7. A cultura nos
envolve
8. Que conhecimento é esse
Minhas humildes reverências para:
- Sri Vyasadeva, que graciosamente
compilou os Vedas para uma linguagem compreensível humana, bem como realizou o
amor divino as transcrever o Bhagavata Purāna.
- Sri Adi Sankaracharya, Siva em pessoa, o
maior dos Vaishnavas, que por Sua graça, sabedoria, amor pelos ignorantes,
resgatou o conhecimento dos Vedas, velado pelo materialistas e ateus;
- Swami Sivananda, por sua imensa
sabedoria, compaixão e misericórdia para com as almas caídas na ignorância;
- Sri Ramananda Prasad, que com sua
simplicidade, objetividade, paciência e perseverança, sabe tão bem transmitir o
conhecimento dos Vedas.
1. Mente que
mente
A mente ocidental é por demais fantasiosa. No Ocidente,
livros que falam de enigmas de ficção vendem como água em dias de calor. Olhem,
por exemplo, as “festas” populares como o Natal, Páscoa, etc., principalmente
na sociedade burguesa ocidental, onde o consumo está acima até mesmo da razão e
da Verdade. Quem está preocupado com o real significado daquelas “festas”?
Portanto, não é de estranhar, de nenhum modo, que a mente fértil, consumista,
fantasiosa, infantil dos especuladores pequeno-burgueses ocidentais, crie algo
para poder vender e lucrar. É apenas mais uma maneira lucrativa de uma mente
que mente... Então, se inventa histórias de que há algum conhecimento secreto
no Santana-dharma, e que somente alguns receberam tal conhecimento, etc.
Mas de fato, o que existe é a ignorância da Filosofia como um todo, sem dizer
dos seus aspectos particulares. Isso quer dizer que as bases
teórico-filosóficas como Ética, Eidética, Noética, e Lógica, são desconsideradas
pelos apressados burgueses ocidentais, que de modo humorístico dizem “conhecer
um conhecimento secreto”.
2. Liberdade
demoníaca de criar
Se olharmos com atenção a história da sociedade
burguesa ocidental, veremos que as pessoas trilham uma idéia chamada, erroneamente,
de “liberdade”. No entanto, trata-se de uma falsa liberdade, uma vez que
notamos uma submissão ao capital, bem como um tipo de meio de vida. Sri Adi
Sankaracharya, nascido por volta do ano 800, portanto, em plena vigência de idéias
comerciais judaico-cristãs que influenciaram o mundo todo, fez uma referência
muito especial a estes especuladores de plantão, os quais existem até mesmo na
terra do Sanatana-dharma. Ele recitou:
jatilo mundi luñchitakeshah
kasabambarabahukrita-vesah
pashyannapi ca na pashyati mudhah
udaranimittam bahukrita-vesah
A tradução deste verso do Moha-Mudgarah, conhecido no Ocidente como “Bhaja-govinda”, diz o seguinte:
“Há muitos que vão com os cabelos enrolados; muitos que têm a barba e o cabelo
raspados; muitos cujos cabelos são arrancados fora; alguns se vestem com
açafrão, ainda há outros de várias cores: ‘Todos por um meio de vida!’
Ainda que a verdade seja revelada diante deles, sempre haverá os que não a
vejam”.
As razões que sustentam os enganadores de plantão são
simples de entender, tratam-se da fantasia, da querela inútil, a busca pelo
dinheiro. Também, o que está por detrás destes enganadores de plantão é a busca
de fama, de prestígio, de poder e posição, fazendo as pessoas tolas seus reféns
igualmente ignorantes. Sri Krishna nos esclarece no Bhagavad-gita que “Orgulho, arrogância, convencimento, ira,
aspereza, bem como a ignorância... são qualidades demoníacas” (Bgita,
16.4). Podemos dizer, com toda a certeza, que aqueles que garantem a existência
de algum “conhecimento secreto”, e
que somente eles poderão dá-lo mediante algum pagamento, são embusteiros,
enganadores, ignorantes. Eles se ilustram no falso prestígio. Enchem-se de
nomes e títulos suntuosos. Pretendem com isso conseguir ilustrar por fora o que
não possuem por dentro. São tolos que tratam o impermanente como se permanente
fosse. Diz Krishna: “Refugiando-se na
insaciável luxúria, no orgulho e no falso prestígio, absortos e convencidos
pelo ilusório, esquivam-se do que é – realmente – divino, tomando coisas impermanentes
como se fossem verdade, vicejando o que é impuro” (Bgita, 16.5).
