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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Chinnamasta

Chinamasta
Swami Krishnapriyananda Saraswati
prof. Olavo DeSimon

Sanatana Dharma Brasil
Porto Alegre,
2005-2012




Conta o mito que, certa feita, Srimati Parvati Devi foi banhar-Se no rio Madakini, com duas de Suas servas, Jaya e Vijaya. Após ter-Se banhado, a bela cor da Deusa tornou-se enegrecida, devido estar sexualmente excitada. Depois de algum tempo, Suas duas atendentes pediram-nA: “Dê-nos algo para comer, nós estamos com fome”. Parvati respondeu, “Eu lhes darei comida, mas, por favor, esperem”. Depois de um tempo, elas novamente pediram para Ela. Ela respondeu, “Por favor, esperem, Eu estou pensando em algo importante”. Esperando brevemente, elas imploraram: “Você é a mãe do universo; uma criança pede tudo para a Sua mãe; a mãe dá às crianças não apenas alimento, mas também roupas para cobrir seus corpos. Então é por isso que estamos pedindo alimento a Ti. Você é conhecida por Sua misericórdia; por favor, nos dê comida”. Ouvindo isso, Parvati disse-lhes que daria algo para comer tão logo alcançassem a casa. Mas novamente as duas servas pediram para Ela: “Nós estamos dominadas pela fome, ó Mãe do Universo; dê-nos alimentos, assim nós ficaremos satisfeitas, ó Misericordiosa, plena concededora de todos os desejos”.

Tendo escutado este pedido sincero, Parvati, cheia de misericórdia, sorriu, e então cortou a Sua própria cabeça. Tão logo Ela cortou a Sua cabeça, Ela a colocou sob a Sua mão esquerda. Três correntes de sangue emergiram do Seu tronco; as correntes do lado direito e esquerdo jorraram dentro das bocas das servas, e a do centro, para dentro de Sua própria boca. Depois de ter realizado isso, todas ficaram satisfeitas, e depois retornaram para a casa. Com isso, Parvati ficou conhecida como Chinnamasta

A representação
No imaginário visual, Chinnamasta é mostrada estando em cópula, na forma do casal Kamadeva e Rati, estando Rati por cima. Eles estão por sobre um lótus.

Há duas representações diferentes sobre a iconografia de Chinnamasta. Há o significado simbólico do controle do desejo sexual, e há outro que simboliza a incorporação da energia sexual da deusa. A interpretação mais comum é a de que Ela foi vencida pelo amor, representado na união de Kamadeva e Rati, sendo nomeado de desejo sexual e energia. Em todos os casos, significa autocontrole, como sendo a marca registrada de um Yogi.

Há uma interpretação, um pouco diferente, que diz que a presença do casal em cópula trata-se de um símbolo da Deusa, sendo carregada pela energia sexual do casal. Assim como um assento de lótus é tido como conferindo a Deidade que está por sobre ele, qualidades auspiciosas e pureza, Kamadeva e Rati transmitem para Deus, que está por sobre eles, o poder da energia gerada pelo amor de suas paixões. Jorrando acima, através do Seu corpo, esta energia flui para fora do Seu torso, para os pés dos Seus devotos, e também reabastece-A. é importante salientar que a atividade do casal não é oposto a Deus, mas uma parte integral do ritmo do fluxo de energia, que constrói o ícone de Chinnamasta.

Composição
A imagem de Chinnamasta é uma composição, que transporta para a realidade como um amalgama do sexo, morte, criação, destruição e regeneração. Impressiona-nos o fato de que a vida, sexo, e morte são partes intrínsecas de uma cena única, que faz o universo manifestar-se. O completo contraste no cenário iconográgico, a horripilante decapitação, o casal em cópula, o ato de as servas beberem o sangue fresco, estão arranjados de um modo delicado, num padrão harmonioso. Isso sacode o contemplador internamente, despertando as verdades da vida na morte, alimentada pela morte, a necessidade da morte, e que o destino final do sexo é perpetuar a vida, a qual por seu turno decai com e morre, para dar mais vida. A forma como está arranjado o ícone, a flor de lótus e o casal no coito, surge como um poderoso canal da força da vida dentro da Deusa. O casal desfruta do sexo como uma necessidade da Deusa; eles se espelham n´Ela com energia. No topo, como uma fonte transbordante, Seu sangue brota de Seu pescoço cortado, fazendo a força da vida deixa-lA, mas jorrando dentro das bocas de Suas devotas (bem como dentro de Sua própria boca), para nutri-las e mantê-las. O ciclo é rigorosamente retratado: vida, no casal em cópula; morte, na decapitação da Deusa (que não morre, porque a alma nunca morre); e a nutrição, no fato de as Yoginis beberem o Seu sangue.

Trascendental
Quem se atreva a superar a morte e alcançar a imortalidade? No Tantra, o sexo pode ser encarado como um processo de mera reprodução, então os praticantes são Pasus ou animais do rebanho, ou são Devas, que realizam o coito sagrado, Maithuna, tendo em vista a realização do Supremo, na forma de Devi. O Senhor Krishna, quem é Kali encarnado na Kali-yuga (por isso era de Kali, porque começa com a intervenção da Deusa), disse no Bhagavad-gita (7.11) que Ele é quem desfruta de tudo, e que Ele é o amor dos amantes e o próprio prazer sexual. Quem compreende isso, com certeza, não vê no sexo algo imundo ou impuro, mas um fator necessário para a realização do Supremo. Em última análise, é Devi quem desfruta, e o ciclo infindável de nascimentos e morte tem sentido na dimensão do amor cósmico e divino. Casos todos se dessem conta, e então reduzissem ao fato de que a finalidade da vida é, no final das contas, a morte do corpo, então, com certeza, sem a força da paixão do amor não haveria nenhum motivo para a reprodução, por que quem quereria ver a morte dos quais gerou?

Kundalini
O significado esotérico desta bela imagem é de que na coluna vertebral há dois canais laterais e um central. O canal central é chamado de Brahma-nadi, ou canal de nutrição central. Ida e Pingala são os canais laterais, um de cada lado da coluna, que serpenteiam o Brahma-nadi. Ida corre pela esquerda, e Pingala pela direita. Ida inicia no testículo direito no homem, e termina na narina esquerda; Pingala inicia no testículo esquerdo do homem, e termina na narina direita. Na mulher as polaridades são invertidas. Na base da coluna vertebral está repousando Kundalini, a energia ou poder serpentino que é desperto pela Sakti. Quando Sakti e Siva se unem, Kundalini sibila e desperta, subindo pela coluna vertebral do casal, e jorrando no alto da cabeça, iluminando o casal com a sabedoria do amor divino.

Enquanto Kundalini permanece na base da coluna Ela fica adormecida. Tal como uma princesa adormecida, Ela aguarda pelo beijo puro do amor para despertar e acordar do seu sono e inércia. Somente há liberação, com amor por Deus (ou Deusa), e somente há amor por Deus com o despertar de Kundalini, e somente há o despertar da Kundalini com o amor da Deusa.

