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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Kamakhya, uma forma feminina do divino

Kamakhya, uma forma feminina do divino
Mitologia indiana clássica

Swami Krishnapriyananda Saraswati – Olavo DeSimon
Gita Ashrama – outono 2017

Kamakhya yoni, deidade no interior do templo


O mítico feminino
Diferente das religiões abraâmicas, a filosofia do Tantra (teia; rede) tem no culto à divindade ou devoção à forma feminina de adoração ao divino, algo muito vivo, ativo, atuante e pungente. Sendo uma das mais antigas tradições religiosas existentes, o culto a Devi permanece tão ativo hoje quando no passado. Não sabemos quando foi que deus virou macho pela primeira vez, mas a história religiosa da humanidade nos mostra que todas as religiões do passado iniciarem como um culto ao feminino, principalmente pelo fato de que é a mulher quem gera, portanto, origina a vida, e o macho apenas controla. Assim, sabe-se porque Vishnu, por exemplo, é tido como o supremo macho; o controlador supremo. A visão e cósmico divina dos povos do passado era bem mais objetiva do que a mítico e poética que hoje temos da divindade. Achados arqueológicos no Indus Valley, mostram-nos claramente que o culto à divindade feminina era predominante, sendo o Shaktismo anterior aos faraós no Egito. Kamakhya é uma das tantas e inúmeras divindades femininas da Índia, onde Aditi, Durga, Uma, Saraswati, Kali, Lajja Gauri, entre milhares de outras formas da Shakti, são adoradas com a mesma fé e devoção às formas masculinas do Absoluto. É provável que o Shaktismo seja a manifestação religiosa mais antiga do mundo. Percebemos isso em pinturas rupestres no Vale do Indo, pertencente a época dos homens da cavernas.

Pintura rupestre no Vale do Indu,
retratando o culto a Devi
A adoração à Kamakhya na Índia é tão fervorosa ou mais quanto o culto à Virgem Maria no Ocidente, essa, por sua vez, também tendo vários nomes e vestes diferentes, dependendo da região que é adorada. Na Índia, o fervilhar da fé no aspecto feminino da divindade, é algo que pode facilmente chocar uma mente acostumada a pensar em deuses masculinos poderosos, mas um devoto de Devi não diferencia o divino, seja na forma masculina ou feminina. Talvez seja essa a razão porque os ocidentais têm a tola ideia de que na Índia há “milhões de deuses”, não sabendo ver na sua própria fé as inúmeras formas femininas da divindade, seja ela representada como mãe de deus, entre os católicos, ou como um Linga, entre os muçulmanos em Meca, ou então as mulheres que libertaram os judeus em vários momentos históricos.

Devi é uma das maiores manifestações da adoração da divindade no seu aspecto feminino, e o número de adoradores é gigantesco. É provável que tenha igual número de adoradores de Shiva, seguido de Ganesha, seguido de outras formas de adoração da divindade, porém em menor número, como Karthikeya, Vishnu e seus representantes como  Rama e Krishna,


Kamakhya a deusa que menstrua
Anualmente em Assam, estado localizado no nordeste da Índia, milhares de jovens mulheres realizam uma peregrinação ao templo dedicado a deusa Kamakhya. O objetivo principal, é quererem se tornar mães. No interior do templo, o objeto de adoração é uma yogi (vagina simbólica), a qual se refere à deusa em si mesma. Kamakhya é tida como um avatara da Shakti todo-poderosa, a qual menstrua.

O mito
A história de Kamakhya aparece principalmente nos Puranas, Shiva e Vishnu. É dito que Daksha, o patriarca filho de Brahma, realizou um sacrifício (yajña) para ter a força primordial ou Shakti como sua filha, tendo essa o nome original de Sati. Quando Sati alcançou a maioridade (pela tradição é quando ocorre a menarca), ela escolheu o Senhor Shiva como seu esposo. Mas seu pai, Daksha, detestava o estilo de vida, nada ortodoxo, de Shiva, o qual se caracterizava pelo pouco caso às convenções sociais, e respeito aos valores tradicionais. Também é dito que Daksha ficou furioso pelo fato de Shiva não ter feito reverências (curvando-se) diante dele, não dando atenção ao futuro sogro. Apesar da relutância de Daksha permitir que sua filha casasse com Shiva, ela insista em casar-se com ele, indo morar com Shiva mesmo contra a vontade de seu pai. Considerando essa rebeldia de Sati como uma grande ofensa, ele decidiu puni-la, bem como a Shiva.

