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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Barbarik, o mais poderoso guerreiro conhecido

Barbarik, o mais poderoso guerreiro conhecido

Histórias do Mahabharata
tradução e adaptação de 

Swami Krsnapriyananda Saraswati – Olavo DeSimon
Gita Ashrama – outono de 2017

Barbarika doa sua cabeça para Krishna
fonte: Wikipedia



Exórdio
“Está escrito”.
Nenhuma sentença é tão verdadeira como essa: “Está escrito!”. Na Filosofia da Linguagem, há uma ocupação com o sentido de uma expressão, mas na visão étimo-filológica, há uma ocupação com o sentido e origem de uma palavra, a qual nos revela o quanto uma palavra é importante. Algo diferente do que conhecemos como “etimologia”. Alguém pode achar que essa colocação é poética, mas o leitor saberá perfeitamente compreender que uma palavra pode causar mais danos que um soco. Por que será? Ora, se há uma perfeita definição de ser humano essa é, sem dúvida, a sua capacidade de fala, e a capacidade de expor a consciência através dela. Fala é “exteligência”, ou seja, ao contrário da “inteligência”, que significa “colocar para dentro”; a fala é o ato “exteligente” de manifestar o pensamento e a consciência de alguém. A escrita por fim, o seu corolário humano.

Seguindo com os textos épicos indianos, o texto a seguir nos apresenta a verdadeira origem étimo-filológica da palavra “bárbaro”, e suas palavras derivadas. Não causa espanto naquele filólogo e linguista que estuda as raízes das línguas “hindu-europeias”, mas nos deslumbra a importância da limitação ideológica, que no mais das vezes, tenta levar as palavras para os conceitos limitados de uma visão comprometida com juízos de valor egoicista. Felizmente, o estudo e despojamento ideológico de uma investigação limpa, e despojada de segunda intenções, nos mostra que temos muito, mas muito mesmo, para aprendermos com as antigas culturas que deram início à nossa. Mitos, crenças, palavras, hábitos e costumes que possuímos e temos, provavelmente, têm uma origem num passado distante que sequer sabemos de onde vêm. Mas as palavras nos dão as pistas.

Ahilawati abençoa as armas
recebidas de Shiva
Barbarik
Barbarik era neto de Bhima, e filho de Ghatotkacha. Tendo aprendido a arte da guerra com sua mãe, Ahilawati ou Maurvi (lê-se mauruí) uma poderosa rakshasa. Desta forma, Barbarik tornou-se um dos guerreiros mais corajosos de seu tempo. Contente com seus talentos e austeridades, o Senhor Shiva concedeu-lhe três flechas especiais, e um arco especial de Agni, o deus do fogo.

Diz-se que Barbarik era tão poderoso que a guerra do Mahabharata poderia terminar em 1 minuto, se só ele fosse lutar contra ela.

A história é assim:
No início da grande guerra (Mahabharata), o Senhor Krishna perguntou a todos quanto tempo levaria para terminar a batalha, se eles lutassem sozinhos contra o inimigo.
Bhisma disse que levaria 20 dias; Dronacharya disse 25 dias; Karna pediu 24 dias e Arjuna afirmou que levaria 28 dias para terminar a batalha.

Ansioso por assistir à guerra, Barbarik perguntou a sua mãe se ele poderia ir ao campo de batalha. Sua mãe concordou, mas perguntou a ele de que lado ele escolheria, se ele lutasse na batalha. Barbarik prometeu a sua mãe que ele iria se juntar ao lado que era mais fraco. Dizendo isto, ele viajou para visitar o campo de batalha.

Ouvindo o interesse de Barbarik pela guerra, Krishna decidiu testar sua força, e apareceu diante dele disfarçado de brâmane. Krishna lhe fez a mesma pergunta: se Barbarik lutasse sozinho na batalha contra o inimigo, quantos dias levaria para terminar a guerra.

A resposta de Barbarik foi, de 1 minuto!

Shiva medita, enquanto Krsna o saúda.
Surpreendido com a resposta, especialmente quando Barbarik tinha apenas três flechas e um arco na mão, Krishna questionou sua resposta. Barbaric explicou o poder de suas armas:

· A primeira seta indicaria todos os objetos que Barbarik queria destruir.
· A segunda seta indicaria todos os objetos que Barbarik queria salvar.
· A terceira seta irá destruir todos os objetos marcados pela primeira seta OU destruir todos os objetos não marcados pela segunda seta.

E no final disto, todas as setas retornariam a aljava. Krishna, ansioso para testar isso, pediu a Barbarik que amarrasse todas as folhas da árvore em que estava. Quando Barbarik começou a meditar para realizar a tarefa, Krishna tirou uma folha da árvore e colocou-a debaixo do pé, sem o conhecimento de Barbarik. Quando Barbarik soltou a primeira flecha, a flecha marcou todas as folhas da árvore, e começou a girar em torno dos pés do Senhor Krishna.

Krishna perguntou a Barbarik por que a flecha estava fazendo isso? E Barbarik respondeu-lhe que deveria ter uma folha sob seus pés, e pediu que Krishna levantasse sua perna. Assim que Krishna ergueu a perna, a flecha também marcou a folha restante.

Este incidente preocupou o Senhor Krishna sobre o poder fenomenal de Barbarik com as flechas, sendo verdadeiramente infalíveis. Krishna também percebeu que no campo de batalha real, uma vez que queria isolar alguém (por exemplo, os 5 Pandavas) do ataque de Barbarik, então percebeu que não seria capaz de fazê-lo, já que mesmo sem o conhecimento de Barbarik, a seta iria adiante e destruiria o alvo, se Barbarik assim o pretendesse.

Krishna perguntou a Barbarik, de que lado ele estava planejando lutar na guerra? Barbarik respondeu que, uma vez que o Exército Kaurava era maior do que o Exército dos  Pandavas, e por causa desta condição, ele havia concordado com sua mãe que lutaria por estes. Mas o senhor Krishna explicou o paradoxo da condição, uma vez que tinha concordado com sua mãe, uma vez que ele era o maior guerreiro no campo de batalha, assim, o lado que se juntaria faria o outro lado mais fraco. Então, eventualmente, ele iria acabar oscilando entre os dois lados e destruir todos, exceto ele mesmo.
Assim, Krishna informou Barbarik a real consequência da palavra que ele tinha dado a sua mãe. Krishna (ainda disfarçado como um brâmane) pediu a cabeça de Barbarik em caridade, para evitar seu envolvimento na guerra. Depois disso, Krishna explicou que era necessário sacrificar a cabeça do maior Kshatriya, para adorar o campo de batalha, e que ele considerava Barbarik como o maior Kshatriya daquele tempo.

Antes de dar a cabeça, Barbarik expressou seu desejo de ver a batalha de perto, a que Krishna concordou, colocando a cabeça de Barbarik sobre a montanha que dominava o campo de batalha. No final da guerra, os Pandavas discutiam entre si qual era a maior contribuição para sua vitória. Krishna sugeriu que a cabeça de Barbarik deveria ser autorizada a julgar isso, uma vez que assistira à guerra inteira.

A cabeça de Barbarik disse-lhes de que somente Krishna era o responsável pela vitória na guerra; foram os conselhos de Krishna, sua estratégia e sua presença, elementos cruciais na vitória dos Pandavas.

Fontes: Quora
Wikipedia: Barbarika

https://en.wikipedia.org/wiki/Barbarika