Bioética
e Sanatana Dharma
Swami Kṛṣṇapriyānanda Saraswati
Prof. Olavo DeSimon
SANĀTANA DHARMA BRASIL
Gītā Āśrama
Gītā Āśrama
2005 - 2013
Sri Ganesha |
Bem-estar espiritual
O Hinduísmo é uma vasta e
profunda filosofia de vida, com um inumerável aglomerado de múltiplas "religiões". Os Hindus adoram a Realidade Suprema, e creem que todas as
almas finalmente realizam a Verdade, para a qual deve-se aproximar através de
uma grande variedade de nomes e formas (sendo que cada um adota a que lhe mais
dizer respeito em sentimento ou Bhakti). O bem-estar espiritual advém de levar
uma vida dedicada em servir, baseada no princípio da não-violência (uma herança
do Jainismo), no amor, boa conduta, e no serviço abnegado, e assim será alcançada
a Verdade Suprema de modo interior. Atingir-se o bem-estar espiritual varia de
acordo com o temperamento individual, sendo que o Guru é quem indica qual o
melhor processo para alguém progredir espiritualmente. A realização da Verdade
Suprema pode ser realizada por intermédio da devoção ou Bhakti para um aspecto
particular de Deus; auto-análise, serviço abnegado, e meditação.
Doenças, acidentes, ferimentos
No Hinduísmo há a teoria do
Karma (lei de causa e efeito). Cada indivíduo credita a si o próprio destino,
conforme pensamentos, palavras e obras. Doenças, acidentes, e ferimentos, são
resultados do Karma que alguém criou, e é visto como uma forma de purificação. O
Karma é visto como um acúmulo de reações adquiridas através de muitas vidas. Portanto,
uma doença pode ser vista como resultado de uma ação na vida anterior, ou na
vida pregressa.
Nascimento
Para os Hindus, o
nascimento é importante a partir do que diz o horóscopo ou Jyotish. Tradicionalmente,
os bebês nascem em casa, feitos por um Kaviraj (parteiro ou parteira). O marido
não assiste ao parto, porque é considerado mal Karma. A criança é encaminhada
para ser amamentada logo que nasce. Não há nenhum ritual de circuncisão. Tradicionalmente,
a criança recebe o nome no décimo dia do nascimento, fator que leva em conta
suas estrelas de nascimento, e configurações do seu mapa astral. Este cerimônia
chama-se de Namakara (cerimônia do nome), e então ela é considerada ingressa no
mundo material.
Aborto e controle de gravidez
Boa parte dos Hindus não
aceita o aborto, principalmente como método anticoncepcional. Contudo, gravidez
que é resultado de estupro, tenha uma deformidade grave, ou que não é desejada
por razoes do casal, o aborto é protegido por leis milenares.
O controle de gravidez é
uma prática milenar na Índia, e é praticado, tanto de forma natural (período
fértil) como artificial (com o uso de produtos e remédios).
Dieta e regulações
O vegetarianismo é
recomendado pelas escrituras Hindus, mas cada um poderá escolher livremente a
sua dieta, porque cada um é responsável pelo seu próprio Karma. Na Índia,
lacto-vegetarianismo é adotado pela vasta maioria das pessoas. Peixe e frango são
consumidos por alguns, mas jamais carne de vaca ou boi, que é considerado um
sacrilégio. Alimentos picantes são comuns, principalmente no sul da Índia. É
comum ingerir iogurte e doces com a comida. O sal é usado com moderação. O
Ghee, ou manteiga clarificada, é usado no lugar de óleo nos alimentos. Tanto o
café como os chás são utilizados. O mais comum é o Chaya, uma mistura de chá da
Índia, com especiarias e leite. É comum comer-se usando a mão direita, sem
talheres. A mãe esquerda é utilizada para limpeza (os Hindus não usam papel
higiênico, preferindo tomar banho depois de usar o sanitário).
Decisões bioética (vontade de viver; diretrizes, etc).
A tradição Hindu não aprova
meramente o matar alguém, mesmo o suicídio sem motivo ou por causas fúteis, mas
prolongar a vida de alguém, de forma artificial, é algo de cunho individual. No
mais das vezes, os Hindus preferem seguir o curso natural da vida; isso quer
dizer que uma vida não deve ser mantida por meios artificiais, principalmente
se há comprovação de falência de algum órgão que não e possível a pessoa ter
uma vida normal dali para diante. Morte cerebral é considerado que a alma abandonou
o corpo.
