Ramananda Prasad
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Krishnapriyananda Swami
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Sri Krishna, o Sadguru |
O Guru
No Ocidente confunde-se aquele quem dá as orientações espirituais como um 'dono da verdade', quando na realidade é um parceiro na caminhada. O aniquilamento da vontade, o cerceamento crítico, a destruição da curiosidade, são atos típicos dos que desejam limitar, constranger, e enriquecer-se materialmente por sobre o desespero e sofrimentos dos outros. Quando falamos "guru" estamos falando de todos aqueles que de algum modo estão envolvidos na distribuição do conhecimento, e não necessariamente conhecimento de cunho religioso. Os seres humanos possuem muitas necessidades. Ao contrário dos animais irracionais, uma pessoa precisa de atendimento por muitos e muitos anos, e jamais poderá viver absolutamente sozinha, sendo que a tal 'reclusão' numa caverna, trata-se de um embuste absoluto. Assim o guru deverá libertar o discípulo da sua ignorância, e não escravizá-lo no seu egoísmo pessoal.
Quando alguém, com muito custo, consegue alcançar uma plataforma mais avançada do conhecimento, saindo da simples apreensão e do mero consumismo religioso, percebe que necessita de uma orientação de um Mestre Espiritual, então defronta-se com um grande problema: em quem confiar? O Sr. Krishna diz no Gita, 4.34, exatamente isso, que se alcança e se realiza o conhecimento espiritual quando nos aproximamos de alguém que realizou-O, portanto, devemos prestar serviço abnegado a tal pessoa. Mas não disse que deveremos ser eternamente dependentes desta pessoa, e não termos nenhum tipo de reflexão ou realização pessoal. No mais das vezes, seitas e grupos religiosos, com vícios de dependência num líder fundador ou carismático, tolhem sobremaneira o modo de pensar e refletir dos seus adeptos. Fazer críticas ou colocar questões que põem em dúvida o que está sendo imposto como uma verdade inquestionável é considerado 'ofensa'. Desta forma, o pobre adepto da uma seita ou grupo fanático religioso, fica então escravo daquilo que optou por libertar-se. Um paradoxo sem dúvida. Se o guru deve ocupar a posição daquele quem liberta, transfere o conhecimento, e mostra o caminho da liberação do Samsara, como, então, justificar o aniquilamento que impõem sobre os seus seguidores? O Sr. Krishna jamais disse que alguém deve anular suas coisas ou deixar de fazer o que alguém pretende. Ele apenas orienta que as ações devem ser mediadas pelo conhecimento, para que não sejam simples atos irreflexivos e mecânicos, tal qual fazem os animais irracionais. Krishna nos liberta da opressão, do sofrimento e da ignorância, e jamais, em tempo algum, nos pune por estarmos na plataforma de condicionamento.
Um verdadeiro guru é aquele quem liberta da ignorância, e mostra o caminho através da realização espiritual. Colocar-se com suntuosas vestes; gestos mágicos e coisas do tipo, são apenas resquícios da ignorância teatral de um suposto 'discípulo'. Não se deixem levar por isso! Seja mais exigente; agir apenas pela emoção, sem reflexão, sem pensar no que se faz, é sim um ato insano, típico daquele que não compreende a consciência universal.
Krishna nos dá a liberdade de até mesmo criticá-lO, porque sem dúvida, o amor não se realiza apenas na passividade, mas no estar ativo na vida e em seus questionamentos.
Que possamos realizar a Verdade de forma livre, inteiramente desapegados de quaisquer coisas, até mesmo do guru.
