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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cruz ou espada?

 
Cruz ou espada?

Swami Krsnapriyananda Saraswati

prof. Olavo O. Desimon

SANATANA DHARMA BRASIL
Gita Asrama



“Nós somos a melhor raça da humanidade e, quanto mais a ocuparmos, tanto melhor para a humanidade” 
Cecil Rhodes

Cecil Rhodes foi o fundador da Rodésia colonial. Esta região da África, como tantas outras que abrigam o povo de cor preta, era considerada habitada por “gentios”; animais com forma de gente; aparência de gente, mas que “se tratava de seres sem alma”, uma vez que não haviam sido submetidos ao redentor batismo sacrossanto do cristianismo. 

É interessante observar, que a cruz passou a ser usada por entre os cristãos do Medievo para cá. Antes disso, os que seguiam a “Boa Nova messiânica”, adotavam o símbolo feito por duas linhas côncavas sobrepostas, que davam a ideia de um peixe. “Sê pescadores de homens...”, dizia a Nova Liturgia. Eis que o peixe, consagrado como símbolo de grupo religioso daqueles devotos judeus, que aceitavam o messias redentor do seu povo, foi aos poucos sendo substituído pelo da espada. Provavelmente, foi Constantino quem impôs o fato de representar a ordem romana dos apóstolos, colocando uma espada sobre mastros, então reluzindo como “cruzes”, anunciando a nova posição do Império de Bizâncio. Ninguém pode precisar isso com certeza. Mas de longe a cruz não é um símbolo apenas cristão. Ela existe muito antes até mesmo dos Judeus. Há representações dela em cavernas, e na Índia ela existe há milênios, contudo, sendo, no mais das vezes, representada como uma "suástica", símbolo que ficou contaminado pelo mau uso feito pelos nazistas.   

Houve uma longa caminhada para que se ligasse o símbolo do messias à cruz e à salvação, bem como Ele se tornasse uno com o Supremo, sendo "o filho feito Pai encarnado." A Trindade é um advento relativamente novo dentro das alas cristãs, mas algo bem antigo dentro da cultura védica. Até então, o messias era um emissário de Deus, mas ao longo dos anos, o messias torna-se, também, Deus.

Glorificar o símbolo, no qual alguém foi torturado, morto, etc., é tão interessante como colocar na parede o porrete ou a arma que matou alguém, para assim lembrar-se do falecido!? Seja quem foi o artista, que pela primeira vez, com sua fértil imaginação, colocou o messias numa cruz, ele quis representar dois fatos num só, um império, e seu poder. Mas quem sabe, como bem demonstram estudos e exegeses, nenhum daqueles símbolos são originais. Não sabemos se as pessoas eram colocadas em cruzes, como aparecem em “santinhos”, mas sabemos que há muito se usa da força para colocar uma ideologia em alguém. 

A cruz não é o problema maior, quando simplesmente está no delatar a fé de alguém. Mas ela é tal qual uma espada que fere, quando se afirma seu uso, justificando-o ser devido a "maioria cristã", então, "somos maioria!", que todos que aceitem como está!

Deus não clama por cruzes, nem por qualquer outro símbolo, mas pela fé e pelo Seu amor. Quem sabe, Deus não clame por nada a não ser o respeito às diferenças, e a igualdade de vê-lO em todos os nomes e formas? Não sabemos se a hipocrisia será maior, quando alguém jurar algo diante de uma forma de Deus que não acredite, ou diante de uma que creia e com ela praticar maldades? Por acaso, são os médicos hereges pelo fato de prometerem cumprir seus votos de médico para os deuses do Olimpo? Devemos aceitar este juramento como uma verdade? Onde havia cruzes em Higea, Panacea, Esculápio, Apolo? Poderá um médico ser cristão, e jurar para deuses que não o são?

A cruz numa parede não fará diferença se ela respeitar às diferenças, e servir como um símbolo de tolerância, promoção de igualdade e equidade. Do contrário, será apenas uma espada, violenta no seu silêncio, de impor-se agressivamente como “a melhor coisa para a humanidade”.

Hari Om Tat Sat

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