Shiva carrega o corpo de Sati
Daksha organizou um enorme sacrifício (yajña), convidando todos os semideuses, bem como Brahma e Vishnu, mas não convidou Shiva e tampouco Sati. Mas Sati considerou que seu pai estava sendo negligente, porque exigia que Shiva respeitasse as tradições, mas agora, pelo fato de não convidar Shiva e nem ela, sua filha, ele estava sendo incoerente e negligente. Sati, então, insistiu que Shiva fosse até o altar do sacrifício, mas Shiva negou-se dizendo, “Não irei de modo algum; seu pai me insultou de propósito. Uma vez que você tem um dever para com o seu pai, eu não lhe pedirei que não vá, mas terá de ir sem mim”. Ficando muito sentida, Sati foi até o local do sacrifício.

Chegando no local onde acontecia o sacrifício, Sati não foi recebida, ficando ignorada no evento. Sendo a mulher que era (shakti significa poder feminino absoluto), ela decidiu admoestar o seu pai dizendo: “Eu prefiro morrer do que ter esse desonroso tratamento injusto e horrível, que está sendo dado ao meu marido”! Assim, estando resoluta em suas palavras, ela resolveu saltar dentro do fogo do sacrifício. Contudo, mesmo Agni, o semideus do fogo, não podia queimá-la. Então, ela evocou seu poder imensurável e entrou em autocombustão, mantendo-se na posição de lótus, incinerando-se a si mesma.

Shiva ficou muito triste e perturbado com isso. Dirigindo-se ao local do sacrifício, recolheu o corpo incinerado de Sati, e decidiu realizar a dança da destruição, Tandava. Temendo pelo fim do mundo, Vishu enviou a Sudarshana Chakra (um disco de destruição) que rasgou o corpo de Sati em 108 pedaços, os quais se esparramaram por sobre todo o continente indiano. Segundo a tradição, esses lugares são conhecidos como Shakti-pithas (locais de peregrinação).

O templo de Kamakhya
Templo de Kamakhya
Um daqueles locais, considerados Shakti-pithas, é o templo de Kamakhya,  o qual fica localizado no estão de Assam. É dito que a parte que caiu naquele local fora o ventre de Sati. Portanto, a mítica yoni está instalada no chamado Garbhagriha (casa do ventre), o local do templo. A divindade do tempo leva o nome de Kamakhya devido ao fato de que Kama, o deus do amor e da procriação, certa feita perdera a virilidade devido a uma maldição, e procurou o ventre de Sati para libertar-se. Desta forma, o nome do templo, “kamakhya” advém do deus Karma. Também é dito que o local era costume ser usado para Shiva e Sati para encontros amorosos.

Ambubachi Mela
Arredores do templo
Um festival em homenagem a Kamakhya, conhecido como Ameti ou festival tântrico da fertilidade, é realizado no mês de Ashaad (junho), em Assam, onde é dito que a deusa sangra, dando uma coloração avermelhada às águas do rio Brahmaputra. Nesta ocasião, o altar do templo permanece fechado, e toda a comunidade comemora a Shakti, a festividade de procriação feminina.

Na ocasião, há centenas de anos, um festival de cores, músicas, reunindo pessoas de todos os lugares da Índia e do mundo, torna-se um desfile de fé e renovação no poder feminino da Shakti.