hari hara om tat sat
Krishnapriyananda Swami
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O contato com grandes almas, que realizaram a verdade é de grande ajuda. Ler a escrituras, dar caridade, e fazer Sadhana apenas, talvez não dê realização de Deus. Uma alma realizada em Deus pode despertar e acender outra alma. Mas nenhum guru pode dar a fórmula secreta para a autorealização, sem a graça de Deus. Está dito que o nascimento humano, a fé em Deus, e a ajuda de um Sadguru vêm apenas pela graça de Deus. Os Vedas dizem: “quem conhece a terra, dá a direção que alguém deve tomar quando não sabe, e pergunta por ela (Rig-veda, 9.70.09). deve-se terminar a jornada por esforços próprios. As pessoas descobrem a verdade através de seus próprios esforços. A pessoa deve cruzar o rio pelo seu próprio barco, nas águas turbulentas do mundo. As pessoas descobrem a Verdade por seus próprios meios. Krishamurti disse: “Os preceitos da Verdade são essencialmente um processo individual”. Assim como o espectro da luz solar não é totalmente visível para visão humana sem um prisma, do mesmo modo, nós não podemos ver a luz de Brahman sem a graça do guru, Deus e do Gita.
Pessoalmente, nós sentidos que qualquer um que não compartilhe o conhecimento plenamente não ajuda nem o seu próprio progresso espiritual, e o progresso da sociedade, e dos seguidores. Os gurus Orientais devem aprender a arte de distribuir como o Ocidente. O progresso material do mundo deve-se principalmente a distribuição do conhecimento técnico e cientifico. Qualquer pessoa, que reúna o mínimo requerido, pode aprender qualquer coisa nas universidades, nos Estados Unidos. Os custos são acessíveis, e o que se requer não é muito difícil de reunir. Esse não é o caso com os assim chamados “mestres espirituais”, como eles têm escrito grosso modo. Mas apesar disso, se não todos, os mestres espirituais indianos (a quem este escritor tem encontrado nos Estados Unidos ou na Índia), são muito miseráveis. De fato, eles não estão servindo às pessoas, ou a seus discípulos. Eu espero que este artigo promova um conceito de verdadeira distribuição da riqueza espiritual, pelo possuidor da riqueza, para erguer a humanidade. O Senhor Krishna condenou àqueles que não ajudam os outros com o serviço abnegado ou Seva, num verdadeiro serviço, ou Nishkaam Karmam Yoga.
Os Vedas proíbem a venda de Deus de qualquer forma. Eles dizem: “Ó magnífico Senhor! de incontáveis riquezas, eu não venderei a Vós por qualquer preço (Rigveda, 8.01.0). A regra de um guru é que guie e dê, não que seja um “ usurpador”. Antes de aceitar um guru humano, deve-se, primeiro ter – ou desenvolver – plena fé no guru, e desconsiderar o lado débil do guru, não levando isso em consideração; pegue a pérola da sabedoria e jogue fora as cascas das ostras. Se não for possível fazer isso, então deverá lembra-se que a palavra “guru”, também significa “luz do Jñana”, o verdadeiro conhecimento transcendental, que dissipa a ignorância e a ilusão, trazendo-nos a luz – automaticamente – de Para-Brahman, o Param guru interno, quando a mente está devidamente purificada, por meio de um Sadhana sincero, Seva e rendição (Gita, 4.38). Deve-se seguir as escrituras com fé, especialmente nesta era onde é muito difícil de encontra um Sadguru.
Há quatro categorias de gurus: o falso guru, guru, Sadguru, e Paramguru. Nesta atual era, há muitos falsos gurus, que dizem ensinar (ou dar um Mantra), por um preço. Estes falsos gurus são mercadores de Mantra. Eles pegam o dinheiro dos discípulos para preencher as suas necessidades materiais, sem dar o Taartamya-vidyaa, ou Brahaman-jñanan, o verdadeiro conhecimento de Brahman. O Santo Tulasidas disse que, “pegar o dinheiro (ou qualquer tipo de Seva – serviço) dos discípulos e não remover a ignorância deles sobre a metafísica do Ser, é conduzi-los ao inferno (Tualasi Ramayan, 7.98.040). Jesus, também, disse: “Vigiais os falsos profetas; eles vêm para você como ovelhas pelo lado de fora, mas na realidade eles são lobos por dentro (Mateus, 7.15).