Na história há a insistência das servas em serem alimentadas a qualquer custo. Os ensinamentos védicos dizem que somente quando as línguas estão saciadas todos os demais sentidos estão saciados. Somente quando Ida e Pingala estão saciados, bem com Brahmanadi, então tudo estará saciado. No corpo humano há duas línguas, que em sânscrito tem o nome de Jiva (e que por sinal é uma forma de se dirigir para a alma). Estas duas línguas são os genitais e a própria língua que está na boca. Coincidência ou não, embriologicamente as duas línguas têm a mesma origem embrionária, e são feitas de material biológico idêntico. Que maravilha é a natureza, tão perfeita nos mínimos detalhes, quem se atreva a modificar isso, a moral dos homens? 

hari om!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ufos - do estranhismo moral ao estranhismo tecnológico.


Ufos
do estranhismo moral ao estranhismo tecnológico

Swami Krishnapriyananda Saraswati
(Olavo DeSimon)


Vimana - uma representação numa pintura indiana antiga


Escrevo isso por ter tido uma experiência muito pessoal com o que hoje chamam “ufo”. Portanto, estou plenamente a vontade de dizer o que escrevo a seguir, bem como para desafiar quem não teve a experiência que tive e dizer-me o que realmente foi. Observando a grande maioria dos ‘comentadores’ sobre ufos, disponíveis em revistas, blogs, etc., vejo tratar-se de pura especulação em moldes de idiossincrasias e solipsismos. De concreto, não há nada aproveitável e razoável em quase sua totalidade. É pouco provável que algum daqueles “comentaristas” teve alguma experiência pessoal com algo real naquela natureza. Quem realmente viveu uma experiência do tipo ‘ufo’ é provável que apenas relate o que viu ou o que sentiu (sendo tão particular como uma experiência particular permite), mas não ficará misturando com crenças, ideologias religiosas ou políticas sob a pena de estar falando apenas do que sabe e não do que não sabe, colorindo o matiz do desconhecido com suas tintas de crenças pessoais. Perlaborações posteriores naqueles fenômenos demonstram imaturidade intelectual, do que aconteceu na área “ufo”; são tão fantasiosas como os contos de fadas. É intrigante o fato de um “eu acho então”, riqueza peculiar do especulador “estranho tecnológico e moral”, ficar avolumando páginas e páginas de pura especulação solipsista, e nunca focar o cerne do que pretende longe do que crê. Quem viveu sabe: uma experiência ‘ufo’ é única e praticamente inefável. Simplesmente não sabemos do que se trata, e não saber é algo humano também. Do mesmo modo como um cientista observa, analisa e relata o que está empirizando, distanciando-se das suas convicções particulares - as quais, no mais das vezes, no leigo ou na mente não treinada para a investigação, nascem da simples apreensão e na conversão para aquilo ao qual conhecem e acreditam – a experiência e consequente análise posterior de um fenômeno ‘ufo’ particular deve ser devidamente ponderada. Parafraseando Heidegger, "do que não se pode falar é melhor calar"!

Na grande maioria das vezes, quando vemos opiniões não experenciadas sobre o fenômeno “ufo” (estas parecem ser tão variáveis quando entes observadores existam), vemos pura especulação; pura elucubração que tentam, de modo forçado, querer encaixar com o que não se explica em termos de tecnologia atual em nossa cultura, com suas crenças, ideologias, religiões, etc., que são conceitos mais ou menos estéticos morais pessoais. É algo como querer colocar uma peça de quebra-cabeças onde o espaço é redondo, forçando-se uma peça quadrada ou uma leitura utilizando-se os “óculos colorido” o qual temos como real. Me recordo de uma experiência de uma senhora que resolveu “conhecer a Índia”. Ao ver na rua um homem com uma mesa, tendo algumas moedas sobre ela, imediatamente retirou algumas de sua bolsa e colocou-as por sobre a mesa do homem. Vendo-o irritado, ela perguntou para alguém que já era mais experiente, por que o homem estava reagindo daquela maneira? Então soube que o mesmo estava doando as moedas para quem escutasse alguns versos das Escrituras Sagradas, e não estava pedindo esmolas. Assim, vê-se de tudo o que se quer ver com o óculos da nossa moral, mas é claro que um cientista racional sério não irá participar destes encontros marcados com ideologias pré-definidas. Mas um cérebro que não foi ensinado a pensar, e que está acostumando apenas seguir o rastro do que aprendeu como verdade, calcando-se num esteticismo moral particular, seguirá um caminho o qual lhe é confortável, mas não será necessariamente verdadeiro. Quando alguém no campo da ciência procura por algo, no mais das vezes, sequer sabe o que procura. Mas o acaso de algo encontrado sempre será para quem o procura, ainda que não saiba o que procura. Se um cientista buscasse apenas o que é esteticamente moral naquele momento, é provável que não saísse das suas crenças pessoais.

Temos o exemplo bem claro de Kepler, que percebendo o modelo das orbitas elípticas dos planetas, formulado por Copérnico, aquele dizia tratar-se de apenas um artifício deste, tendo em vista a formulação de uma hipótese. Kepler, assim como Aristóteles e Ptolomeu, estava tão convencido da sua ideia preconcebida da órbita circular dos planetas, que não conseguia ver de modo diferente. Mas Kepler via que o modelo geocêntrico, assim como Copérnico, era deficitário. Mas Kepler via a ideia de Copérnico como uma “estranheza moral”, simplesmente porque, para antigos pensadores, a elipse era “um círculo imperfeito”, e isso era esteticamente incorreto. Sim, de modo ingênuo, o belo e o bem andam atrelados em pensadores poéticos, e deformam o conhecimento da realidade.

Por sua vez, uma ciência puramente utilitária, que vê motivo e ‘utilidade’ em tudo, é certo tratar-se de um outro modelo de pensamento ideológico, e não necessariamente tratar-se de ciência. Por outro lado, em contrapartida ao modelo estético, os paradigmas utilitários, que se mostraram tão ineficientes quanto suas propostas de validade, também se apresentam vazios diante de explicar o que não conhecemos. Tentar forçar o que conhecemos para definir o que não conhecemos é uma tolice que não irá encaixar cubos em triângulos. É claro que as chamadas “leis da Física” se aplicam também ao que ainda não conhecemos, considerando-se o devido “campo de gravitação” da experiência acumulada. Mas também pode ser que em circunstâncias extraordinárias tenhamos coisas extraordinárias. Alguém, então, poderá pensar num “que fazer” diante daquilo que estamos mudos e sem explicações distanciadas de ideologias. A resposta é bem simples e bem objetiva: coletar o máximo de dados possíveis, procurando um afastamento ideológico; organizar e observar novamente. Como diz Mario Bunge, o que diferencia ideologia de ciência é o “juízo de valor” que se calca em algo como critério de validade. Será pouco provável que alcancemos uma compreensão do que não conhecemos se o ponto de partida for um juízo de valor, o motor fundamental das ideologias, tentando encaixar peças distintas em espaços diferentes. Contudo, os fenômenos “ufo” também podem carregar outro componente, além da tecnologia empregada. Trata-se dos “estranhos morais” que a articulou, engenhou e empreendeu. Vemos a fragilidade em nossas vidas de entender os diferentes nuances do comportamento moral de outras culturas, aqui mesmo na Terra. Pode ser que as “cabanas de amor” das adolescentes Kreung, do Camboja, as quais os pais das jovens constroem para que possam “descobrir o amor”, tendo experiências com jovens adolescentes, cause algum dano na moralidade objetiva da maior parte do mundo. Mas nosso “julgamento” desta moralidade apenas demonstra nossa moral aos “estranhos morais”. Do mesmo modo, os “estranhos tecnológicos” estão sujeitos aos nossos “estranhismos ideológicos”.