Video de cenas pitorescas do festival Ameti



Para saber mais
- O Tempo de Kamakhya; site oficial do templo
- Ambubachi Mela: Wikipedia (inglês)




quarta-feira, 3 de maio de 2017

Um Momento de Gratidão - O Nascimento de Shanmukha

Um Momento de Gratidão - O Nascimento de Shanmukha

Swami Krsnapriyananda Saraswati - Olavo DeSimon

Mitologia indiana
Gita Ashrama - Outono, 2017


Murugan, com sua lança e transporte celeste (pavão real)

Preâmbulo
A mitologia indiana védica é riquíssima, e, provavelmente, suas narrativas influenciaram toda a Ásia, bem como o Ocidente, com a sua visão cosmogônica e teogônica. Contudo, os aspectos peculiares de cada lila (passatempo) que aparece nas narrativas da chamada “mitologia hindu” estão repletos de conteúdos morais, e como sabemos, são assuntos pertencentes aos mitos de todos os povos, além disso, os mitos indianos nos mostram a natureza divina e um princípio cósmico e universal permanente incoativo em tudo e em todos. Na mitologia indiana, é Impossível separarmos o cosmos, as estrelas, os planetas, os cometas, os meteoros, os nomes dos personagens e suas personalidades com eventos cósmicos e antropogênicos, e assim por diante. Notável é, também, a relação íntima entre o universo-macrocosmos com o universo-microcosmos, no que somos todos nós. A ideia de “teia” (Tantra), hoje difundida como “rede”, constitui-se a base fundamental do mito e do pensamento hindu. É por isso que a chamada “lei do karma” é tão surpreendentemente fecunda no campo tanto das coisas físicas como psíquicas. Mal interpretado no Ocidente, o princípio do karma defende que apenas objetivamente (na aparência temporária das coisas), é que temos nomes, formas, atribuições, e tudo aquilo que o mundo fenomênico nos mostra, mas, de fato, são modificações de uma mesma e singular substância primordial: o Absoluto.

Além dos aspectos mitológicos em si mesmos, presentes nas narrativas hindus, o leitor irá encontrar uma série de termos-palavras dos quais derivam muitos vocábulos usados no Português, e que também estão em outras línguas, as quais possuem “origem  hindu-europeia”, dando um nuance muito especial para o aspecto étimo-filológico - o sentido original de uma palavra - adicionando, assim, uma pitada da rica história da gênese e do sentido dos significados dos nomes contidos nas palavras. O primeiro exemplo é a própria palavra mito, a qual advém do Sânscrito, “medh” ou “midh”, tendo, entre outros, o significado de “entendimento”; “sabedoria”; “compreensão”, e, nos remete para narrativas de “formas e força extraordinárias”, as quais aparecem nas histórias através dos tempos. Gregos, Romanos, e outros povos do passado, herdaram, assim, a palavra, o termo e o significado original de mito. Conforme CIVITA (1973, p. 3), “Dentro da narrativa mítica esconde-se um aspecto, um núcleo, que encerra uma verdade... o mito relata uma ‘história verdadeira’, na medida em que toca profundamente o homem...”

Por outro lado, o leitor atento perceberá que há um conteúdo “esotérico” (interno; velado) e outro “exotérico” (externo, comum) nos mitos da Índia, e, quiçá, em toda a mitologia conhecida. É por isso que é sempre recomendado ler e reler as narrativas e estabelecer um elo entre a cosmogonia e a teogonia hindu. E a palavra-chave, aqui, é “despojamento”, desde que pelo viés particular o social que alguém está engajado, certamente, não será possível avançar-se na compreensão mitológica indiana. De algum modo muito peculiar, todos somos fruto das estrelas.

O que é notável nesta presente narrativa do aparecimento do chefe de todos os guerreiros celestes, Karthikeya, além de ser altamente imaginativa, é o modo como ele foi nutrido pelas estrelas, Krittikas, bem como esteve acolhido por Agni-deva, e, por fim, onde Śiva reconhece e agradece a cada um, dando epítomes como Shanmukha, Murugan, Skanda, Kumara, Vishakha, Subramaniyam, entre outros tantos, para o menino cuidado pelas estrelas. Pode ser que possamos implementar isso também em nossas vidas. Muitas vezes somos rápidos em esquecer daqueles que nos ajudaram ao longo da nossa existência terrena, mas olhando bem de perto, todos temos um pouco de um e arremedo de outro, tendo muitas faces, bocas e olhos, e pode ser que nem sequer nos demos conta disso.

