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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Filosofia Sankarite

Filosofia Sankarite

Pontos básicos

Swami Krsnapriyananda Saraswati



Vaisnava Brasil

Gita Asrama

2010



Sri Adi Sankara o maior dos Advaita Vedanta Vaisnavas
“A Ontologia védica ou estudo sobre o Ser ou Atma é o “objeto material” de estudos da Filosofia de Sri Adi Sankara Acharya. O perfeito discernimento entre o que é relativo ao conhecimento objetivo e o conhecimento subjetivo é chamado de Viveka. O Atma é a redução substancial subjetiva, assim como o átomo é a redução objetiva ou material. Os primeiros passos de compreensão da filosofia Sankarite são dados no aprendizado e realização de que somos almas espirituais ou Atma tendo experiências materiais ou objetivas, e não um corpo com uma alma, conforme a identificação objetiva costuma defender de forma equívoca. Sri Adi Sankaracharya promove a inversão ontológica ao dizer que o Atma é tudo e tudo é o Atma.



Hari hara om tat sat”



Prolegômenos

Filosofia requer o conhecimento de termos básicos, bem como o posicionamento racional adequado quanto ao significado dos termos e suas aplicabilidades, evidentemente, filosóficas. É sempre bom consultar um Dicionário de Filosofia acadêmico, e pesquisar as orientações dadas pelos autores filósofos. O leitor deverá saber separar o que é filosofia daquilo que é ideologia. O critério é único: se houver juízo de valor é ideologia, e não filosofia. É importante salientar que as palavras em filosofia possuem um sentido próprio e objetivo, não se tratando de “jogo de palavras” conforme costuma apregoar o leigo, desinformado dos sentidos das palavras em Filosofia. Também chama-se a atenção que Filosofia não é apenas “Filosofia da Linguagem”, bem como estando além da simples análise filológica ou etimológica (aparelhos da Linguística), e etc. Filosofia é senão um perguntar não apenas pelas coisas, mas pela possibilidade da pergunta.

Advaita Sankarite

A Filosofia que Sri Adi Sankara Acharya soergue é chamada de Advaita Vedanta, o Vedanta não-dual. A palavra “vedanta”, como quase todos os termos em sânscrito (escrita sagrada), é uma palavra composta, neste caso, de dois termos, “veda= conjunto de instruções dos Vedas, principalmente Rig veda, Yajur-veda e Sama-veda), e anta= parte; finalidade ou télos; “finalidade dos Vedas”. Portanto, traduções de não-filósofos que descrevem o vedanta como sendo “o fim do Veda”, como se o Vedanta em algum momento superasse os Vedas e desse fim n’Eles, é não somente falta de conhecimento como um impropério filosófico, que logo desnuda quem é ou não é filosofo védico. A não ser que o termo “fim” tenha o sentido de “finalidade”; “objetivo”; “ter em vista”, e etc., ele será um termo equívoco. Entenda-se, também em filosofia pura não há juízos de valor. Portanto, “a-dvaita vedanta” quer dizer que se trata de um Vedanta que difere do Vedanta dual, este último chamado Dvaita, também conhecido como “dualismo”. O leitor leigo ou iniciante poderá pensar que existem muitos “vedantas”, mas na realidade o que muda é a relação entre três aspectos racionais que mais adiante iremos comentar, os quais são objeto material de estudo do Vedanta. O prefixo “a” em sânscrito, como em muitas escritas, tem o sentido de “negação”. Portanto, “a-dvaita” significa não-dual”. Eventualmente se exemplifica o ponto de vista Sankarite como sendo “monismo”, uma vez que Ele afirma existir tão somente um único Atma ou Ser, numa chamada redução ontológica. A razão lógica da sustentação do advaita sankarite é que, “o Ser não pode ser e não-ser ao mesmo tempo sob o mesmo aspecto e mesmas circunstâncias”, por conseguinte, ou aceitamos que só há um Ser, ou então múltiplos seres, o que contradiz ontologicamente o Ser. O Princípio da Não-Contradição é lógico e não ôntico, isso porque o Ser não pode ser contrário a Sua própria natureza., ou de outro modo será falácia. O leitor deverá saber distinguir que o enfoque dado por Sankara à unidade do Atma ou Brahman não deve ser confundido com a visão de que somente uma forma é verdadeira (conforme algumas seitas dualistas Vaisnavas costumam considerar), e que as outras formas não são verdadeiras ou são parciais. Divisões e subdivisões com hierarquias no Brahman é chamado de dualismo politeísta.