Um guru é quem deverá distribuir o verdadeiro conhecimento e dar o completo entendimento sobre Sat e Asat. O significado mais comum da palavra “guru”, diz respeito a uma pessoa que é experiente num determinado assunto ou matéria, um professor ou guia. Desta forma, qualquer um pode distribuir o conhecimento, qualquer que seja o que possua, material ou espiritual, tornando-se nosso guru. O Rishi Dattatreya teve vinte e quatro gurus, tanto humanos bem como não humanos, tais como: terra, água, fogo, céu, ar, sol, lua, bem como alguns pássaros, animais, e insetos, porque Ele aprendeu lições com aqueles seres.
Um Sad-guru é um mestre realizado, conforme mencionado no Bhagavad-gita, 4.34. Um Sadguru ajuda o devoto a manter a Consciência de Deus todo o tempo, pelo seu próprio poder espiritual. Quando, então, o Antah-karan, os sentidos sutis como a mente e o intelecto, está purificado. O Senhor Supremo, Sri Krishna, o Param guru, reflete-Se a Si meso no Chitta de um devoto, e envia um guru, ou Sadguru para ele.
Um verdadeiro guru é um doador. Ele jamais pede dinheiro ou taxa para um discípulo, porque ele depende de Deus, apenas. Um verdadeiro guru não deverá pedir qualquer coisa para um discípulo, ou pessoa, ou mesmo por um ganho organizacional. Portanto, um discípulo está apenas obrigado a fazer o melhor possível para ajudar a causa do guru, se de fato quer ajudar a promover o seu beneficio e dos outros.
A meta da Gita Society (IGS) é guiar e servir as pessoas sem uma taxa. Todos nossos serviços são absolutamente gratuitos. O sábio Yajñavalkya, e seu pai, também acreditavam que não se deve aceitar qualquer taxa de uma pessoa sem dar para ela instruções e entendimento (Brihadaaranyaka Upanishad, 4.01.01), de Aksharaateet ou Para-Brahman; Akshara ou Brahman, e Kshara ou Narayan, e Suas várias expansões como: Param-Siva, Paramaatma, Avyakt, Gaayatri, Durgaa, Kaali, Brahmaa, Vishnu, Mahesh, Purush, Maaya, Prakriti, e Jiva, junto com suas funções de relacionamentos, com algum e apenas o Deus Supremo. Esta é a maravilhosa tradição védica, que se algum modo se perdeu, devido aos conflitos pessoais e de interesses de organizações dos interesses dos gurus modernos.
Nosso próprio Atman está dentro de todos nós é nosso Paramguru. No lado de fora, os professores apenas auxiliam-nos no começo da jornada espiritual. Nossa própria mente, quando purificada pelo Nishkaama Karma, oração, meditação, Japa, Kirtana (canto congregacional dos Santos Nomes), e estudo espiritual, torna-se o melhor canal e guia para o fluxo do conhecimento espiritual (veja-se, Gita, 4.38, e 13.22). A pessoa Divina dentro de todos nós é o nosso Paramguru, e todos devem aprender a sintonizar-se com Ela. Está dito que um não há guru maior do que a própria mente. Uma mente pura torna-se um guia espiritual e um guru interior divino, conduzindo-nos ao Sadguru, e autorrealização. É um dito popular que expressa que o guru aparece quando o discípulo está pronto. A palavra “guru” também significa “grande”, e é usada para descrever Brahman ou Paramaatam, o Paramguru e o guia interno.
O sábio mestre espiritual desaprova a idéia de cegar uma pessoa pelo serviço pessoa, ou culto ao guru, o quem é muito comum na Índia, e está sendo importado para cá. Um mestre espiritual auto-realizado que apenas Deus é o verdadeiro guru, e que todos são discípulos de Deus. Um discípulo deverá ser como uma abelha na procura do mel nas flores. Se uma abelha não consegue o mel numa flor, ela vai imediatamente para uma outra flor procurando pelo mel nela, trazendo o néctar. A idolatria cega de adorar um guru humano é um grande obstáculo no progresso espiritual, tanto do discípulo como do guru, e traz a queda do Hinduismo.