Concluindo, não se nega que haja fenômenos aos quais ainda não conhecemos. Por exemplo, será que o mais intrigante deles, a vida, não é também merecedora de análise? Será que a visão ingênua religiosa, ou seja, um impedimento moral ao estranho moral do que não conhecemos deve silenciar-se diante da realidade do que é a vida objetivamente falando? Será que não podemos ter um jardim com flores sem que alguém venha colocar duendes nele? Posso meramente contemplar a beleza de um arco-íris sem a necessidade poética de um ‘pote de ouro’ no seu ‘final’? De fato, atualmente, uma observação despojada do esteticismo moral parece estar distante de um fenômeno tão intrigante quando o ‘ufo’, mas o que deve ser ponderado é o quanto estamos inferindo de nossas convicções no que não conhecemos e o quanto disso colocamos como verdade. Sinceramente, admitir que não sabemos alguma coisa é também algo muito humano, bem como a busca para resolver o problema do desconhecido é muito, mas muito humano.  


Conhecendo um pouco mais:
Uma nova História do Tempo . Shephen Hawking, 2005
A Magia da Realidade - Richard Dawkins, 2009.
Epistemologia . Mario Bunge

domingo, 17 de junho de 2012

Pega-ladrão Real


Pega-ladrão Real

Krishnapriyananda Swami
prof. Olavo DeSimon

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS - Brasil
1997-2006




Conta a lenda, que numa pequena antiga cidade da Índia, chamada Saraswati, as pessoas se reuniram, num dia muito quente, para falar sobre um estranho, que havia chegado à cidade. Ele caminhava com muitas dificuldades, devido aos pés feridos devido a caminhada longa que fizera. Ele era um Brahmana, ou seja, um homem que devota a sua vida para pregar, e que tinha prometido dar tudo para agradar a Deus, no qual ele acreditava, e não possuía nenhum conforto, tampouco riqueza e boa alimentação.

O Brahmana não carregava nada com ele, a não ser um pedaço de pau para apoio, e uma tigela, na qual ele recebia doações, daqueles que acreditavam assim ajudá-lo, e tinham a esperança de receber uma graça de Deus. Ele andava nu, exceto por uma peça de roupa sobre os quadris. Tinha um longo cabelo entrelaçado. Ele fazia a sua caminhada muito lentamente, e dolorosamente em meio a multidão; alcançou um canto escuro, e ali ele sentou-se exaurido, segurando a sua tigela para receber a ajuda das pessoas. Em breve, a sua tigela encher-se-ia de doações das pessoas, com todos os tipos de coisas, mas ele deixou bem claro que não aceitaria nada para comer a não ser arroz descascado, e nada para beber além de água pura. No entanto, ele estava querendo dinheiro, então as pessoas trouxeram para ele uma boa quantidade de peças de preta e ouro. Quem não possuía dinheiro para dar de esmolas para ele, doaram jóias e outras coisas que poderiam ser vendidas por dinheiro.

Chegou o tempo em que o Brahmana ficou muito conhecido em Saraswati. Sua fama, sem dúvida, se espalhou para além da cidade, e as pessoas vinham até a ele para consultar todos os tipos de coisas, e receber conselhos de um bom homem sábio. Todos desejavam pagar de alguma forma pelos conselhos do sábio, e muitos o ajudam de forma abundante, de tal modo que ele ficou muito rico. Ele poderia fazer muitas boas coisas com todo o dinheiro para ajudar as pessoas pobres e sofredoras, mas infelizmente ele jamais pensou em fazer isso. Em vez disso, ele pegava o dinheiro para seu desfrute. Na noite, depois que todos que tinham vindo vê-lo e tinham ido dormir, e vendo que não havia ninguém, ele costumava entrar na floresta, onde havia uma árvore com um profundo buraco próximo à raiz, que ele costumava cobrir com lama, e onde ele punha todo o seu dinheiro e jóias.

Na Índia, todos costumam ir à sesta, num sono do meio dia, devido ao grande calor, e por isso é difícil manter-se bem nas tarefas nesta hora. Então, apesar de ser plena luz do dia, as ruas ficam desertas, exceto para os cães que ficam rondando, procurando alguma coisa para comer. Então agora o Brahmana adorava seu dinheiro e suas coisas muito, e frequentemente costumava não fazer a sesta, indo para a floresta desfrutar de olhar para suas coisas. Ele costumava ir até o buraco na árvore, se curvava, pegava as moedas e deixava escorrer entre os dedos; olhava o brilho das jóias, contemplando a refulgência. Ele ficava muito feliz quando estava sozinho admirando a sua riqueza, de tal modo que costumava chorar quando tinha que voltar para seu canto escuro. De fato, ele era um egoísta miserável, em vez de um homem santo, que as pessoas de Saraswati pensavam que era. Na hora da sesta, ele sempre voltava ao local debaixo da árvore, segurando sua tigela e bengala, numa aparência de pobre, e ninguém tinha a mínima idéia da verdade.

Por muitos meses o Brahmana levou esta vida dupla; até que um dia, quando ia para o seu local secreto, ele viu que alguém esteve lá antes dele. Ansiosamente ele se curvou, temendo que acontecesse o que aconteceu. Todo o seu cuidado de esconder o buraco tinha se ido; estava completamente vazio. Ele não pode acreditar no que seus olhos viam. Ele os esfregava, pensando que alguma coisa tinha acontecido com eles. Então ele apalpou aqui e ali o buraco, tendo a esperança de que havia um engano. Quando por fim se viu obrigado em aceitar a terrível verdade, uma vez que não havia nenhum sinal de dinheiro ou jóias, ele ficou muito mal com a sua miséria. Ele começou a correr de árvore em árvore, olhando por entre suas raízes, e quando viu que não havia nada, ele retornou para o buraco que guardava as coisas, olhando mais uma vez. Então ele verteu lágrimas arrancando seus cabelos, sapateando; implorou ruidosamente para todos os deuses que acreditava, fazendo todos os tipos de promessa, as quais cumpriria apenas se eles trouxessem de volta o seu tesouro. Não obteve nenhuma resposta, então teve a curiosidade de saber quem havia feito tal coisa terrível. Deveria ser alguém de Saraswati; ele lembrou-se que que muitos haviam olhado sua tigela cobiçando-a, ao verem o dinheiro e as pedras preciosas. “Que terrível; como as pessoas são malvadas”, ele disse para si mesmo. “Eu os odeio. Deveria bater neles pelo que me fizeram”. E enquanto pensava, ficava cada vez mais irado, até se cansar, rendendo-se para sua fúria.