O Nascimento de Shanmukha
O Senhor Shiva ficou imerso em profunda meditação, depois de perder sua esposa Sati[i]. Tirando proveito deste estado de Shiva, o demônio Tārakāsura ofereceu uma longa e dura penitência, de mil anos, ao Senhor Brahma, e, assim, obteve uma bênção: "Que minha morte venha apenas nas mãos de um menino que seja filho do Senhor Shiva".

As atrocidades de Tarakasura entre os deuses, sábios e devotos, se tornaram insuportáveis ​​depois disso. Os deuses perseguidos, se uniram e lançaram um grande plano. Eles incentivaram o casamento de  Shiva e Parvathi, ​​com a ajuda de Kama, o deus do amor.

No entanto, após o casamento, mesmo depois de várias centenas de anos, não havia nenhum sinal do casal sair de seu palácio em Kailasa. Os Deuses, agora desesperados, debateram seu próximo plano: "Se o Senhor Shiva e a Deusa Parvathi não tiverem um Filho em breve, então vamos perder o paraíso para este demônio Taraka. Vamos conversar com eles”.

Nandi, o assistente de Shiva, guardava a porta do palácio em Kailasa. Ele recusou a entrada para os visitantes. Então, eles planejaram, mais uva vez: "Vamos cantar alto, louvores a Shiva,  daqui. Ele, certamente, vai sair para nos receber. Ele é um Deus bondoso”. Como esperavam, Shiva, depois de ouvir as preces dos deuses e sábios, saiu e foi tomado de surpresa: "O que traz todos vocês para minha morada?", Perguntou Shiva.

Na reunião, agora animada momentaneamente, explicou-se a Shiva como estavam ansiosamente, esperando seu filho nascer. Shiva pensou por um momento e então disse: "Vou liberar essa energia do meu corpo agora. Vocês cuidam disso, e um menino nascerá dela."

A felicidade dos Deuses não conhecia limites. Mas quando eles perceberam que a energia emitida por Shiva era insuportavelmente quente, eles empurraram o deus do fogo, Agni, para a frente, dizendo: "Pegue a energia, Agni!" E ele o fez. Depois de um tempo, o próprio deus do fogo estava em chamas! "Eu tenho que tirar isso de mim. Este calor é mais quente do que qualquer coisa que eu senti até agora.” Assim, Agni transferiu a energia para os corpos de seis Krittikas (exceto Arundhati), as esposas de Saptarshis (sete sábios).

Krittikas (Plêiades ou M45)
As delicadas Krittikas começaram a queimar com o calor da luz branca que tinham recebido com entusiasmo de Agni. Elas rapidamente lançaram-na no Himalaya. Quando a neve começou a derreter, Himavantha fez flutuar a energia até o rio Ganga (Ganges). A deusa do rio, secando-se do calor, depositou suavemente a energia na grama exuberante de Shara, em sua margem de rio.

E, no minuto em que a energia tocou a grama, uma criança, que emanava uma luz brilhante ao redor dela, se formou. Quando os gritos do bebê chegaram às Krittikas, elas vieram correndo para alimentá-lo. Então elas iniciaram uma disputa: "Ele é meu bebê", disse uma. "Como assim? Eu o dei de mim também ", disse a seguinte. O bebê, então, magicamente, fez crescer seis cabeças para apaziguar cada uma de suas seis mães adotivas! O pequeno adorável cresceu logo, para ser um menino valente sob o amoroso cuidado das Krittikas.

Shiva e Parvati, com Karthikeya e Ganesha
Enquanto isso, o Senhor Shiva e Parvathi estavam em busca frenética de seu filho. Os homens de Shiva, Ganas, finalmente localizaram o garoto que brilhava com uma refulgência igual ao do Sol.
"Nós estaremos eternamente gratos a você por ter criado nosso precioso filho", Shiva e Parvathi agradeceram a Krittikas, que, embora muito tristes, enviaram seu filho para seus legítimos pais.

Shiva e Parvathi então declararam: "Este nosso filho foi criado por muitas pessoas de bom coração. Queremos agradecer a todos eles. Ele será chamado Kartikeya por ser nutrido por Krittikas. Ele também será chamado Agney por ter sido levado por Agni; Gangeya por estar no ventre de Ganga, e Saravana, por ser protegido pela grama Sara.