3. Linguagem
Mas o que há na verdade, no Sanatana-dharma, é
um conjunto de ensinamentos amplos e complexos, cujo entendimento está
subjugado ao conhecimento da Sua linguagem. Pensamos que isso não deva surpreender
ninguém. Do mesmo modo como alguém sem estudar os preceitos básicos da Física
irá ficar sem entender o que falam os físicos, ou quem nunca estudou Lógica
nada compreenderá de enunciados lógicos, de forma semelhante, a filosofia do Santana-dharma
precisa da orientação de alguém que a tenha estudado e realizado o Seu
conteúdo. Isso é uma questão de realização da linguagem e conhecimento védico.
O Senhor Krishna diz para Arjuna no Bhagavad-gita,
4.34, que devemos nos aproximar de alguém que tenha adquirido o conhecimento da
Verdade (do Santana-dharma), tendo em vista aprendê-lOe por fim realiza-lO.
Diz o verso: “Este correto conhecimento
(do Satana-dharma) se aprende perguntando aos que O conhecem, prestando-lhes
serviço; inicias-te neste Conhecimento, com os que O possuem, conhecem e viram
a Verdade”. O adágio: “possuem, conhecem e viram a Verdade”, é sugestivo, porque
aponta com clareza que a Verdade está aí, mas são poucos que conseguem vê-lA, realizá-lA,
principalmente devido ao fato de não terem o necessário “domínio da linguagem”
para entender-se o significado dos Seus enunciados.
4. A experiência
do Guru
Sri Dattatreya Guru |
Nós poderemos citar centenas de enunciados, centenas
de idéias, dos mais variados ramos do conhecimento humano, e, com certeza, a
grande maioria das pessoas não conseguirá entender o que está sendo falado. A
razão é simples, ele está oculto pelo fato de não se ter o domínio ou o
conhecimento da linguagem que está sendo falada. Há tantos fatores envolvendo
um conhecimento, que as Escrituras defendem o fato da importância do preceptor
espiritual ou Guru para enunciá-lAs corretamente. Swami Sivananda nos adverte,
e de certo modo nos consola, ao falar do Guru quando diz: “Uma pessoa pode aprender apenas de uma pessoa e, por conseguinte, Deus
ensina apenas através de um corpo humano. No seu Guru você tem o seu ideal
humano de perfeição. Ele é o padrão interno o qual você deseja para moldar a si
mesmo. Sua mente será prazerosamente convencida de tal grande alma, combinando
com adoração e reverência”. Swami Sivananda, também, escreve que: “Apenas um homem que, de fato, foi para
Badrinath (uma região da Índia), está apto para dizer a você o caminho para aquela
região. No caso do caminho espiritual, é mais difícil encontrar sozinho. A
mente irá enganar você freqüentemente. O Guru estará apto para remover as armadilhas,
e os obstáculos, e conduzir você ao longo do caminho correto. Ele dirá a você:
‘Este caminho leva você para Moksha (liberação); este outro, para o cativeiro’.