Depois de ter perambulado na floresta por um longo tempo, o Brahmana retornou para a sua casa em Saraswati, onde as pessoas lhe tinham concedido, estando contentes e orgulhosos por terem tal homem sagrado, como eles pensavam que era, vivendo sob o seus tetos. Ele tinha certeza que eles não tinham nada a ver com a perda do seu tesouro, porque tinham dado a ele muits provas das suas bondades e honestidade. Então ele derramou suas mágoas para eles, e fizeram tudo o que puderam para confortá-lo, e que em breve teria muitas jóias e dinheiro. Todavia, eles mostraram para ele o que pensavam sobre o fato, e que aquilo fora um meio de mostrar que a riqueza não deveria ser escondida, mas usada para ajudar os pobres e sofredores. Isso aumentou a sua ira. Por fim, ele perdeu o autocontrole, e gritou: “Não há mais nenhum valor para eu viver nem mais um minuto. Eu irei para a margem de um rio sagrado, em peregrinação, e ali jejuarei até a morte”.

As notícias das perdas do Brahmana se espalharam por toda a Saraswati rapidamente; e assim como ocorre frequentemente, cada um contava a história de um modo ligeiramente diferente, de modo que ficou muito difícil saber o que realmente havia acontecido. Houve uma grande aflição na cidade, porque as pessoas pensaram que o Brahmana queria ir embora, mas eles não queriam que isso ocorre. Eles tinham o orgulho de ter um homem santo, como pensavam, e que estava vivendo entre eles, e ficaram envergonhados em ver que havia sido roubado quando estava entre eles. Quando ouviram de que o Brahmana planejava jejuar até a morte, ficaram terrivelmente chocados, e se determinaram a fazer tudo o que pudessem para evitar isso. Um após outro, os pais de família de Saraswati vieram para vê-lo, implorando para não se apressar, garantindo que o seu tesouro seria reencontrado. Também disseram que fariam de tudo para trazê-lo de volta para ele. Alguns entre eles pensaram que tinha sido muito errado fazer tal confusão sobre isso, e assim o culparam pela sua miséria. Disseram que seria uma tolice muito grande, e que não deveria pensar em morrer, e um velho sábio, especialmente; então deram longos discursos para ele sobre o mal de retirar a vida, a qual tinha sido dada a ele por Deus, tendo em vista prepará-lo para um outro mundo. “Ponha esta idéia de jejuar até morte de lado em sua cabeça”, eles diziam, “... enquanto iremos procurar o seu tesouro que perdeu. Da próxima vez que tiver dinheiro e jóias, tenha num lugar bem seguro, em vez de ficar acumulando”.

Apesar de tudo que disseram para ele, o Brahmana estava determinado a morrer. Ele foi ao local de peregrinação que havia escolhido, não dizendo para ninguém aonde iria, seguindo firmemente. Num primeiro momento, alguns o seguiram, mas aos poucos foram deixando e ele ficou sozinho. Mas não pode deixar de ver um homem se aproximando dele, na direção em que estava indo. Era muito alto, elegante, aparência digna, uma pessoa que ninguém deixaria de admirar, ainda que fosse uma pessoa comum. Mas ele era o rei de toda aquela região, e cujo nome era Prasnajit; e a uma pequena distância atrás dele havia certo número de atendentes, esperando para obedecer as suas ordens. Todos, inclusive os Brahmanas, gostavam do rei, porque ele sempre tentava ajudar a todos. ele tinha ouvido sobre a perda do dinheiro daquele Brahmana, e tinha ficado abalado com o fato de ter ocorrido nas suas terras. Ele também escutara que o Brahmana pretendia matar-se, e isso o tinha tocado mais do que tudo, porque isso seria uma coisa muito ruim.

O rei colocou-se exatamente no caminho do Brahmana, de tal modo que não seria possível passar sem falar e vê-lo. O infeliz homem ficou parado, olhando para baixo, e com um olhar muito miserável. Sem esperar um momento, o rei Prashnaji disse para o Brahmana, “não se aborreça mais. Eu irei encontrar o tesouro para o senhor, e o trarei de volta; ou se eu falar nisso então pagarei o valor que quiser do meu próprio bolso; não posso pensar matando-se. Agora me diga, cuidadosamente, aonde escondeu o ouro e as jóias, e o local exato, para ter certeza dele?”

O Brahmana ficou alegre em escutar isso do rei, uma vez que todos conheciam que o rei cumpria a sua palavra, e que, mesmo no caso do tesouro não ser encontrado, ele teria todo o dinheiro de volta dado pelo rei. Então ele disse exatamente onde ele havia depositado, oferecendo-se de ir até lá. O rei concordou com ele; o Brahmana foi imediatamente até o grande buraco na árvore da floresta, e os seus servos o seguiram um pouco mais atrás.

Após o rei ter visto o buraco totalmente vazio, e saber exatamente o local, e ver a estrada próxima para a cidade, ele retornou para seu palácio. Antes, ele dissera para o Brahmana retornar para a sua casa onde vivia, e esperar lá até que recebesse uma mensagem dele. Então o rei pediu para um dos seus servos para que fosse até um rico mercante em Saraswati, para que fizesse uma boa comida para o Brahmana, tendo em vista suprir o homem santo com tudo o que ele necessitasse. Muito satisfeito, que apesar de tudo não precisaria morrer, o Brahmana seguiu de bom grado, e nos próximos dias ele foi cuidado pelo mercante, que o supriu com alimentos em abundância.

Tão logo Prasnajit retornou ao seu palácio, ele fingiu que havia adoecido repentinamente. Simulou que a sua cabeça estava doendo muito, e que não sabia qual o problema que tinha. Ele enviou uma ordem para toda a região e arredores da cidade, dizendo que todos os médicos de cidade viessem ao palácio para vê-lo. Então todos os médicos se apressaram em obedecer, cada um deles tendo a esperança de que se curassem o rei seriam grandemente recompensados. Havia tantos que a sala de recepção estava cheia, e se olhavam furiosamente uns para os outros, de modo que os servos mantinham o cuidado para que não brigassem. Cada um a seu tempo foi a sala privativa do rei, mas se desapontava em saber que não poderia ajudar o rei, porque não sabia o que precisava. O rei, em vez de perguntar sobre a sua própria doença, perguntava a cada um dos médicos quem dos seus pacientes na cidade estava doente, e que remédio havia dado para eles? Sem dúvida, a pergunta do rei era cuidadosamente respondida; mas o rei não dizia nada mais, apenas acenando a sua mão, dando sinal de que a entrevista havia terminado. Então os servos levavam o médico visitante fora. Por fim, se aproximou o último dos médicos, que disse algo o qual fez o rei mantê-lo mais longe do que os outros. Este médico era muito famoso por um remédio que havia salvado a vida do rei muitas vezes. Ele disse ao rei que um mercante chamado Matri-Datta estava muito doente, sofrendo muito, mas que tinha a esperança de curá-lo dando a ele um suco de uma determinada planta chama Nagaballa.

Assim que o rei escutou o médico terminar de falar, que havia ordenado Matri-Dattha tomar o suco da planta, ele gritou: “Não precisa mais nenhum médico vir me ver!” E após ter se despedido do último médico, deu ordem que queria que Matri-Datta viesse até o palácio. Doente e sofrendo como estava, Mattri-Dattha não teve coragem de desobedecer as ordens do rei. Tão logo ele apareceu, Prasnajit perguntou como estava, dizendo sentir muito o fato de ter que deixar a sua casa, estando doente, ma so motivo pelo qual desejava vê-lo era de grande importância. Então, ele acrescentou: “Quando seu médico lhe ordenou para tomar o suco da planta Nagaballa, quem foi procurar isso para você?” Mattri respondeu imediatamente, “Foi meu servo, ó rei; procurou na floresta, e assim que a encontrou entregou-a a mim”.