Sri Adi Sankara entre quatro dos Seus associados

Origênese do Vedanta

O Vedanta é naturalmente não dual, isso quer dizer que não separa nenhum aspecto do uno ou Brahman. Os Vedas são Advaita. Nos sistemas de filosofia derivados do vedanta não-dual, ou Vedanta original há diferentes maneiras de pensar três aspectos considerados “pilares” da ontologia védica, a saber: a natureza material (prakriti); a “alma individual ou alma corporificada” (jiva ou as vezes também chamado purusha), e o Supremo ou Brahman. Os aspectos irão sempre girar em torno desta tríplice relação: natureza-entidade viva-Supremo. O não-dualismo, como diz a palavra, não separa nenhum aspecto do Supremo, ou seja, tanto o jiva, como a prakriti, como o Supremo são instâncias do uno e mesmo Brahman; tudo é Atma, isso se chama redução ontológica, porque reduz tudo ao Ser. No advaita ou monismo Sankarite tudo é Brahman, e Brahman é tudo. O jiva é igual ao Brahman; o Atma individual é igual ao Atma Supremo. Substancialmente não há distinção entre Bhagavan e Brahman. Isso é o que chamamos de não-dualismo. O que muda não é real; o que permanece é real. O aparente não deve ser confundido com o permanente, etc. O Brahman é permanente em Sua mudança. Ele é dinâmico na sua estática, e estático na Sua mudança.

Termo com sentido filosófico

Há outro termo importante na redução ontológica, ele é chamado “monoteísmo”, o qual afirma que há somente um e único e mesmo Deus. Algumas escolas fazem diferença entre um aspecto e outro do Supremo. Por exemplo, afirmam que Siva é diferente de Vishnu; que Krsna é o Brahman, e ao mesmo tempo diferente de Brahman; que Devi é diferente de Parvati, e assim por diante. Tudo leva a crer que a crença do tipo monolatria ou henoteísmo ingressou no meio da filosofia Vaishnava por volta do sec. XIII, na Idade Média, trazidos principalmente por Madhava Acharya. Mas no Advaita Vedanta original, trazido e comentado na ontologia de Sankara, no viés da filosofia, os nomes e aspectos de Brahman são chamados de “acidentes” ou rupas do Uno. O Uno manifesta sua unidade na diversidade. Em outras palavras, na diversidade confirma-se a unidade do Brahman. Então, ao diferenciar em substância o Supremo (os que defendem as diferenças acidentais como sendo diferenças substanciais) são chamados de politeístas, ou seja, creem em muitos deuses, apesar de dizer que há um “deus uno” (típico dos modelos apontados acima). No Advaita só há o Brahman, com muitos nomes e formas, mas trata-se de um único e mesmo Ser em tudo e em todos. Isso é chamado de panteísmo ou pananteísmo (por favor não confundir com politeísmo, de vários deuses). Panteísmo significa dizer que tudo é o Brahman (tudo é Deus). Do mesmo modo como podemos fazer vasos, copos, potes, jarros, etc. do mesmo barro; e assim que um vaso, copo, recipiente de barro, se quebra, o lado de dentro e de fora se “misturam” e deixam de existir, porque na verdade existiram somente no tempo, do mesmo modo, há tão somente o Brahman em tudo em todos e em todas as formas; ainda que as formas se desfaçam Brahman permanece. Há tão somente um único e mesmo Deus e uma única e mesma alma em todos. É por isso que é difícil para o advaitavendantino aceitar que haja diferenças substanciais entre Atma e Paramatma. As diferenças sempre serão acidentais no advaita. O acidente, ou seja, o que é temporário, passageiro, efêmero e mutável está em contradição com que é eterno, sempre existente, permanente e imutável: Atma.