Deve-se seguir as Escrituras de sua própria escolha, com fé firme, especialmente nesta era onde é muito difícil de encontrar um verdadeiro guru. Aderir aos elevados ensinamentos contidos nas Escrituras irá evitar todo o mal, e levará para bondade. Se uma ponte é construída, mesmo uma formiga poderá facilmente cruzar um rio, não importando quão grande seja este rio. Similarmente, as Escrituras são pontes para cruzar o rio do Samsara.
A ignorância do verdadeiro conhecimento metafísico (Ajñanan), é o grande predicamento para a humanidade, e a raiz de causa de todos os males no mundo hoje. Há apenas um único e mesmo Deus, e todas as criaturas são Seus filhos, então é uma tolice brigar em nome do Pai! Em algumas religiões, no entanto, apenas alguns de seus membros de alguma seita são considerados favoritos de Deus, e outros são considerados infiéis. Os Vedas dizem, “Se deixe os nobres pensamentos virem até nós de todos os lados” (Rig-veda). Os ensinamentos das diferentes religiões são diferentes expressões do mesmo Supremo. Eles devem ser respeitados, e não considerados como sendo instrumentos de divisão. A dignidade e o bem-estar da humanidade repousa na unidade de raças e religiões. O verdadeiro conhecimento da religião quebra todas as barreiras, incluindo as barreiras existentes entre as fés. Qualquer religião, profeta, pregado, santo, Mulla, ou Pracharaj, que cria muro entre as pessoas, e ínsita o conflito e o ódio entre as pessoas em nome de Deus, não é um religioso, nem tampouco religião, mas um disfarce político egoísta.
Nós lemos na mídia, tanto na Índia como nos EUA, sobre homens santos, Swamis, e gurus, que se envolvem em atividades imorais e criminosas. Isso é uma clara sugestão que a roupa de cor açafrão não é sagrada. De fato, na Índia, muitos contrabandistas, bandidos e ladrões disfarçam-se de açafrão. Nos EUA, há muitos gurus falsificados, que trabalham por dinheiro, nome, fama e para a satisfação dos seus desejos materiais. Muitos destes falsos gurus não entendem as escrituras Védicas, e começam seus próprios ramos de “hinduismo”, e mais adiante declaram-se a si próprios como sendo Bhagavam (Deus), ou com algum outro nome pomposo. Eles distorcem os significados das Escrituras, citando passagens como: guru é Brahma, Vishnu, e Siva.. guru é tudo... então, dêem tudo para mim... estes “gurus” não sabem que nós podemos evocar as forças potenciais de energia cósmica pela contemplação da Deidade. Tais “gurus” sequer defendem o Hinduismo quando Ele é atacado, nem pregam para os pobres, doentes, pessoas consideradas inferiores, como Dalits, e outros fora da Índia.
Nos tempos históricos, havia muitos gurus como Vishmamitra, Vashishtha, Adi Sankaracharya, Ramkrishna, Dayananda Sarasvati, Vivekananda, Yogananda, Nanak Dev, Buddha, Mahama Mahavi, Cristo, Maomé, etc. Ainda hoje há muitas grandes almas que estão pregando e espalhando o Verdadeiro Conhecimento Védico. Então, aqui não estamos contra os gurus, mas apenas avisando para tomar cuidado com eles.
Não pense que qualquer um que veste açafrão ou outro tipo de roupa sectária é um Jñani ou guru naturalmente. Seja muito cuidadosa antes de aceitar um guru, e tocar os seus pés. E lembre-se do ditado indiano: “paani piyo chhaan kar guru chuno jaan kar”, (Beba a água após filtra-la, e aceite um guru após completo conhecimento sobre Ele). Se ainda você não encontrou um verdadeiro guru, espere e lembre-se do que disse guru Nanak: “O melhor de todos os esforços é sempre se lembrar e repetir os Nomes de Deus dentro do templo do seu próprio coração”.
“Render-se cegamente a uma autoridade (guru), é uma indulgência emocional, e uma ilusória segurança, na qual o guru prospera”. Lembre-se sempre do verso sânscrito, dito pelo Senhor Krishna: “Shri Krishnam Vande Jagad-gurum, [curvo-me diante do guru universal, Sri Krishna]”
Om Tat Sat