O que é Hinduísmo
SATGURU SIVAYA SUBRAMUNIYASWAMI
SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
GITA ASHRAMA
Tradução, adaptação e comentários por
SWAMI KRISHNAPRIYANANDA SARASWATI
Prof. Olavo DeSimon
"... as três crenças centrais para todos os hindus são o Karma, a Reencarnação, e a crença numa divindade todo-interpenetrante, formando o essencial da religião quotidiana, explicando nossa existência passada, guiando nossa vida presente, e determinando nossa futura união com Deus".
1. O que é o Hinduismo?
O hinduísmo é a religião mais antiga ainda existente, e o sistema cultural da Índia, seguida hoje por cerca de 2,5 bilhões de pessoas, principalmente na Índia, ainda que com grandes populações em outros países. Também chamada de Sanatana Dharma, a religião dos Vedas, o Hinduísmo açambarca um amplo espectro de filosofias que variam desde o pluralismo teísta até o monismo absoluto. Há uma família de miríades de fés, com quatro denominações principais: Saivismo, Vaishnavismo, Sahaktismo e Smartismo. Cada um destes quatro possuem crenças divergentes, o que faz cada um possuir uma religião completa e independente. Ainda assim, compartem uma vasta herança de cultura e crenças: o karma, o dharma, a reencarnação, a divindade onimpregnante, a adoração no templo, os sacramentos, a pluralidade de deidades, os muitos yogas, a tradição Guru-siksha, e uma dependência dos Vedas como autoridades escriturais. Do rico solo da Índia, faz muito tempo, brotaram outras tradições. Entre estas estão o Jainismo, o Budismo, e o Sikhismo, que rechaçaram os Vedas, e, portanto, emergiram como religiões completamente distintas, dissociadas do hinduísmo, ainda que compartilhem muitas intuições filosóficas e valores culturais com sua fé mãe. Não distinto das demais religiões do mundo, o Hinduísmo não possui uma chefatura central. Com exceção do Catolicismo, muitos Cristãos, judeus, muçulmanos, nem os budistas, a possuem também. Há muitos representantes e são secretários de várias denominações. O hinduísmo, neste sentido, não é diferente no mundo de hoje. Ele teve muitos fundadores no passado, e o terá no futuro de suas seitas, de sua linhagem de ensinamentos, cada um encabeçado por um "pontífice". Pois se admite que há alguns seres espirituais (Acharyas) ao redor dos quais todos se congregam para iluminação e consolo, e que hão renunciado ao sectarismo, linhagem e formalidades, pelo Ser e toda a sua grandeza que contém. Os críticos costumam chamar o hinduísmo de uma religião não organizada. De certo modo, eles têm razão.
2. - Hinduísmo é legítimo
O cristianismo e o Islamismo governaram a Índia, a pátria central do hinduísmo, por 1.200 anos, desgastando enormemente Sua perpetuação. Mesmo assim sobreviveu. No mundo de hoje, pode-se dizer que o Hinduísmo é uma religião desorganizada, mas está melhorando diariamente. Há templos e organizações ativas ao redor do mundo. Qualquer que sejam as suas falhas, se mantêm vivos os fogos do Sadhana e da renúncia, de uma vida espiritual. Nenhuma outra fé há feito isto com tal amplitude. O hinduísmo possui cerca de um milhão de Swamis, Gurus, e Sadhus, que trabalham de modo incansável, dentro e sobre si mesmos, e então, quando estão prontos, servem aos outros conduzindo-os da obscuridade à luz; da morte para a imortalidade.