Sem a Sua guia, talvez, você queira ir para Bradrinath, mas encontrará a você
mesmo em Delhi!” Quem antes percorreu o caminho, aprendeu a Sua linguagem,
pode, então, ensinar para os que estão vindo. Mas não há, definitivamente, nada
“secreto” nisso, muito antes pelo contrário, uma vez que não poderia ser
diferente numa filosofia que diz, com todas as letras, que apenas o
conhecimento pode livrar alguém do Samsara. E, evidentemente, que o Supremo não
iria ensinar as pessoas que o conhecimento liberta, e depois privá-las de terem
acesso a Ele. Isso seria algo como uma “ditadura da Verdade”, tornando todos
escravos do desejo de alguém, quando, na realidade, o Samsara é resultado da
própria ação e vontade da pessoa.
5. A maior
tolice do ignorante é achar que sabe
Sri Krishna diz no Bhagavad-gita, 16.23 que, “Qualquer pessoa que não siga as regulações
das escrituras sagradas, e que não abandone a luxúria, e os caprichos
(mundanos), não alcança as perfeições e nem a felicidade transcendental Suprema”.
Portanto, somente através da realização “...
das escrituras dos Shastras, a pessoa determina o que são atividades ilegais e
quais seus deveres. Conhecendo os Shastras, e suas regulações, diz-se, que a
ação é meritória neste mundo”. Sinceramente falando, as pessoas que em nome
do Yoga ou do Sanatana-dharma dizem “conhecer um conhecimento secreto”, nada
mais estão fazendo do que adjudicando conceitos Ocidentais num conhecimento diferente,
por desconhecerem e nem mesmo terem realizado Viveka; não passam de um bando de
ignorantes que nem mesmo sabem que ignoram. O Senhor Krishna diz, no
Bhagavad-gita, 4.35, que: “Tendo-o conhecido
(adquirido por um mestre), nunca [mais], e de novo, terás ilusão, assim avançarás,
ó filho de Pandu! Tu verás a todas as entidades vivas no Ser Supremo e em Mim
atuando”. Com certeza, o entendimento transcendental trazido no
Bhagavad-gita é de que Krishna é a personificação do Dharma, Verdade ou
Justiça. Krishna, ainda, salienta que com o “barco do conhecimento”, nos
libertamos do oceano das misérias existenciais (Bgita, 4.36). Aqui não há
nenhum “conhecimento secreto”, mas um desafio ao ignorante que acha que sabe,
identificado com seu próprio corpo físico e relações adjuntas.
É um fato que somente o conhecimento ou Jñana pode
liberar alguém. Os Vedas são unânimes em afirmar que a ignorância escraviza -
isso é o Samsara - e que somente o conhecimento ou Jñana liberta. “Assim como
o fogo queima a lenha e a transforma em cinzas, ó Arjuna, o fogo do
conhecimento - jñāna- de forma similar, transforma em cinzas o resultado
da ação” (Bgita. 4.37).
Todas as letras nos versos acima nos deixam bem claro
que o verdadeiro conhecimento liberta, e que devemos nos aproximar de alguém
que realizou a Verdade tendo em vista, também, alcançá-lA. Conhecimento não se
trata de um acumular de conteúdos, mas de uma realização interior. Para atender
aos diferentes tipos de graus de entendimento (devido a grande variedade de inteligências)
das pessoas, há diferentes “níveis” de textos para elas. Então, compreendemos
que há os escritos elevados, de difícil compreensão como os Upanishads; há os
escritos intermediários como os épicos, Ramayana, Mahabharata, e o
Bhagavad-gita (por estar no Mahabharata), e os chamados “escritos populares”, como
os Puranas, onde são descritos passatempos ou Lilas do Senhor na forma de
histórias, com grande cunho moral. Mas apesar destes textos ser ditos “populares”,
grande parte do Ocidente não Os entende, haja vista o fato de que se trata de
um conhecimento cultural milenar, quase atávico, que subjaz na profundeza dos
Seus ensinamentos, e a cultura na qual estão mergulhados, sublinha Suas validades.