Krsna Murari
Aquilo que é permanente é chamado Atma. A natureza material é impermanente; está constantemente mudando. O Atma é permanente inclusive na mudança, de modo que permanece sempre sendo; o Atma passa ficando, fica passando, e sempre É.

A filosofia do Advaita vedanta é, portanto, não dualista, porque não separa o que alguns chamam de “Atma individual” do “Atma Supremo”. Se aceitarmos que Deus é o Absoluto, onipotente, onipresente, como então delimitá-lO? O Absoluto é Om Tat Sat. E além do mais o advaita é monoteísta, aceitando somente um único e mesmo Deus com muitos nomes e muitas formas; a visão dualista, no mais das vezes, aceita muitos deuses, e que somente uma forma é verdadeira, sendo portanto politeístas, e ao mesmo tempo colocando-se contra o panteísmo. Se tudo é Deus, como separar uma coisa de outra? Ou Deus é tudo, Absoluto, ou é parcial. Se Deus é parcial, não pode ser Absoluto. Uma questão de lógica formal. No Advaita, fica claro que há tão somente um único e mesmo Deus com muitos nomes e muitas formas. Algumas comparações poderão ser feitas considerando-se, por exemplo, o átomo material como redução material de tudo o que existe. Nas ciências empírico-formais, o átomo é uno e o mesmo em toda a matéria. O átomo primordial é mantido por forças eletrônicas; também se pode dizer que o átomo é energia em trânsito num conjunto de possibilidades, sendo tanto onda como partícula. Assim, podemos dizer que a redução mínima da matéria é o átomo. Do mesmo modo, a redução íntima subjetiva de tudo é chamada Atma. Atma ou Brahman é tanto imanente como transcendente. Portanto, é tanto manifesto como imanifesto; e apesar de não ser manifesto Ele continua sendo.

A crença de “eu “e “meu”

Viveka é o supremo discernimento. Moha é identificação objetiva do tipo “eu” e meu”. Assim alguém diz, “minha alma”, mas na realidade somos almas que temos um corpo e não um corpo que possui alma. A crença objetiva de “eu” e “meu” é a principal causa que obstaculariza a compreensão do Ser ou sujeito. Compreender e realizar o Atma ou o Ser é chamado de identificação subjetiva ou percepção da realidade subjetiva ou do sujeito, o Ser ou Atma. Não é complicado entender isso. Moha é uma forma de alguém se identificar com o corpo e suas relações: família, nome, pátria, raça, credo, religião, gênero, sexo, etc. são aspectos objetivos da consciência. Contudo, o Atma está além da objetividade material, sendo incausado, sem começo, meio ou fim. Diferente na natureza objetiva que é temporária, impermanente, tem começo, meio e fim, e está sempre sujeita e sob influencia da corrupção diante do tempo, do lugar e das circunstâncias. A crença de “eu” e “meu” é também responsável por pensar que o Atma incorporado é diferente do Atma não incorporado. Se o Atma é o tudo, então não é coerente nem lógico limitá-lo a “eu” e “meu”. “eu “ e “meu” são os suportes da identificação objetiva, e causa do dualismo “eu” e “deus”, por exemplo. Portanto, a identificação objetiva faz uma separação entre contemplador e contemplado. Do mesmo modo como Patañjali expõe um dualismo ingênuo no Yoga Sutras, os dualistas do vedanta também creem no “eu” e “meu”, dando um matiz místico ao separar o Atma em “eu” e “ele”. Evidente que o Atma é parte e parcela de Brahman. Se é parte e parcela a identificação substancial é a mesma, ainda que a acidental seja múltipla. Porém, como vimos, a multiplicidade confirma a unidade subjetiva do Brahman, assim como o átomo confirma unidade objetiva múltipla da matéria.

Viveka

Ao alcançar viveka, o yogi desenvolve o conhecimento supremo ou Jñana puro, porque alcança o mais elevado grau de discernimento. Discernir entre o que é objetivo e o que é subjetivo é chamado viveka; “eu” e “meu” são de fato os operadores da falsa noção de eu, ou ego. Quando alguém se identifica com seu corpo e relações, obviamente identifica-se de forma objetiva com o que é temporário, efêmero e passageiro, esquecendo-se assim de que é uma alma perfeita, o Ser o Atma. A identificação objetiva é chamada de aviveka (não-viveka ou não-discernimento), e no mais das vezes a interpretação da filosofia no viés objetivo no aviveka é ignorância do Ser.


