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domingo, 31 de outubro de 2010

Ganesha


Ganesha


Swami Krishnapriyananda Saraswati

SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS -Brasil
2006- 2010


Ganesha
Sri Ganesha é uma forma de Brahman Supremo; Ele realiza muitos passatempos ou Lilas, por isso O vemos de tantos modos e maneiras, aparecendo segurando diferentes parafernálias. Isso acontece com qualquer outra forma externa de Brahman, nas representações de Deus, e em alguma de Suas formas pessoais. Brahman, ou Supremo, ou Iswara, também Krishna, ou Siva, São distintas formas de Uno. Desta forma, a figura de Ganesha (Gana--som (alusão à tromba) + Isha—Senhor), também, possui um largo aspecto arquetípico, os quais expressam um estado de perfeição, bem como os meios de obtê-la. O símbolo mais importante de Sri Ganesha diz respeito ao fato de que Ele deve ser descoberto como a Divindade no interior de si mesmo.

Ganesha é o primeiro som, OM, no qual todos os hinos sagrados iniciam. Quando Shakti, a energia, matéria ou poder feminino, e Siva, o Ser, ou consciência, unem-Se, tanto som – Gana, e Luz, Skanda, nascem. Ganesha representa o equilíbrio perfeito entre a força e a bondade; poder e beleza. Ele, também, tem a simbologia a capacidade de discernimento, a qual provê a habilidade para distinguir entre a Verdade e a ilusão; o que é real e o irreal.

Uma descrição de todas as características e atributos de Sri Ganesha é dada no Ganapati Upanishad, feito pelo Rishi Atharva, no qual Ganesha é declarado como idêntico ao Brahman ou Atma. Este Upanishad contém um dos mais famosos Mantras de Sri Ganesha: Om Gam Ganapataye Namah, que literalmente tem o significado de: Eu me rendo a Vós, ó Senhor dos mestres!

De acordo com as regras estritas de iconografia Hindu, Ganesha em figuras com apenas duas mãos é considerado tabu. Portanto, Ganesha aparece no mais das vezes com quatro braços, os quais simbolizam a Sua divindade. Algumas imagens podem contem seis, outras oito, dez, doze ou quatorze braços; cada mão carrega uma simbologia, a qual difere dos símbolos das outras. Contudo, há cerca de cinquenta e sete símbolos no todo, de acordo com alguns especialistas.

A imagem de Ganesha é composta dos seguintes símbolos: quatro animais, homem, elefante, a serpente, e o rato, que dão a noção de conjunto para Sua figura. Todo o séquito possui um profundo significado simbólico no conjunto.

Outros nomes e seus atributos
Antigamente, o nome de Ganesha era Ekadanta, aquele quem possui um dente de marfim, uma vez que o outro fora quebrado. Muitas imagens de Ganesha O representam tendo esta presa quebrada. A importância desta distinção é motivo de reflexão no Mudgala Purana, o qual afirma que o nome Ganesha é uma segunda encarnação de Ekadanta. Os traços de Ganesha possuem grande importância, tendo duas encarnações que usam tanto o nome de Lambodara (grande barriga), e Mahodara (imensa barriga). Ambos os nomes, como vimos, são composições em Sânscrito, que se referem a Sua barriga. No Brahmananda Purana é dito que Ganesha tem o nome de Lambodara devido a todo o universo, ou seja, o ovo cósmico, contendo o presente, o passado e o futuro. O numero de braços em Ganesha varia, sendo que o de quatro braços é o referenciado como a forma padrão. Mas há muitas formas que O representam tendo 14 e ou 20 braços, sendo que era a imagem predominante por volta do sécs. IX e X. A serpente está presente em Ganesha, sendo comum em muitas das formas. Conforme o Ganesha Purana, Sri GAnesha vestiu a serpente ao redor do Seu pescoço, e outras referências à serpente colocam-na como o cordão sagrado, e há outras que colocam a colocam como um cinturão, etc. Na fronte do Senhor Ganesha há uma meia lua, o que é uma clara referência ao Senhor Siva.