6. É
necessário filosofia
O conhecimento da filosofia do Sanatana-dharma requer,
evidentemente, conhecimento de Filosofia, e, além do mais, a sua vivência
prática. De que adianta tantas teorias, crenças em “conhecimentos secretos”, se
não há uma vivência prática? Nem mesmo materialistas como Karl Marx admitiam
uma filosofia sem um viés prático. E pensar numa filosofia religiosa sem uma
práxis é também um absurdo. Outro fato que devemos salientar aqui é o que diz
respeito à forma de mostrarmos algo. Dependendo da forma que adotarmos na
expressão de um fato, este poderá ter um significado diferente. Para ilustrar,
colocaremos a seguir um fato antropológico irrefutável, acompanhem com atenção:
Iremos, a seguir, descrever os costumes de uma tribo
denominada de Onacirema:
“O ponto
focal do santuário é uma arca, ou caixa, embutida na parede. Nessa arca são
guardados os muitos talismãs e poções mágicas sem as quais nenhum nativo
acredita poder viver... O talismã não é utilizado depois que serve às suas
finalidades, mas é colocado numa caixa a isso destinada, no próprio santuário.
Como esse material mágico destina-se especificamente a certos males, e as enfermidades
do povo, reais ou imaginárias, são muitas, e aquela caixa está quase sempre
totalmente cheia. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas se
esquecem de suas finalidades e temem usá-los novamente. Embora os nativos sejam
muito vagos quanto a esse ponto, só poderemos admitir que a idéia de conservar
o material mágico antigo está na suposição de que a sua presença na caixa de
talismãs servira, de algum modo, para proteger o adorador”. *
Poderemos, uma vez lido o texto acima, fazer as seguintes
perguntas:
1. Você
aprova ou não os Onacirema? Por que?
2. Suas
práticas têm sentido para você?
3. Já ouviu
falar de algum outro grupo que tenha práticas semelhantes?
4. Alguém
sabe quem realmente são os Onacirema?
Feito estas perguntas, podemos dizer que “onacirema”
na realidade se trata da palavra “americano” escrita ao contrário. A descrição
do texto acima, trata-se de uma caixa de remédios, típica dos americanos (muitas
vezes em seus banheiros). Podemos ver, com clareza, que a diferença da
linguagem em apresentar um fato dá um colorido diferente a ele. Uma vez que o
assunto é desvelado pelo professor ou Guru, ele se torna claro e objetivo.
Portanto, que conhecimento secreto há ali?
7. A cultura nos
envolve
Um fato notável é que cada um de nós está mergulhado
na sua cultura. A religião, a filosofia, e tudo que envolve as pessoas, não
poderiam ser diferentes. A cultura age mesmo de forma inconsciente; por isso
dizemos que é muito atrativo aos olhos dos consumidores ocidentais, ter a
possibilidade de aventurarem-se num “conhecimento secreto”, pagando módicas prestações
para quem ministra um curso ou forma uma “escola esotérica”, etc. Graças aos
ensinamentos das Escrituras, e da orientação de um filósofo prático como um
Guru é que podemos compreender o significado dos enunciados. Mas a questão de
como se forma o conhecimento é muito complexa. Também, a forma como alguém se
aproxima d´Ele, e o que faz alguém se interessar por Ele é complexa. Há muitas
teorias, muitas idéias. Contudo, segundo o Sanatana-dharma, o que faz alguém se
aproximar do Conhecimento da Verdade Suprema é a sua experiência anterior, adquirida
na convivência prática, numa vida passada (ou mesmo na sua vida de agora). No
Bgita, 6.44, temos: “Pela prática de yoga na vida anterior, e sob influência
dela, com certeza se é atraído segura e automaticamente pelo yoga, inquirindo
sobre Ele e pelos princípios ritualísticos brahminicos transcendentais”. Goethe,
inspirado nos Upanisads, já referenciava as Escrituras ao dizer “Ninguém ama o
que não conhece!”, portanto, ninguém pode gostar daquilo que não realizou, e
não poderá realizar sem antes conhecê-lo. É por isso que as palavras e jargões
“secreto”, “esotério”, etc., atraem tanto o burguês liberal, desejoso de
adquirir o conhecimento por intermédio da sua visão fantasiosa da realidade,
basta comprar! Também, é por isso que prosperam os grupos que oferecem a preços
convidativos o “conhecimento secreto”, porque é algo que ninguém pode realizar
sem de fato conhecer.... ironias a parte, somente podem conhecer aqueles que
podem pagar. Que triste o destino de tais criaturas!