Mahadeva, Parvatidevi, Ganakrsna, e Skanda, ao alto.

Mayavada

Seitas modernas de não filósofos acusam Sankara de “mayavada”, um termo genérico que afirma que tudo é maya. Jamais Sankara fala em maya neste sentido budista agnóstico e niilista dos jainistas. São falsas e infundadas as afirmações que Sankara segue o caminho niilista e da dissolução. É tolo aquele que crê em tal afirmação, e a persistência na mesma desvela a ignorância das obras de Sankara. Se alguém conseguir encontrar em algum escrito-comentário de Sankara algo como o mayavada budista, ou de Karvaka, então estaremos diante de uma fraude. Quando Sankara afirma que somente o Brahman é real, e que o resto é temporário, e diz que tanto prakriti, jiva e Mahapurusha ou Brahman são unos e os mesmos, como, então, sustentar que o mundo é maya e tudo é mayavada? Tolices sem nenhuma autoridade acadêmica. O Sr. Krsna diz textualmente no Gita 10.39 que tudo é Maya no mundo material, isso sim é uma afirmação mayavada, mas o contexto e sentido dado por Krsna é distinto do cunho pejorativo dado pelas seitas ideológicas e não filosóficas que pouco prosperaram, caindo num fanatismo que se fragmentou em subgrupos sem conhecimento de filosofia algum. É interessante notar que apesar de alguns usarem o Bhagavad-gita como livro religioso, não conseguem ver o que n’Ele está escrito, é como se lhes fossem ocultadas as palavras diante de seus olhos. Isso é, também, maya, então podemos dizer que aqueles que acusam Sankara de mayavada são os verdadeiros mayavadas, porque interpretam os textos segundo os próprios meios solipisistas e idiossincráticos. E o sentido literal destas posições ideológicas é “eu mesmo”, logo, mayavada. Assim os dualistas são verdadeiros mayavadas quando separam o Uno em fragmentos e colocam n’Ele limites, quando Ele é o Absoluto. OM Tat Sat afirma o Ser, portanto, se negarmos parte do Ser, se entra em contradição de performance.

O tempo

O Senhor Krsna fala no Bhagavad-gita que com o tempo o conhecimento do Vedanta se perdeu. Nos versos 4.1-2, do poema, está dito, “Este conhecimento do Yoga foi ensinado ao semideus do Sol, Vivaswam, e Vivaswam instruiu Manu (o pai ético da humanidade), e Manu disse-O ao rei Ikswako. Desta forma, em cadeia ou sucessão, a sabedoria do Yoga foi distribuída aos reis sábios, e com o tempo dispersou-se...”. Portanto, Kala o tempo também promove avidya ou ignorância do Supremo. O termo “yoga”, que aparece nos dois versos iniciais do canto 4 do Bhagavad-gita deve ser entendido como sendo “a ciência transcendental de união com o Supremo”, e não com os exercícios de ginásticas difundidos como “yoga” no Ocidente. Yoga é um termo amplo, e não se resume aos Asanas (exercícios físicos, tanto do corpo em si em posições, como das atividades de “limpeza”, como kriyas, pranayamas, contrações, e assim por diante). Yoga é a ciência universal do conhecimento Supremo ou do Atma ou ainda o Ser. Yoga significa unidade no e com o Supremo: Brahman.

Brahman Supremo

No verso 17.23, o Senhor Krsna diz: “Om Tat Sat, são considerados os três nomes de Brahman. Os Brahmanas (escrituras), bem como os Vedas e os sacrifícios (Yajñas), são advindo d’Eles”. O que significam as palavras, “om”, “tat”, e “Sat”? Um resumo genérico do conjunto destas três expressões do Brahman é: “OM é a Verdade Absoluta”. Portanto, o Brahman é Verdade Absoluta. Sat é o Ser, o Atma em Si. Tat significa que afirma o Ser, isso quer dizer que o OM é o Ser assim como a Consciência afirma o Ser. A consciência é o Atma em Si mesmo. OM é consciência, existência e verdade absolutas. O OM é Satcidananda, bem aventurança suprema. Portanto, o Ser é bem-aventurança.