Mas Ganesha é também o Senhor Vishnu, sendo que o Senhor Krsna assumiu várias vezes esta forma para realizar Seus lilas, como por exemplo, furtar manteiga da casa dos aldeões, e escrever o Mahabharata, conforme Sri Vyasa O ia ditando. No final das anotações, Sri Krsna mostrou-se como Ele é, na Sua forma de dois braços, tendo as feições azuladas, etc.

Veículos ou Vahanas
Muitas das representações de Ganesha trazem animais que O transportam. Estes tem o nome genérico de Vahanas (motor ou veículo). Das oito encarnações de Ganesha, descritas no Mudgala Purana, Ganesha tem um ratinho em cinco delas. Mas Ele tem um leão como veículo na Sua encarnação como Vakratunda; um pavão na Sua encarnação de Vikata, e uma serpente Shesha, na Sua encarnação como Vighnaraja. Das quatro encarnações de Ganesha listadas no Ganesha Purana a chamada Mohotkata foi num leão; Mayuresvara foi num pavão real, Dhumraketu num cavalo, e Gajanana num ratinho. Os jainistas descrevem Ganesha indiferentemente montado tanto num cavalo, leão, pavão, tartaruga, carneiro, ou ratinho.

A forma de Ganesha montando um ratinho é a mais comum, tendo sido muito divulgada no séc. VII, ou senão montado tendo um ratinho próximo aos Seus pés. O nome genérico no ratinho é Musakavahana (ratinho veículo, literalmente), e quando o ratinho aparece numa bandeira junto a Ganesha, chama-se Akhuketana.

A presença do ratinho tem várias interpretações. Ele tem a representação de um desejo ou o Tamoguna (guna da inércia). Também é dito que o ratinho simboliza a perda do egoísmo. Ganesha é o Senhor Removedor dos obstáculos, portanto, quando Ele não consegue sobrepor um lugar, o ratinho o faz, então significando que Ganesha pode penetrar em todos os lugares, mesmo os menores e mais difíceis.

O Senhor da boa fortuna
Em termos gerais, Sri Ganesha é a deidade mais frequentemente amada e invocada, uma vez que Ele é o Senhor da boa fortuna, e também o destruidor dos obstáculos, tanto da vida material como espiritual. É por esta razão que Sua graça é evocada ante de iniciar quaisquer que sejam as tarefas (por exemplo, trabalho rotineiro, viagens, prestar exames, conduzir os negócios, uma entrevista, realizar uma cerimônia, etc.). O Mantra, Aum Sri Ganeshaya Namah (saudação ao nome de Sri Ganesha), ou similar, é o que se usa nestas ocasiões. É por essa tradição que todas as seções de Bhajans, cânticos devocionais, iniciam com uma evocação de Ganesha. O Senhor benevolente de todos os princípios. Através da Índia, e da cultura do Sanatana Dharma, o Senhor Ganesha é o primeiro símbolo colocado em qualquer nova casa ou morada.

Além do mais, Sri Ganesha está associado com o primeiro Chakra, o qual representa o instinto de consecação e sobrevivência; da procriação e do bem-estar material.

Atributos corporais
Cada elemento do corpo de Sri Ganesha possui seu próprio valor, e seu próprio significado. No mais das vezes, Sri Ganesha é representado com quatro mãos. Um devoto deverá meditar na forma do Senhor e procurar entender o significado. A orientação do Guru ou mestre espiritual é de fundamental importância para se poder compreender o que tudo significa (mas pode ser que uma vida inteira não seja suficiente para isso...).