8. Que
conhecimento é esse
Mas nós percebemos que há um grande interesse por
especulação de todo o tipo. Basta olharmos a grande quantidade de revistas que
andam circulando pelas grandes cidades. Há, por exemplo, revistas que falam de
saúde onde uma afirma exatamente o oposto da outra. Como alguém poderá realizar
a Verdade Suprema se seus paradigmas são mudados da manhã para a noite? Sabemos
que os patifes de plantão são oportunistas para oferecerem seus produtos para
uma platéia de ignorantes, ávida por “novidades” por especulação do “eu acho
que sim” eu “acho que não”. Esta platéia jamais tem condições de dizer “penso
que sim” “penso que não”, porque, para eles, pensar é algo insalubre. Está além
das suas capacidades. Afinal, há alguém que é dono da Verdade, e ela pode ser
“comprada a prestações”. Sem antes salientar, que é necessário ter pago uma
taxa para alcançar a “iniciação secreta”, iniciação esta que envolve um Mantra
supra secreto e que não poderá ser dito para ninguém... Ora ora, que tolice.
Mesmo no Novo Testamento, como em Mateus 10.24-28, está dito com toda a
clareza: “24 Não é o discípulo mais do
que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. 25 Basta ao discípulo
ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Baal Zaeb ao dono
da casa, quanto mais aos seus domésticos? 26 Portanto, não os temais; porque
nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de
ser conhecido. 27 O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que
escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o. 28 E não temais os que matam o corpo,
e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno
tanto a alma como o corpo”.
Vejam a clareza do Evangelho! A mesma está nos textos
védicos. Somente os que querem tirar o dinheiro dos iludidos agem de forma a
difundir um pressuposto “conhecimento secreto”, e do qual somente eles podem
transmitir. Também, observem o fato de termos colocado a palavra “Baal Zaeb”,
porque se trata do semideus da fertilidade Fenícia. Baal Zaeb é quem dá as chuvas,
a saúde, a colheita farta, o estar-bem e o bem-estar. Razões políticas e
ideológicas da invasão dos Hebreus transformaram Baal Zaeb no malfadado
“belzebu”, lançado que se fosse o mal personificado. Ora, a história é sempre
contada pelos vencedores! Tola ignorância achar que pode interpretar os versos
do Evangelho, escritos acima, com outro sentido. Como podem entender os versos
do Evangelho se não conhecem a Sua história? Bem, tolamente poderão pensar
alguns que aqui se trata de um “conhecimento secreto”, que está oculto nestes
versos de Mateus. Mas nada está além da comparação de que todos somos almas
espirituais, eternos, sempre existentes; que nunca pode ser morta; que estar numa
posição inferior ou superior é mera ilusão, e assim por diante. Este conhecimento
é mesmo dos Upanishads. Trata-se da essência dos Vedas. Mas entender o
significado contido dos versos não é algo secreto ou oculto, é uma questão de
linguagem, de aprendizado. Trata-se de uma questão de Viveka, ou discernimento,
advindo através de Jñana ou conhecimento realizado, vivenciado, experimentado.
Não apenas teórico, frio e seco, como pensam alguns que vendem “conhecimento
secreto”.
Poderíamos passar muitas horas falando destes supostos
“conhecimentos secretos”, e então veríamos de que a realidade isso se trata de
ignorância, nada mais do que uma tola ignorância. Aguçada é a curiosidade
humana, ainda mais se for ocidental, burguesa e capitalista, que acha que com o
dinheiro pode comprar tudo. Conhecimento secreto? Quem dá mais?
Hari Om Tat Sat