Manutenção da vida e o
transplante de órgãos (receber e doar) é algo particular de cada um. No geral,
é vista uma relação de parentesco com a casta ou ordem religiosa, nas quais são
feitas doações ou não, de acordo com a vontade e consentimento individuais.
Visitas em hospitais
Em geral, os Hindus são
ligados uns aos outros de forma familiar e próximos. O paciente é quem aprova
ou não a visita dos pais, parentes próximos, etc. No mais, para uma decisão
médica, os parentes devem ser requisitados, inclusive se alguém deve ou não ser
operado, etc. Um paciente Hindu sempre está em conexão com um templo Hindu ou
Ashrama, então o paciente poderá solicitar um sacerdote ou Brahmana ou a seu
Guru para visitá-lo, o que não deverá ser impedido.
Fala e conversações e hábitos
Os Hindus falam bem a
língua do lugar onde vivem, mas é comum se comunicaram com outros dialetos,
sendo que o Hindi é amplamente empregado.
Na cultura Hindu, é comum
as pessoas retirarem os sapatos antes de entrar em casa ou aposento. O médico
deverá saber respeitar isso antes de entrar na casa e aceitar o pedido de
retirar os sapatos, sob grave ofensa. Não é permitido entrar de sapatos nos
locais de adoração.
Não será de estranhar que
os pacientes e visitantes retirem seus sapatos na porta de entrada do quarto do
hospital quando forem visitar alguém doente.
Se o paciente que for
visitar o paciente que é mais novo, este deverá ser instruído, caso não possa,
a não se levantar ou fazer esforços desnecessários para levantar-se, porque
isso é considerado sinal de educação. O respeito pelos mais velhos é uma marca
registrada dos Hindus, junto com um forte laço familiar.
Devoção pessoal e objetos religiosos
Um Hindu poderá levar com
ele, para o quarto do hospital, uma pequena imagem ou quadrinho com a sua
Deidade de adoração. A prática religiosa Hindu inclui meditação, oração com um
Mala (rosário de 108 contas). Um Mantra, ou vibração sonora que se refere a um
nome ou atividade de uma forma de Deus, é entoado com este rosário. Em geral, a
pessoa de direciona para o Norte ou Leste para fazer sua prática.
Dias sagrados
A grande maioria dos dias
sagrados são observados de acordo com o aspecto particular da Divindade, a qual
a família Hindu pertence. No mais das vezes, são comemorados o Sivaratri (dia
do Senhor Siva), que ocorre usualmente na lua nova de fevereiro. Krishna
Janmashtami, comemora o aparecimento do Senhor Krishna, fato que ocorre geralmente
em Agosto, na lua minguante. Um devoto da Mãe Divina (Kali, Devi, etc), celebra
o Navaratri, que são nove dias de adoração (este período de nove dias pode
ocorrer em um mês diferente, dependendo da região da Índia que uma pessoa é).
Resumidamente, estas datas acima são as observadas pela grande maioria no
calendário Hindu.
Morte, vida depois da morte, luto
O Hindus preferem morrer
nas suas próprias casas do que num
hospital. Portanto, deve-se evitar que ela ocorra num hospital. O paciente
moribundo deverá ter seu desejo respeitado de permanecer com seus parentes
íntimos, ou com seu sacerdote ou Guru, se possível. O sacerdote Brahmana deverá
encaminhar os ritos funerários adequados para cada caso.
Tanto o enterro como a
cremação são utilizados pelos Hindus, dependendo do local, idade, e tradição da
ordem que está seguindo, e das orientações dadas pelo Guru. Os Hindus crêem que
a alma reencarna sempre, até que se extinga o Karma completamente, atingindo a
liberação.
É dito que a lamentação
pela morte torna mais difícil a alma partir do corpo e abandonar o plano
terrestre. O ideal para o Hindu é lembrar-se da partida do corpo com pensamentos
de felicidade, uma vez que alma recebe estas vibrações. Evidentemente que o
lamento pela perda de alguém é algo inevitável, mas o apego exagerado causa
mais dor e sofrimento para todos.
Hari Om Tat
Sat