“Então volte e envie seu servo para mim imediatamente”, ele pediu; e assim o mercante saiu apressado, aflito pelo fato de o rei querer ver seu servo, e que não caísse uma desgraça sobre ele. Assim que Mattri-Datta disse para o seu servo de que deveria ir ao palácio do rei, ele ficou tremendo muito, e implorando ao seu mestre para não ir. Isso fez com que Mattri-Datta ficar certo de que ele havia feito alguma coisa errada, e que estava com medo de ser descoberto. “Vá imediatamente”, ele disse, “... e qualquer coisa que você fizer fale a verdade para o rei. O que será de você de ofender o rei”. E de novo o servo implorou para Mattri não insistir, mas quando viu que não seria bom, então pediu para que fosse junto com ele ao palácio, então defendê-lo diante de Prasnajit. Então o mercante pensou que alguma coisa séria e errada havia acontecido, consentindo em ir com o seu servo ao palácio; tendo certa curiosidade e certo temor por si próprio. Quando os dois chegaram ao palácio, os atendentes do rei conduziram o servo do mercante na presença do rei, mas não levaram o mercante com eles.

Entraram nos aposentos do rei e o viram sentado em seu trono, então o servo do mercante curvou-se diante do rei chorando e implorando: “Misericórdia! Misericórdia!”. Ele tinha razão de estar temendo, e o rei disse em voz alta para ele: “onde está o outro e as jóias que você pegou no buraco nas raízes da árvore, quando você foi buscar a erva Nagaballa para seu mestre?” O servo, que na realidade tinha pegado o dinheiro e as jóias, ficou tão terrificado pelo fato de o rei ter descoberto a verdade, que não teve palavra para dizer, ficando apenas deitado no chão, tremendo todo. Prasnajit também ficou em silêncio, e os atendentes aguardavam as ordens detrás do trono, observando, fascinados com o que estava acontecendo.

Quando o silêncio tinha durado cerca de 10 minutos, o ladrão ergueu a sua cabeça do solo e olhou para o rei, que não disse uma palavra. Alguma coisa em sua face fez o maldoso servo ter a esperança de que não seria punido com a morte, apesar do grande erro que havia cometido. O rei olhou muito severo para aquele servo do mercante, mas não se enfureceu contra ele. Então o servo levantou-se, e ponto suas mãos juntas, dizendo, trêmulo, as seguintes palavras: “Eu devolverei o tesouro; eu devolverei o tesouro”. “Vá, então”, disse o rei, “... e traga-o até aqui”. Dizendo isso, havia uma expressão magnífica nos seus olhos, que fez o ladrão envergonhar-se do que havia feito mais do que se o rei mandasse puni-lo ou cortar a sua cabeça.

Tão logo o rei disse, “Vá imediatamente!”, o servo apressou a sua caminhada, ansioso para devolver o que havia roubado; então alcançou o local onde escondera. Ele colocara em outro buraco, dentro da densa floresta; levando um longo tempo para levar para o palácio, uma vez que era muito pesado. Ele tinha a esperança de que o rei iria enviar alguns guardas, para que não fugisse, e então pudessem ajudar a carregar o ouro e as jóias, mas ninguém o seguira. Foi um árduo trabalho ter que carregar tudo aquilo, muito pesado. Por fim, já perto do início da noite, ele alcançou os portões do palácio. Os soldados o deixaram passar sem uma palavra, e tão logo alcançou a sala do rei, este o recebeu. Prasnajit estava sentado no seu trono, e os atendentes estavam atrás dele, quando o ladrão cansado, com dificuldades em ficar de pe, mais uma vez prostrou-se diante do rei. Uma expectativa de uns três minutos fazia com que o coração do servo, que havia pego o tesouro do Brahmana, batesse apressado. Parecia uma eternidade o tempo que aguardava o rei falar. Então, finalmente, o rei disse: “Vá para casa agora, e não furte mais”.

Muito agradecido, o homem obedeceu; era difícil acreditar que estava livre, e que pudesse ir, e que não havia sido punido de uma forma terrível. Jamais, pelo resto de sua vida, ele pegou qualquer coisa que não lhe pertencia, e nunca se esquecera de dizer para crianças e amigos que o rei havia lhe perdoado.

O Brahmana, que havia passado o tempo, aguardando em orações, que o tesouro fosse devolvido para ele, e de tal forma estava determinado a jejuar até a morte caso não fosse encontrado, ficou alegre ao saber de que o tesouro havia sido encontrado. Ele se apressou até o palácio, e foi diante do rei, que disse para ele: “Aqui está o seu tesouro. Pegue-o e faça um uso melhor dele do que antes. Se você o perder de novo, não tentarei recuperá-lo”.

O Brahmana, satisfeito por ter conseguido seu dinheiro e jóias de volta, não gostou do fato de o rei ter dito para que fizesse um melhor uso do tesouro. Além do mais, ele gostaria que o ladrão fosse punido, e começou a falar sobre isso, em vez de prometer para o rei e seguir o conselho recebido. O rei olhou fixo para o Brahmana, do mesmo modo como havia olhado o ladrão, e disse: “O assunto está encerrado aqui, então nada mais tenho a fazer sobre isso; vá em paz”.

O Brahmana, que estava acostumado a ser honrado por todos, desde o rei em seu trono até o mendigo mais pobre na rua, ficou atônito com o modo pelo qual o rei fez um sinal para seus atendentes levarem o saco com as jóias, e o dinheiro, para a entrada do palácio, e o deixar ali; ninguém ficou para ajudar o Brahmana.

Todos gostariam se saber o que aconteceu com aquele Brahmana depois disso, mas ninguém sabe o porquê de não se ouvir nada mais sobre ele depois deste acontecimento.

Nota:
Locais de Peregrinação
Os locais de peregrinação na Índia estão geralmente conectados com algum grande evento religioso ou religião. Nestes locais vão aqueles que desejam ganhar algum favor especial de Deus, e fazem orações. A palavra “peregrinação” significa “perambular”, mas com o passar do tempo ela significa qualquer viagem de uma distância a outra. Na Índia, a cidade de Benares (Varanasi) é um local muito famoso de peregrinação, porque está nas margens do Rio Ganga (Ganges), rio que os Hindus amam e adoram como sagrado, crendo firmemente que as suas águas lavam seus pecados. Centenas de milhares de Hindus vao até Varanasi todos os anos para se banhar no Ganges, bem como se sabe que muitos vão para lá para morrer, sendo que seus corpos são queimados nas margens. Este é um costume dos Hindus, e as cinzas dos que são cremados são jogadas nas correntezas do rio.