Vejamos os símbolos mais frequentes em Sri Ganesha:

-a cabeça de elefante: indica fidelidade, inteligência e poder de discernimento;

-uma presa: este fato de ter uma presa inteira e outra quebrada tem o significado de que Ganesha possui a habilidade de sobrepor todas as formas de dualismo;

-largas orelhas: denota sabedoria; habilidade para escutar as pessoas que pedem ajuda, e refletem as Verdades espirituais. Elas, também, significam a importância fundamental de escutar tendo em vista aprender e assimilar as ideias. As largas orelhas indicam que quando Deus é conhecido, tudo é conhecido;

-tromba curvada: indica as potencialidades intelectuais, as quais se manifestam em si mesmas na faculdade (Viveka) de discernimento entre o que é real, temporário e passageiro, daquilo que é terno, sempre existente (Atma);

-Trishula na testa: a lança com três pontas (arma do Senhor Siva, similar a um tridente), sinaliza simbolicamente o tempo: passado, presente e futuro, e Ganesha tem total domínio sobre ele. -barriga de Ganesha: ela contém os universos infinitos. Ela significa a generosidade da natureza e equanimidade; a habilidade de Ganesha absorver os sofrimentos do universo e proteger o mundo;

-posição de Suas pernas (uma descansando e outra sendo apoiada), indica a importância de viver e participar do mundo material, bem como do mundo espiritual; a habilidade de viver no mundo sem mundanizarse;

-quatro braços: eles representam os quatro atributos internos do corpo sutil que são: Manas ou mente, Buddhi, intelecto; Ahamkara, ego, e a consciência condicionada ou Chitta. O Senhor Ganesha representa a consciência pura – Atma – a qual habilita as quatro funções dos atributos em nós;

- mão segurando machado: tem a simbologia de reduzir todos os desejos, dores e sofrimentos. Com este machado, Ganesha tanto pode golpear como repelir os obstáculos. O machado, também, simboliza o aguilhão que conduz o homem para o caminho da retidão e da Verdade;

-segunda mão segurando um laço: tem o símbolo da força, que amarra a pessoa devota à eterna beatitude de Deus. O laço conduz a ideia de que devemos nos libertar dos apegos e desejos mundanos;

-a terceira mão abençoa os devotos: esta é a posição da benção, refúgio e proteção divina ou Abhaya; -a quarta mão sustenta uma flor de lótus: o Padma simboliza a elevada meta da evolução humana; a doçura de realizar o Ser interior.

O Senhor cuja forma é o OM, carregado por Mushika
Ganesha é representado, também, e descrito como Omkara ou OM. O formato de Seu corpo é uma copia que delineia a sílaba OM em Devanagari (a escrita do sânscrito). O OM é conhecido como Mantra Bija ou Mantra Semente. Por esta razão, Sri Ganesha é considerado a corporificação ou encarnação do cosmos inteiro; como sendo a base de todos os fenômenos do mundo (Vishvadhara; Jagadoddhara). Além do mais, na linguagem Tamil, a sagrada silaba é indicada precisamente por suas características que delineiam a cabeça de Ganesha.

De acordo com as interpretações, o veículo que transporta Sri Ganesha, o ratinho ou Mushikam, representa a sabedoria, bem como o talento e a inteligência. Ele simboliza a pequena investigação de um objeto critico. Assim, ela é também um símbolo da ignorância que domina a escuridão e teme a luz do conhecimento.

Tanto Sri Ganesha com Mushika adoram Modaka, um doce o qual é tradicionalmente oferecido para ambos em cerimônias de adoração. Mushika é usualmente representado bem menor do que Ganesha, contrastando com os veículos de outras formas ou Deidades. No entanto, Mushika é representado como um rato enorme na arte Maharashtrian (de Mahatashtra), que desenham Mukash como um grande rato.