3. O que faz alguém um hindu?
Durga-devi |
Em nossa discussão sobre a conversão hindu surge claramente a questão de como o hinduísmo tem visto isto historicamente. Segundo, o que é, e exatamente, o que faz uma pessoa hindu? Nos aproximaremos primeiro desta última questão. Para aquele que nasceu hindu, a questão de entrar no hinduísmo pode lhe parecer desnecessária, porém, por definição, o hinduísmo é um caminho de vida, uma cultura, tanto religiosa como secular. O hindu não costuma pensar que a sua religião é um sistema claramente definido, distinto e diferente dos outros sistemas, por isso, se ocupa na sua vida de modo natural. Sua religião açambarca tudo na vida. Em parte, esta visão, pura e simplesmente, prove o relativo afastamento que as comunidades hindus desfrutaram por séculos, com pequenas interações de fés estrangeiras, para iluminar a unicidade do hinduísmo. Algo mais que isto, se há feito com a qualidade todo abrasadora do hinduísmo que aceita as muitas variações de crenças e práticas dentro de si mesma. Porém, esta visão ignora as verdadeiras distinções entre estes caminhos de vida e aqueles caminhos de outras grandes religiões do mundo. Isto não nega que o hinduísmo é, ademais, uma religião mundial distinta. Aqueles que seguem este caminho de vida são hindus. Isto é similar à história do Mahabharata, onde o grande rei Yudhistira foi interrogado: “- O que é que faz alguém um brahmin, nascimento, instrução ou a conduta?”, o qual respondeu, “- É a conduta que faz alguém um brahmin”. Similarmente, o hindu moderno pode bem declarar a sua conduta baseada nas crenças no Dharma, Karma, e reencarnação, as quais une os hindus. Além do mais, poderíamos refletir: não será um grande devoto aquele que está cheio de amor e fé no seu coração pelo seu Ishta-devata, e que vive o Dharma hindu melhor que seu agnóstico vizinho hindu, ainda que o primeiro tenha nascido na Indonésia ou na América do Norte, e o segundo em Andra Pradesh? Sri K. Navaratnam de Sri Lanka, devoto de Paramaguru Siva Yogaswami, por mais de 40 anos, em seu livro Estudos no Hinduísmo, cita o livro de Introdução ao Estudo das Escrituras Hindus: “Os hindus são aqueles que aderem a tradição hindu, de tal modo que eles estão devidamente qualificados para tal realidade efetivamente, e não simplesmente numa forma ilusória e exterior; os não hindus, pelo contrário, são aqueles que por razão for, não participam da tradição em questão”. Sri Krishna Navaratnam enumera uma série de crenças básicas sustentadas pelos hindus:
4. Crenças Hindus
- 1. Uma crença na existência de Deus;
- 2. Uma crença numa alma separada do corpo;
- 3. Um crença no princípio finito, conhecido como Avidya ou Maya;
- 4. Uma crença no princípio da matéria - Prakriti ou Maya;
- 5. Uma crença na teoria do Karma e a reencarnação;
- 6. Uma crença na guia indispensável de um guru para guiar o aspirante espiritual até a direção da realização de Deus;
- 7. Uma crença em Moksha, a liberação como meta da existência humana.
- 8. Uma crença na indispensável necessidade de adoração no templo, na vida religiosa;
- 9. Uma crença em formas graduadas de práticas religiosas, tanto internas como externas, até que se realize Deus;
- 10. Uma crença no Ahimsa, como o mais precioso Dharma ou virtude;
- 11. Uma crença na pureza mental e física, como fatores indispensáveis para o progresso.
Sri Sri Sri Jayendra Sarasvati, 69º Shankaracarya de Kamakoti Pitam, define num de seus escritos as características básicas do Hinduísmo, tal como segue:
5. Sinais da fé
- 1. O conceito da adoração do ídolo, e da adoração de Deus tanto em sua forma Nirguna como Saguna (com ou sem forma, respectivamente);
- 2. O uso de marcas sagradas na testa;
- 3. A crença na teoria dos nascimentos passados e futuros, de acordo com a teoria do Karma;
- 4. A cremação do homem comum e o enterro do Grande Homem.
6. Fé Hindu
Menina indiana é vestida como o Senhor Krishna quando criança. |
Um artigo no Hindu Vishva (Janeiro/Fevereiro, 1986), cita-se várias definições comuns, incluindo a que segue: “Aquele que possui um fé perfeita na lei do Karma, a lei da reencarnação, o Avatara, a adoração ancestral, o Varnashramadharma, os Vedas e a existência de Deus, que pratica as instruções dadas nos Vedas com fé e sinceridade, que executa Snana, Sraddha, Pritri-tarpana, e o Pancha Mahayajñas, que segue o Varnashram-dharmas, que adora os Avataras e estuda os Vedas, é um hindu”. A definição oficial de hindu, do Vishva Hindu Parishad, presente no Memorandum da Associação, regras e regulamentos (1996) é: “Hindu significa uma pessoa que crê, segue ou respeita os eternos valores da vida, éticos e espirituais, que hão surgido em Bharat Índia -, e inclui qualquer pessoa que se chama a si mesma de hindu”. Nas definições dadas acima, e em outras, as três crenças centrais para todos os hindus são o Karma, a Reencarnação, e a crença numa divindade todo-interpenetrante, formando o essencial da religião quotidiana, explicando nossa existência passada, guiando nossa vida presente, e determinando nossa futura união com Deus. Isto está manifesto em que, pela difusão de tais crenças hoje, um grande número de não hindus, previamente qualificados, se declaram a si mesmos hindus, porque muitos creem no Karma, Dharma, e Reencarnação, e se esforçam para ver Deus em todos os lados, possuem algum conceito de Maya, reconhecem a alguém como seu guru, respeitam a adoração do templo, e creem na evolução da alma. Muitas destas crenças são heréticas na maioria das outras religiões, especialmente para as religiões cristãs e judias, e aqueles que creem no Karma e a reencarnação, e na união com a Divindade desenvolveram-se mais além dos limites da religião ocidental.
Om tat sat