Hari Om Tat Sat

sexta-feira, 30 de março de 2012

Aspectos da Mulher no Sanatana Dharma


Aspectos da Mulher no
 Sanatana Dharma

Swami Krishnapriyananda Saraswati
prof. Olavo DeSimon

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS - Brasil
1997-2012





"Estava conversando com um amigo indiano, e ele me disse que as mulheres dentro do hinduísmo são sempre atreladas ao pai ou ao marido como seus gurus. E que normalmente é só o homem que recebe o cordão bramanico. As mulheres nunca podem ter o voto de Sannyasa nem poderão realizar cerimônia de Diksha ou cerimônia do fogo. Ou seja, elas podem ter um guru desde que seja o mesmo do pai ou do marido, mas nunca buscar por si próprias um guru, ou sequer são aceitas na condição de shishya, mas que podem seguir o guru nunca se declarar shishya. Queria saber se isso é verdade e como eu como professora de yoga poderia então transmitir algo nessa condição, pois sou solteira e não desejo me unir a nenhum homem para realizar isso". J.S.

Vejamos, então, as suas colocações:

"as mulheres dentro do hinduísmo são sempre atreladas ao pai ou ao marido como seus gurus".
Está perfeitamente correta esta afirmação; ela tem base no Manadharma Sastra, o qual afirma Uma mulher não deverá ter um Guru diferente do seu pai ou marido. Isso é devido à tradição, e para evitar conflitos entre as interpretações de um Guru e outro Guru de uma outra linhagem. É preferível que a mulher siga o mesmo Guru do seu marido (uma vez que renuncia a família do seu pai ao se casar). Algumas tradições permitem Diksha para mulheres quando solteiras. Neste caso, são consideradas Kumaris, e se vestem como viúvas. Na Índia, há muitas tradições que acolhem as mulheres nestas condições. Mas se por ventura elas se casarem, então, deverão renunciar ao Guru e adotar o Guru do marido. Para evitar isso, não devem tomar Diksha sem ser com o Guru do marido. Via de regra, os Gurus adotados fora do casamento são apenas Guru Sikshas, e não Diksha, porque o Diksha é uma relação eterna.

No Sanatana Dharma, uma pessoa deverá seguir o Varna e Ashrama. Isso é o que nos orienta o Código de Manu. Ser Vaidika Dharmi significa seguir os Sastras, Sadhu e Guru. De outra forma não será Sanatana Dharma.

A idade da pessoa, no caso também da mulher, entra em consideração. A mulher tem o maravilhoso dom de gerar filhos, por isso, não deve renunciar antes de entrar na menopausa. O desejo de ter filhos é inerente a natureza humana, salvo a pessoa tenha o acumulo da bênção de muitas vidas, então deverá seguir o devido curso da natureza. No seu caso especifico o fato de ter nascido num lugar diferente de Bharata (Índia), e não pertencer a nenhuma família de Brahmanas, está claro que não tem o Karma necessário para renunciar antes de atingir a idade que não tenha mais como engravidar.

"é só o homem que recebe o cordão brahmânico".
Apesar de algumas ordens permitirem que a mulher receba a iniciação Brahmínica (o que é nada mais do que a autorização para cantar as linhas do Gayatri do Guru), apesar da autorização para as linhas do Guru Gayatri, e outras, o Brahma Gayatri não se autoriza às mulheres, na maioria das linhagens fidedignas. Isso é o que nos orienta o Código de Manu. Também, o Brahma-Gayatri trata-se de um Mantra para os homens amaciarem seus corações (as mulheres, no mais das vezes, já são meigas por nascimento. Aqui nos referimos à mulher Oriental, que é naturalmente feminina, diferente da Ocidental, que é de comportamento masculino), mas em todo o caso, elas não recebem o cordão Brahmínico, porque estão ligadas diretamente à criação, e o cordão é uma referência à ligação da Mãe Divina.

"As mulheres nunca podem ter o voto de Sannyasa nem poderão realizar cerimônia de Diksha ou cerimônia do fogo"
Sanyasini
De fato, as mulheres não podem realizar cerimônias de fogo complexas, como a dos Samskaras, mas devem e são responsáveis pelo Agni Hotra diário, duas vezes por dia, feito nas suas casas, porque a mulher é a responsável pela manutenção do fogo (por isso, "lareira", fogo do lar). As mulheres são mais adequadas ara o Agni Hotra diário, e isso é o que nos oriente o Manadharma Sastra. Seguimos Sadhu, Guru e Sastra.

Muitas ordens permitem o ingresso da mulher na ordem de vida renunciada, desde que, de fato, a mulher seja renunciada (por isso deverá esperar a menopausa). Apesar de isso, não é possível de a mulher realizar cerimônia de Samskaras. Também, a mulher tem a regra menstrual, que é considerada inadequada para a condição de purificação. Por estar se purificando, "lavando a Yoni com sangue para agradar Durga ou Devi", a mulher fica em vantagens sobre o homem, então não tem como sacrificar para Vishnu ou Siva. As mulheres são regidas pelas Nityas ou fases lunares. Todos sabem que a mulher muda de humor conforme as fases da lua. Isso faz com que fique difícil a convivência com os homens num Ashrama, devendo, portanto, viverem nos seus próprios Ashramas (locais específicos para mulheres). Apenas a condição fisiológica é fator de separação no caso. Estes fatores também mantêm a mulher fora do Homa depois de pararem de menstruar. Tudo conforme Sadhu, Guru e Sastra.

De qualquer maneira, há tradições que a mulher levou adiante o Diksa de uma Sampradaya. Isso é possível caso a corrente tenha sido interrompida na ausência de homens. Uma vez que a mulher é o depositário embrionário de toda a criação, é ela quem exerce esta função, caso não haja homens para fazer o processo seguir adiante, ou então porque encabeçou um math ou templo (conforme o exemplo de Bharati Devi, discípula de Sri Sankara). Contudo, sempre as cerimônias de fogo serão conduzidas por brahmanas masculinos, conforme a tradição dos Sastras.

De fato, os homens vivem e levam a tradição tão somente devido a graça feminina. Isso é transcendental, e está além do falso liberalismo feminino existente no Ocidente, onde tão somente as mulheres se dizem liberadas por fazerem aquilo que os homens querem que elas façam, para a satisfação deles (nunca foi tão pesado para a mulher ocidental ter que arcar com tantas atividades, apesar de uma longa e milenar adaptação genética da sua condição de educadora e protetora do lar).

Diksha
A mulher pode e deve receber Diksha; deverá pedir isso para o Guru Deva da Sampradaya ao qual seu marido ou pai estão ligados. Caso não exista marido ou pai, então deverá pedir a permissão para sua mãe, e ligar-se ao Guru da sua mãe. Se não existe mãe, pai ou marido deve pedir para o tio, e assim sucessivamente. Deve entender que a tradição é manter o vínculo com a família, e evitar as diferentes interpretações de cada linhagem. No seu caso em particular, por não pertencer à linhagem védica, e estar, provavelmente, vinculada a tradição judaico-cristã, é evidente que seu vínculo é familiar com a religião dos seus pais, ainda que intelectualmente diga-se independente. É normal na tradição ocidental que a mulher e os filhos sigam a tradição religiosa do marido e do pai. São notáveis os conflitos e desencontros entre o casal quando há diferentes posições religiosas dentro de uma mesma família (Sampradaya e Varna). No Ocidente, naturalmente, os filhos tendem a ser contrários aos princípios dos pais, pelo menos em boa parte das suas vidas. Depois, aos poucos, os princípios se introjetam e passam a fazer parte da vida comum. Sinceramente, os grandes problemas que enfrentamos na sociedade ocidental estão vinculados a tola idéia de "liberdade", permitindo que cada um possa “fazer o que bem entenda”, não tendo nenhum respeito à tradição religiosa familiar.