Também, uma outra interpretação diz que o ratinho Mushika ou Aku, representa o ego, a mente com todos os nossos desejos, e o orgulho individual. Ganesha cavalga o ratinho, tornando-se mestre e não escravo daquelas tendências; indicando, também, o poder do intelecto e das faculdades de discernimento como superiores a mente. Ademais, o rato – que é extremamente voraz na natureza – é muitas vezes representado próximo a um prato de doces, com seus olhos para Ganesha, enquanto segura um bocado de comida entre suas patas, como que aguardando uma ordem de Ganesha. Isso tudo representa a mente, a qual foi completamente subordinada a faculdade do intelecto; a mente sobre estrita supervisão, a qual se fixa em Ganesha, e não pega comida a não ser com a promissão de Ganesha.
 
Por fim, tudo isso representa a modéstia a humildade que devemos ter. Ganesha, apesar de sua gigantesca forma, grande talento e conduta, torna-Se tão leve que pode ser carregado por alguém tão pequeno, como um ratinho insignificante.

Casado ou celibatário?
É interessante observar como, de acordo com a tradição, Sri Ganesha foi gerado por Sua mãe, Parvati, sem a intervenção do Seu marido, Sri Siva. Siva, de fato, sendo eterno – Sadasiva – não possui nenhum desejo de ter filhos. Consequentemente, o relacionamento de Ganesha e Sua mãe é único e especial.

Devido a isso Sri Ganesha é representado, tradicionalmente no Sul da Índia, como sendo celibatário. É dito que Ganesha, tendo a Sua mãe como a mais bela a perfeita mulher no universo, exclamou: “traga-me uma mulher tão maravilhosa como És que casarei com ela”. No norte na Índia, por outro lado, Sri Ganesha é com freqüência representado como sendo casado com duas filhas do Senhor Brahma: Riddhi (intelecto), e Siddhi (poderes espirituais). Popularmente, no norte da Índia Ganesha está acompanhado por Saraswati, a deusa da sabedoria e da arte, e por Laksmi, a deusa da fortuna e da sorte, simbolizando que todas estas qualidades sempre acompanham quem descobre a suas qualidades divinas internas. Simbolicamente, isso representa o fato de que a riqueza, prosperidade, e sucesso, acompanham aqueles que possuem as qualidades de sabedoria, prudência, paciência, etc., as quais Sri Ganesha representa.

Kalabou
Há outra mitologia, especificamente na Bengala, a qual fala que Sri Ganesha casou-Se com Kalabou. Kalabou nada mais é o que a bananeira, representada tradicionalmente no Sari branco, com bordas vermelhas. A história conta que Sri Ganesha necessitava casar, centro dia quando chegou em casa, Ele viu Sua mãe Durga Devi comendo com Suas próprias dez mãos. Ficando chocado, Ele perguntou por que Ela fazia aquilo? Durga respondeu que depois de Ganesha casar Sua esposa não daria para Ela nenhum alimento, então estava comendo daquela forma, com Suas dez mãos. Sentido-se triste, Ganesha decidiu que deveria casar-se com a bananeira ou Kalabou, então Sua mãe jamais teria algum aborrecimento com comido, uma vez que a bananeira não pode deixar de produzir frutos. A tradição consagra que nos dias de festival de Durga no Saptami (primeiro dia de adoração a Durga), nas primeiras horas do dia, Kalabou é levada para banhar-se no rio Gange. Após a cerimônia do banho, ela é adornada com um Sari branco com bordar vermelhas, e pó vermelho é jogado sobre suas folhas. Então ela é colocada sobre um pedestal, decorada e adorada com flores, pasta de sândalo, e varinhas de incenso. Após isso, ela é colocada no lado direito de Ganesha. É por essa razão que Kalabou é popularmente conhecida como a esposa de Ganesha.

Etimologia e derivações de Ganesha
No norte da Índia, Ganesha é tradicionalmente conhecido como Gana (república). Este nome influenciou o pais africano com o mesmo nome. A palavra Genesh é formada pelos nomes Gana + isha, portanto, Ganesha é uma sandhi ou junção de palavras. Um dos sentidos de Gana é som, como já vimos, mas Gana também significa república, então o sentido seria “Senhor da República”. Ganesha é, também, conhecido como Ganapati; o sufixo “pati” indica Senhor ou protetor da República. De acordo com os Jats, Ele guia o bem-estar da república. Nada acontece na república sem a Sua permissão. Uma cerimônia de casamento deverá ser realizada com Suas bênçãos, e entrar na área de uma república deverá ser feita sob sua permissão.

