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quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Lila de Virochana, Indra e Prajapati

O Lila de Virochana, Indra e Prajapati
(como entender o Ser)
Chandogya Upanisad

Swami Krsnapriyananda Saraswati
Gita Ashrama
2011



Indra o Deva ariano por sobre o seu veículo


A mitologia da Índia é rica em histórias-exemplo, para auxiliar o buscador da Verdade Suprema na realização do que realmente somos. É dito que Prahlada Maharaj, devoto de Narayana, filho de um rei demônio conhecido como Hirayakasipu, teve um filho, também Asura, chamado Virochana. 

O Lila ou passatempo que contaremos a seguir conta como certa feita Virochana, um Asura e o poderoso Indra, um Deva, controlar dos céus, aproximaram-se de um Sadhu, progenitor do mundo, conhecido pelo epíteto de Prajápati. Ambos haviam escutado sobre a importância do Brahman através do Mahavakya (grande dito), "Aham Brahma Asmi", "Eu sou Brahman". Mas como quase sempre acontece, na maioria dos casos, as pessoas entendem de forma equivocada o real significado das palavras empregadas no Vakya, para então instruí-las sobre Brahma-Vidya, ou conhecimento sobre Brahman; por isso, valerá a pena recordar a história de Virochana (conforme está no Chandogya Upanisad):

Certa feita, o Senhor Īṇdra e Virochana, aproximaram-se de Prajāpati para aprenderem sobre Ātma-Vidya (conhecimento sobre o Ser). Eles anteriormente passaram por uma rigorosa disciplina do discipulado, por um período de trinta e dois anos. Desde então, Prajāpati havia dito para eles: Olhem para vocês mesmos num copo com água, e então, seja qual for de vocês que não entender sobre o seu Ser, venham e me perguntem”. No que eles responderam: “Nós vemos a nos mesmos como somos”. 

 


Então, Prajāpati pediu-lhes que eles se vestissem com as melhores roupas, e olhassem novamente para o copo. Eles assim fizeram, e narraram para Prajāpati que eles tinham contemplado a eles mesmos. Ouvindo isso, Prajāpati disse: Isso quer dizer o Ser, o Ser imortal”.

 


Então ambos retornaram para as suas respectivas moradas, plenamente satisfeitos sobre o Vidya que haviam recebido. Prajāpati disse para si mesmo: “Ambos foram-se sem terem percebido e sem terem conhecido a Verdade ou o Ser, e quem quer que entre os dois, sendo Devas ou os Asūras, que seguirem esta doutrina irão perecer”.


Virochana com o coração satisfeito pregou entre os seus seguidores: “O ser, o corpo, é o que deve ser adorado”, e assim por diante. Mas Īṇdra, antes de retornar ao mundo dos Devas, experimentou uma certa dificuldade em convencer-se da doutrina de que o corpo era o Ser. Então ele voltou para Prajāpati, e após um segundo período de trinta e dois anos, seguindo as regras discipulares de disciplina, aprendeu que o Ser sonhando era o verdadeiro Ser. Estando insatisfeito, apesar disso, ele soube que o Ser dormindo profundamente era o Ser. Finalmente, depois de uma austeridade de cento e um anos, ele aprendeu que o real Ser está acima de todas as implicações individuais.


A história acima não é contada sem propósito. Muitos aspirantes no caminho espiritual não têm paciência para considerar o profundo significado das palavras empregadas para instruí-los. Como William Cobbett coloca, As palavras são armas de duplo sentido; quando apropriadamente entendidas, elas irão ajudar alguém de todas as maneiras possíveis. Quando incorretamente entendidas, elas irão prejudicar o progresso de alguém”. Assim, então, ocorre com as palavras do Vakya: Tat, Tvam e Asi. Seus verdadeiros significados podem ser entendidos apenas após uma longa, detalhada e cuidadosa consideração.


om tat sat
Glossário
Atma = o Ser
Brahman = Absoluto; Ser universal (não confundir com Brahmá, o criador material)
Prajapati= progetinor
Sadhu= sábio.
Vidya= conhecimento
_______
Veja esta história contada de forma diferente

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