Para mudar de ethos, ou seja, modo de pensar religioso e cultural, alguém deverá renunciar totalmente os vínculos com seu passado familiar-religioso. Para que isso ocorra, é necessária a misericórdia do Guru, com rendição incondicional às suas orientações. De outro modo, é melhor retornar aos princípios religiosos familiares e segui-los conforme a tradição familiar.

O fato de ser evitada a Diksha com um Guru de forma independente é devido à natural tendência das transferências afetivas, e inconvenientes entre os relacionamentos. Por isso, também, nunca uma mulher deverá ficar sozinha com um Brahmana que não seja o seu próprio marido, nem qualquer outro homem que não seja seu irmão ou pai. Mas, nem mesmo seu pai ou irmão deverão ficar numa mesma sala na intimidade. Por conseguinte, Sannyasis não devem ficar dentro de uma sala, sozinhos, com uma mulher, e tampouco num mesmo aposento íntimo.

Igualmente, as mulheres Sannyasinis deverão tão somente ficar na presença de homens na devida distância física, e sempre com a presença de uma serva particular, para evitar os problemas naturais nestes casos, como por exemplo, contato físico e sexual. Um grande fator, sem dúvida, muito importante para que sejam mantidas determinadas distâncias entre os monges de sexo opostos devem-se tão somente pelo fato de as mulheres no período fértil engravidarem, e isso é considerado geração indesejada. Por isso, os casamentos são aconselhados e as pessoas devem realizar o que o casamento permite, e e somente depois, então, deverão renunciar à vida de gozo dos sentidos, conforme a tradição do Varna-Ashrama Uma vez que a mente se entretém facilmente com aquilo que lhe é mais prazeroso, deverá o devoto direcionar todas suas energias para o amor de Deus. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.

Tyaga

O Sr. Krsna no Bhagavad-gita diz que “o conhecimento das Escrituras é melhor do que a mera prática ritualística; também diz que a meditação é superior ao conhecimento das Escrituras, e que Tyaga ou renúncia é superior à meditação”. Renúncia ou Tyaga é um processo, porque passa pela destruição definitiva das idéias de “eu” e “meu”, em todos os seus aspectos, tendo em vista alcançar o Yoga ou união com o Supremo, experimentado no Samadhi. Enquanto alguém se idêntica com sexo, raça, gênero, cor, religião, e diz o tempo todo: “eu”, “meu”, há, com toda a certeza, a identificação material com o corpo e Maya, portanto, há uma falsa idéia da verdade, ou sequer existe esta idéia.

Se a mulher possui o desejo de renunciar ao mundo material, e tiver a permissão do seu amado Gurudeva, então, com certeza, poderá unir-se a missão d´Ele e prestar serviço abnegado por toda a sua vida. Deverá, então, renunciar definitivamente a sua vida material, e passar tão somente a dedicar-se a servir ao Gurudeva e a sua missão, tendo-O como a encarnação do Supremo, e tão somente vivendo para servi-lO.

Todo aquele que alcançou a plataforma de servo de um Maha-bhagavata, “grande devoto do Supremo”, está qualificado para ser um Sannyasi ou Sannyasin. Isso é Sadhu, Guru e Sastra. Para alguém ser um Sisya deverá renunciar por definitivo a idéia de “eu” e “meu”, nascida no Akamkara ou falsa noção de “eu”. Deverá tão somente dispor-se a ouvir e prestar Seva (serviço abnegado). Deverá, também, ser humilde, mais do que uma folha de palha na rua; deverá, também, controlar a língua e os genitais, bem como colocar-se como servo e nunca o fazedor. Deverá, também, renunciar aos frutos das ações, e compreender que tudo é misericórdia do Supremo. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.
Glórias do Gita

Para que alguém possa entender a Suprema meta e realizar Moksa, deverá estudar, sob orientação do seu Guru, o Bhagavad-gita. Deverá, por conseguinte, iniciar a estudar no décimo segundo canto – Bhakti-yoga – e então meditar em cada uma das palavras que o Sr. Krsna diz para nós, no Seu maravilhoso diálogo com Arjuna.

Leiam, releiam, voltem a ler, voltem a reler. Outra vez leiam, meditem, voltem a ler; retornem a leitura, tornem a reler, etc. Assim deverá ser, até que se compreenda a Suprema forma do Senhor Krsna, e então se possa realizar a meta humana de amor puro por Deus. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.

Sampradaya ou tradição
Todas as manifestações religiosas, de conhecidas religiões, possuem a sua tradição. É notável que não haja espaço para “liberalismos”, e idiossincrasias em nenhuma delas. As razões repousam na evidência da orientação disciplinar. Erroneamente, o Ocidente vê discriminação entre homens e mulheres na tradição védica, porque estão apegados aos seus corpos e à vida material. Há princípios profundamente meditados e realizados em cada um dos aspectos do Sanatana Dharma.

Yoga
O que é chamado de “yoga” no Ocidente longe está de ser considerado como tal no Sanatana Dharma. Chamam “yoga” a um conjunto de exercícios ou posições físicas, que mais ou menos lembram Asanas, e o que é apenas uma parte de uma tradição ou visão – Darshana – dentro do Sanatana Dharma. O Oriente não conhece o que chamam de “yoga” no Ocidente. “Professor de Yoga”, é uma expressão do Ocidente, e ela não tem reconhecimento dentro do Sanatana Dharma, como autoridade. Somente o Guru é “professor”. Isso é definitivo.

O Gita de Bhagavam é uma notável demonstração do que é o Verdadeiro Yoga. Cada um dos Seus capítulos trata de uma forma de união com o Supremo. Yoga significa junção, ligação, vinculação, etc. A palavra “yoga” tem origem no Pahli, depois passa para o Brahmin, e finalmente é colocado na escrita chamada de Sânscrito. Ela origina-se de “yus”, que quer dizer “justo”, “acertado”, e que foi para o Latim como “Jus”, ou “justiça”. Ajustar, juntar, acertar, etc., é o objetivo fundamental do Yoga. Uma pessoa que se aproxima deste caminho deverá sabiamente renunciar as idéias de “eu” e “meu”, e desenvolver amor pelo Supremo por meio de Viveka. Não há, definitivamente, nenhum liberalismo dentro do Yoga. Há um processo de formalização e respeito ao Guru que deve ser respeitado. O Oriente védico ri-se do que chamam de “yoga” no Ocidente, e são céticos com relação à conduta moral dos praticantes ocidentais. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.


 Não é possível alguém ser iniciado se não renunciar aos vícios e a sua vida promiscua. Servir, amar e meditar, tendo em vista realizar o Supremo, através do Seva ao Guru e a Sua missão, é indispensável para o iniciante. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.