Como Ganesha ganhou a cabeça de elefante?
Há muitas histórias da mitologia dos Hindus que contam como Ganesha obteve a cabeça de elefante; isso deu origem a muitas historietas de como isso aconteceu. E muitas destas historias revelam as origens da enorme popularidade do culto a Ganesha.

Decapitado e reanimado por Siva
A mais conhecida das histórias de Ganesha é, provavelmente, a que está no Siva Purana. Certa feita, quando Sua mãe Parvati, nenhum dos seus servos estava disponível para cuidar da Sua casa. Então Ela criou uma imagem de um lindo menino, feita com pasta de pó de Tumerique (este pó Ela havia preparado para clarear Seu corpo, pis tem propriedade antiseticas e refrescantes); desta forma, Ela deu vida a imagem, surgindo Ganesha. Parvati ordenou que Ganesha ficasse na porta, e não permitisse ninguém entrar na casa. Obedientemente Ganesha seguiu a ordem de Sua mãe. quando o Senhor Siva voltava para Sua casa, Ele tentou entrar, sendo impedido por Ganesha. Siva ficou enfurecido com a atitude do garoto, que se atreveu a impedi-lO. Ele disse para Ganesha que era o marido de Parvati, e pediu que Ganesha O deixasse entrar. Mas Ganesha havia escutado de Sua mãe que não deixasse entrar ninguém. Siva perdeu a Sua paciência e lutou com Ganesha, sendo que a Sua cabeça foi cortada pelo Trishula de Siva. Quando Parvati veio para fora, e viu Seu filho sem vida, Ela ficou muito furiosa e triste. Ela ordenou que Siva restaurasse a vida do menino novamente. Desafortunadamente, o poder do Trishula de Siva aremessou a cabeça para muito longe. Todas as tentativas para encontrar a cabeça foram em vao. Num último recurso, Siva foi até o Senhor Brahma que sugeriu para Siva para que colocasse no menino a primeira cabeça que encontrasse no Seu caminho a qual estivesse olhando o norte ao dormir. Siva, então, enviou Seus soldados celestais Gana para encontrar e pegar a cabeça de qualquer criatura que eles tivessem a felicidade de achar e que estivesse com a dormindo com a cabeça para o norte. Eles encontraram um elefante dormindo daquele modo, depois de terem cortado a cabeça do elefante, foi então colocada no corpo de Ganesha, trazendo-O novamente a vida. Daí por diante ele foi chamado de Ganapati, ou o chefe dos soldados celestes, e desde então é adorado por qualquer que seja antes de iniciar quaisquer atividades.

Siva e Gajasura
Outra história da forma de Ganesha é sobre o fato da existência de um demônio ou Asura, o qual tinha todas as características de um elefante, sendo chamado de Gajasura. Ele havia feito severas penitências ou Tapasias, austeridades, tendo em vista alcançar qualquer coisa que desejasse. Então o demônio desejou que saísse fogo do seu corpo sempre que quisesse, de modo que ninguém se aproximasse dele. Siva era a deidade adorada, de modo que deu tal benção para o demônio. Gajasura continou a sua penitencia até que Siva apareceu diante dele, sempre perguntando o que ele desejava. O demônio respondeu, “Eu desejo que você more no meu estômago”. Então o Senhor Siva concedeu este desejo ao demônio e passou a residir no interior no estomago dele. O Senhor Siva é conhecido como Bhola Sankara, uma vez que Ele á uma Deidade facilmente agradada; quando Ele está satisfeito com Seu devoto, Ele atende aos seus desejos, e deste modo, de tempos em tempos, cria determinadas situações intrincadas. Foi por esta razão que Parvati, Sua esposa, procurava por Ele sem conseguir encontrá-lO. Como último recurso, Ela foi até Seu irmão Vishnu, pedindo para que Ele encontrasse Seu marido. Vishnu, que a tudo conhece, garantiu para Ela: “Não se aborreça, querida irmã, Seu marido é Bhola Shankara, e prontamente atende aos Seus devotos; em qualquer que seja o que Lhe peçam, sem medir as consequências. Por esta razão, penso que Ele esteja em alguma dificuldade. Eu irei ver o que está acontecendo”.