O jovem Kartikeya, foi, então, nomeado por Śiva como comandante-em-chefe do exército dos deuses, e assim lutou e matou o poderoso demônio Tarakasura, restaurando a paz em todo o universo.


Glossário Sânscrito
Himalaya: lit. sânsc.: “morada da neve eterna”; cadeia de montanhas do norte da Índia.
Himavantha: lendária floresta que rodeia a base do Monte Meru (monte místico, considerado centro do mundo), onde a cadeia do Himalaya é considerada a localização física atual. O seu nome está, também, associado a criaturas míticas como Naga (povo serpente), Kinnara (criaturas metade homem/cavalo/pássaro, sendo a provável origem da palavra “quimera”) e Garuda (o condutor de Vishnu). Na mitologia budista, a árvore Nariphon, florescia naquela região.
Nariphon: “pronuncia-se: “naripon” sânsc: nari=“nascida”; “phalak”= fruto;  também conhecida como “makkaliphona”; árvore na qual crescem frutos com formatos femininos, estando atados por suas cabeças (como maçãs). Na mitologia indiana, os Gandharvas (músicos guerreiros celestes), desfrutavam destas frutas com esse formato peculiar. Essa mitologia se espalhou para a Tailândia e entre os budistas.
Kṛttikās: também conhecidas como “kārtikās”, correspondendo as estrelas Plêiades, são chamadas de “esposas” dos sete sábios.
Saptarishis: lit. sânsc. “sete sábios”; estes sábios tem diferentes nomes em cada Manvantara ou era cósmica, segundo a mitologia do ciclo de criação  e destruição do universo ou ciclo de Brahma ou Manuvantara. Na atual era, os sete sábios são: Kashyapa, Atri, Vashista, Vishvamitra, Gautama Maharishi, Jamadagni e Bharadvaja. Também possuem correspondência com sete estrelas, as quais estão na constelação da Ursa Maior, então seus nomes são: Kratu, Pulaha, Pulastya, Atri, Angiras, Vashista, e Bhrigu. É dito que Vashista está acompanhado de sua esposa Arundhati (Alcor/80 da Ursa Majoris).
Shara: ou sânsc. śara, um tipo de gramínea medicinal, conforme a tradição do Ayurveda. É também referenciada como Inana ou Iśtar (da mitologia sumeriana). A expressão “savana”, bem como “caravana”, deriva-se deste tipo de grama.
Kailasa: conforme a mitologia hindu, trata-se da residência de Śiva, localizada no monte Kailāsaḥ ou Kailash (do sânsc. kelāsa= cristal), o pico da cadeia Kailash no Himalaya.
Shanmukha: do sânsc. “ṣaṇmukha”, tendo seis bocas ou faces.
Tārakāsura; do sânsc. “Meteoro”.

Referências bibliográficas
ZIMMER, Heirinch. Mitos e Símbolos na Arte e Civilização da Índia. 2ª impressão. São Paulo, Palas Athena, 1998.
___. Filosofias da Índia. 5ª reimpressão. São Paulo, Palas Athena, 2000.
CIVITA, Victor. Vol. 1, 1ª. Ed. Mitologia. São Paulo, Abril S.A, 1973.

Para saber mais
The Hindu Universe: Karthikeya-Subramaniya






[i] Satī é também conhecida como Dākṣāyaṇī (filha do rei Dākṣā), sendo considerada a deusa da felicidade matrimonial e da longevidade na mitologia hindu. Ela foi a primeira esposa de Śiva, o qual sempre vivia em isolamento asceta, na participação criativa do mundo. O ato conhecido como “satī”, na qual a viúva se autoimolava na pira de cremação do marido, como prova final de lealdade e devoção a ele, deve-se ao fato de que Dākṣāyaṇī ter feito isso em honra ao seu marido, quando seu pai desprezou Śiva deixando-O fora de um grande sacrifício e mantando matá-lO, o que é uma tarefa impossível. Após isso, Parvathi casou-se com Śiva, sendo, na verdade, uma reencarnação de Satī.