O Brahman está evidenciado nos Upanisads. Há quatro afirmações do Brahman que são chamadas de Māha-vakyas, e as quais são o resumo de cada upanisad mais importante. Os Vedas contêm três grupos de assuntos tratados, e quatro máximas da Verdade Suprema, que são convenientes aqui mencionar. As Escrituras sagradas da Índia védica estão agrupadas em ensinamentos em três grupos principais, a saber: Vidhi-Vakya, ou injunções; Ni�edha-Vakya, ou proibições, e Siddhārthabodha-Vakhya ou Māha-Vakya que são expressões da mais elevada Verdade Suprema, que tratam da identidade do Jīvātma com o Paramātma ou a alma individual com a alma Suprema. Vidhi-Vakya e Ni�edha-Vakya são necessários para a purificação do Jīva ou alma individual que está iludido, capacitando-o a compreender Māha-Vakya, atingindo o mais elevado Conhecimento ou Verdade Suprema.


Srimati Durgadevi

Māha vakyas – os grandes ditos ou dizeres

Há quatro Māha-Vakyas nas Escrituras, sendo significativa a referência deles com uma correspondência em cada um dos Vedas, a saber: Rig-veda, Yajur-veda; Sama-veda e Atharva-veda. Vejamos, então, os quatro Māha-Vakyas (a colocação dos Vakya segue a ordem do surgimento do Veda dito acima):

1) Prajñānam Brahma: “A Consciência é Brahman”; este Vakya é chamado de Svarūpabodha-vakya, ou a sentença que explica em si mesma a natureza de Brahman ou do Ser. Esta expressão aparece no Aitareya-upanisad do Rig-veda;

2) Ahaṁ Brahma Aśmi: “Eu sou Brahman”. Este é o Anusāndhana-vakya, ou uma ideia na qual o aspirante procura fixar-se, mantendo a sua mente neste vakya. Este Vakya está no Bṛhadaranyaka-upaniśa� do Yajur-veda;

3) Tat Tvām Asi: “Vós sois Este”. Este vakya é chamado de ūpadeśa-vakya ou śrāvana-vakya, porque é transmitido do Guru para o discípulo na iniciação. Este Vakya é o mais importante, porque dá origem aos outros três Vakyas. Esta citação aparece no Kātha-ūpaniśad, bem como no Chaḍogya-ūpanisad do Sama-veda;

4) Ayam Ātma Brahma: “Este Ser é Brahman”. Esta sentença é chamada de Anubhāvabodha-vakya, ou aquela que expressa a experiência interna e intuitiva para o aspirante. Ela aparece no Māṇḍukya-ūpaniśaḍ do Atharva-veda.

O passo mais importante para compreensão profunda dos Māha-vakyas é dado quando o Yogī abandona as ideias de “eu”, “meu”, e evidentemente de “teu”, bem como qualquer tipo de dualismo “eu/Ele”. A orientação para que o Yogī abandone a ideia de dualismo está em todos os Vedas e ūpaniṣaḍs, mas aparecendo claramente no verso 2.45 do Bhagavad-gītā, a saber: “Os Vedas falam a respeito das três qualidades materiais ou Guṇas, ó Arjuna! Determina-te além delas, num equilíbrio sem dualidades, pois o teu Ser ou Ātma não precisa deste pensamento”. Na realidade a expressão “deste pensamento” niryoga, é um humor, um humor que se liga aos conceitos objetivos, dando matizes subjetivos, e afasta do que é Yoga realmente. O Brahman está além da dualidade e das qualidades da natureza material. A compreensão disso é chamado de maha viveka. Krsna libertou Arjuna de um período de absoluta busca karma-kandha por expiação e liberação do Samsara através dos sacrifícios recomendados pelos Vedas. O Bhagavad-gita, portanto, é um tratado de filosofia que liberta do tradicionalismo védico, e lança o Yogī para libertar-se através da compreensão e realização do Ser.

Jay Sri Radha-Krsna!

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