Então Vishnu, o regente onisciente do jogo cósmico, articulou uma pequena representação. Ele transformou Nandi, o búfalo de Siva, num búfalo dançante, e levou-o até diante de Gajasura, assumindo, ao mesmo tempo, a aparência de um flautista (como Sri Krishna). O encantamento realizado pelo búfalo deixou o demônio em êxtase, e então ele pediu para que o flautista pedisse o que quisesse para ele. Vishnu respondeu, “Você pode me dar o que eu pedir?” Gajasura respondeu, “o que você deseja? Eu posso lhe dar imediatamente o que você pedir”. O flautista disse, então: “Eu desejo que libere o Senhor Siva do seu estômago”. Gajasura então se deu conta que o flautista era Vishnu em pessoa, e apenas quem fosse onisciente poderia saber e pedir tal coisa. Tendo liberado o Senhor Siva, Gajasura fez um último pedido: “Eu tenho sido abençoado pelo Senhor de muitas maneiras; meu último pedido é todos me adorem depois de minha morte”. Então o Senhor Siva trouxe Seu próprio filho e substituiu a Sua cabeça com a de Gajasura. Dendê então na Índia, é que toda a ação, tendo em vista a prosperidade, deve iniciar com a adoração a Ganesha.

A contemplação de Shani
Uma menos conhecida história de Ganesha vem do Brahma Vaivarta Purana, que narra uma versão diferente do surgimento de Sri Ganesha. Por insistência de Siva, Parvati jejuou por um ano (Punyaka Chrata), para agradar a Vishnu, para que tivesse um filho. O Senhor Vishnu, após Parvati ter terminado o sacrifício, anunciou que iria encarnar pessoalmente como Seu filho em cada Kalpa (era). Consequentemente, Sri Krishna nasceu como filho de Parvati, como Seu encantador filho. Este acontecimento foi celebrado com grande júbilo, e todos os semideuses foram convidados e verem a criança recém nascida. Então, Shani, Saturno, o filho de Surya (o Sol), hesitou olhar o menino, uma vez que Shani havia sito amaldiçoado com a visão da destruição. Porém Parvati insistiu de ele visse o bebê, o qual fez Shani, e imediatamente a cabeça da criança saiu fora, e subiu até Goloka. Vendo Siva e Parvati tristes por este fato, o Senhor Vishnu montou Seu pássaro veículo, Garuda, e correu até as margens do rio Pushpa-Bhadra, e trouxe com Ele uma cabeça de um jovem elefante. A cabeça então foi ligada ao corpo do filho de Siva e Parvati, e deste modo reviveu-O. A criança foi chamada de Ganesha, e todos os semideuses o abençoaram, desejando para Ele poder e prosperidade.

Siva e Aditya
Um outro conto da Índia que diz respeito a Sri Ganesha relata um incidente no qual o Senhor Siva matou Aditya, o filho de um sábio. Siva trouxe de volta a vida do menino, mas isso não pacificou o horror do sábio Kashyapa, quem era um dos sete grandes sábios ou Rishis. Kashyapa amaldiçoou Siva dizendo que Siva deveria perder a Sua cabeça. Quando isso aconteceu, a cabeça do elefante de Indra foi colocada no lugar dela.