Como não há espaços para “liberalismos” dentro do Sanatana Dharma, e em nenhum dos Seus Darshanas ou visões, todo o pretendente a ingressar n´Ele, deverá, portanto, renunciar as idéias de “eu” e “meu”. O Ahamkara não tem vez no Sanatana Dharma. Quem pensa diferente, então que ingresse numa religião que se afeiçoe. O Sr. Krishna nos aconselha a abandonar todas as religiões, e simplesmente seguir a Ele e Suas instruções (B.gita, 18.66). Ler, reler, voltar a ler, reler, depois ler novamente, reler e reler, então uma dúvida sincera irá despertar. Uma vez que surja um questionar sincero, então o pretendente ao ingresso no Sanatana Dharma, a ciência transcendental do Yoga, deverá ser feita mediante o Seva, o inquirir sincero, e a rendição incondicional ao Guru, conforme está dito no B.gita 4.34. Não há outra maneira, se houver, então não será no Sanatana Dharma, mas então será uma coisa falsa, como as milhares que se espalham no Ocidente, e que falsamente usam o nome de “yoga”. São apenas “meios de vida”, não “modos de viver”, conforme o Dharma.

É impossível alguém pretender ingressar num sistema filosófico religioso sem aceitar os seus princípios. Porque não há espaços para hipocrisia no Dharma. Ou seguimos os exemplos dos Acharyas ou mudamos para coisas distintas. Do mesmo modo como o simples uso de um uniforme de piloto não transforma ninguém em piloto, da mesma maneira, usar nomes, e títulos pomposos não transforma ninguém em um Yogi. Isso é Sadhu, Guru e Sastra.

Om Hari hara OM

terça-feira, 27 de março de 2012

Sinopse sobre o Hinduismo

Sinopse sobre o Hinduismo

Swami Krishnaprīyānanda Saraswatī
prof. Olavo DeSimon

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS - Brasil
1997-2012



O termo “hinduísmo”
Trata-se de um termo inventado pelos europeus, da tradição judaico-cristã, para designar a “religião” de Bharata ( Índia). Na realidade, é um termo pejorativo porque se refere àqueles que têm jeito, modo, etc, de gente, “mas não são gente, porque não possuem alma”; “pagãos ignorantes’; “restolho”, “gentinha”. Contudo, este termo não designa uma só religião na Índia, senão que deve ser entendido como um grande conjunto de religiões, o que pode alcançar a cifra de umas 30 mil somente no território de Bharata.

O povo de Bharata designa-se a religião deles de “Ordem Eterna”; em sânscrito, a antiga escrita clássica dos textos védicos, se escreve Sanatana Dharma. Esta expressão era usada freqüentemente por Mahatma Gandhi, tendo em vista retirar o tom pejorativo dado pelos europeus prepotentes e orgulhosos. Dharma é um conceito amplo e central na filosofia religiosa de Bharata, porque expressa: ordem, lei e dever. Contudo, não se trata de uma simples ordem no sentido jurídico, senão que uma ordem cósmica oniabrangente, que determina toda a vida e ao que todos devem se ater, independente de casta ou classe em que se encontre. Dharma diz respeito a todas as pessoas  e a relação dela com todos, inclusive com a natureza. De fato, o Dharma se trata de uma ética fundamental, que se encontra até mesmo entre os aborígenes australianos. Dharma é uma ordem fundamental que nos foi dada de antemão desde o princípio.

A partir da compreensão deste princípio ético fundamental, fica claro que o Sanatana Dharma não se trata, primariamente, de proposições de fé, tampouco de dogmas, e de ortodoxia. Senão que se trata de proceder de forma reta ou justa: justo ritual, justa moralidade, justa religiosidade, o que constitui a filosofia religiosa do Sanatana Dharma em potencial.

Dharma, também, não se trata de simples direitos frente aos demais, senão que a maior determinação de uma pessoa, e dos deveres que uma pessoa possui: deveres frente à família, à sociedade, e aos “deuses”.

Quatro objetivos vitais
O Sanatana Dharma possui quatro objetivos vitais, a saber:

  1. Kama: Busca do agradável, e o gozo dos sentidos regulados conforme o Varna e Ashrama;
  2. Artha: busca pela correta distribuição da riqueza, tendo em vista conceder o bem-estar geral;
  3. Dharma: esforço na reta distribuição da justiça, bem como desenvolvimento de virtudes;
  4. Moksa: busca pela liberação ou salvação do ciclo de nascimentos e mortes, Samsara (conhecido como “reencarnação”).

Pecados sociais modernos – Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi, como um devoto Vaishnava, apontou sete dos “pecados” sociais modernos, que provocam desigualdades, a saber:
  1. Política sem princípios éticos;
  2. Negócios sem moralidade;
  3. Riqueza sem trabalho;
  4. Educação sem caráter;
  5. Ciência sem humanidade;
  6. Desfrute sem consciência, e
  7. Religião sem sacrifício (sem entrega, sem Seva ou serviço abnegado).

Virtudes do caminho do Yoga
Muito longe da cômica atividade de exercícios físicos, mal denominados de “yoga” no Ocidente, encontramos virtudes éticas na filosofia do Yoga, a saber:

Ahimsa: não-violência; não agressão; não-ferir;
Satya: veracidade (agir e dizer coerentemente com a verdade e veracidade);
Asteya: não furtar, roubar ou retirar o que não lhe pertence;
Brahmacharya: conduta casta, e
Aparigraha: contentamento com o que tem; ausência de desejos materiais e de cobiça.

O Atharva Veda possui máximas que enaltecem os princípios morais e éticos do Yoga:

“Eu – princípio Absoluto – os procurarei na unidade dos corações e de espírito, e da ausência de ódio”;
“Amai-vos uns aos outros como a vaca ama a sua terneira que há parido”;

“Faça que teu filho seja leal como o pai, e esteja de acordo com a mãe”;

“Nenhum irmão odiará ao seu irmão; nenhuma Irma a sua Irma. Decidam vossas palavras de comum acordo, unidos na mesma finalidade, com amabilidade;
“Há que dizer a verdade, e há que dizê-la de modo agradável”;

“Não há que dizer a verdade de forma desagradável, nem há que optar pela falsidade somente porque é agradável. Essa é a lei eterna”.

Aspectos fundamentais
A maioria dos Hindus crêem num Deus único como sendo o Absoluto, porem, segundo a tendência o Absoluto está associado a uma figura de relevância determinada (isso porque seguem as Escrituras, como o Bhagavad-gita, que orienta preferencialmente a adoração a Deus com forma), sendo mais comuns a adoração a Siva, Vishnu e Sakti (aspecto feminino de Deus).

No Sanatana Dharma a alma é eterna, sendo idêntica a causa primeira do mundo, e segundo a lei do Karma – causa e efeito – passa por várias existências terrenas. Todas as criaturas possuem alma, e apenas se diferenciam pelo grau de consciência e conhecimento do criador.

A chamada “lei do Karma” diz que todos os atos possuem causas procedentes de uma vida anterior, e que é feito irá repercutir na próxima existência. Apesar de isso, não se trata de uma forma insuperável, porque pela livre vontade alguém pode mudar seu Karma e purificar suas reações.

Os quatro Vedas
As Escrituras sagradas são consideradas como Escritos divinos. Os Vedas são escritos adequados para Brahmanas ou sacerdotes, mas há um conjunto de Escrituras igualmente consideradas védicas como o Bhagavad-gita, O Mahabharata (de onde saiu o Gita), bem como Ramayana. Além destes escritos há os Puranas, considerados obras populares, onde se encontram os princípios éticos e morais da filosofia do Sanatana Dharma.

Hari Hara Om Tat Sat.