Também há um outro conto em que numa ocasião, onde Parvati costumava banhar-se dentro do Ganges, e o chefe dos elefantes – deusa Malini -estava bebendo água, dando a luz um bebê com quatro braços, e com cinco cabeças de elefante. A semideusa do rio, Ganga, reivindicou Ele como Seu filho, mas Siva disse ser filho d´Ele e Parvati, reduzindo as cinco cabeças para uma, e colocando Ele como o controlador dos obstáculos – Vigneshwara.

Como a presa de Ganesha quebrou-se?
No Mahabharata Há muitas histórias sobre este fato, ou seja, o modo como Sri Ganesha quebrou uma de Suas presas. Na primeira parte do Mahabharata, épico onde está a célebre obra o Bhagavad-Gita, e dito que Vyasa pediu para que Ganesha trascrevesse o poema quando ele ditasse. Ganesha concordou, mas apenas com uma condição, a de que Vyasa O recitasse sem nenhuma interrupção; sem qualquer pausa. O sábio, por sua vez, disse que Ganesha deveria, então, anotar somente quando tivesse entendido claramente o que fora dito, antes de anotar. Desta forma, Sri Vyasa pode recuperar-se um pouco antes de continuar a falar os versos do Mahabharata, os quais Ganesha somente anotou quando entendeu. O ditado começou, mas a pena que Ganesha usava quebrou-se, então, Ele quebrou a Sua própria presa, e a usou como uma pena para escrever o texto ditado por Vyasa, e assim pode continuar sem interrupção, permitindo que mantivesse a Sua palavra.

Ganesha e Parashurama
Certo dia, Parashurama, um Avatar do Senhor Vishnu, foi prestar uma visita ao Senhor Siva, mas ao longo do caminho Ele foi bloqueado por Ganesha. Parashurama então lutou com Ganesha com Seu machado (ganho do Senhor Siva), na contenda deixou-Se golpear pelo próprio machado e perdeu a Sua presa.

Ganesha e a lua
Um dia Ganesha, após ter recebido de muitos dos Seus devotos grande quantidade de doces (Modaka), tendo em vista melhorar a digestão da grande quantidade que ingeriu, decidiu dar um passeio. Ele subiu no Seu ratinho veículo e então saiu. A noite está magnífica, e a lua resplandecente. Silenciosamente uma serpente apareceu e assustou o ratinho pensando que iria morrer, então fazendo com que desse um pulo, e Ganesha foi jogado no chão. O enorme ventre de Ganesha abriu-se quando ele bateu no chão, e todos os doces que havia comido se esparramaram ao redor d´Ele. não obstante, devido a Sua inteligência não permitir que ficasse irado, sem perder tempo com lamentações, ele tentou remediar a situação do melhor modo possível.

Ele pegou a serpente que causara o acidente e a usou como um cinto, tendo em vista manter Sua barriga fechada, vedando assim o dano. Satisfeito por esta solução, Ele remontou o ratinho, e continuou a Sua escursao. Chandradeva, o semideus da Lua, viu aquela cena e riu-se. Ganesha, tendo o temperamento irratiço, amaldiçoou a Lua, dividindo a sua face em duas, quebrando uma de Suas presas e atirando-a contra a Lua, dizendo que qualquer um que visse a face da Lua naquele dia cairia em má sorte. 

Conclusão
Há muito que se falar sobre Ganesha e Seus inumeráveis passatempos ou Lilas no mundo material e espiritual. Ganesha é uma forma milenar de adoração ao Supremo, e sem dúvida uma maneira muito elevada de superação do fanatismo, dogmatismo e tirania religiosa. Pas os fanáticos que acham que tão somente o que eles pensam ser Deus é o correto, devemos lembrar que a natureza transcendental do Supremo possui tres aspectos todo abrangentes, a saber, Ele é Onipotente (pode tudo de Sua natureza); Ele é Onisciente (sabe tudo, conhece tudo), e, por fim, Ele é Onipresente (está presente em tudo e em todos), por isso é Ganesha.

Hari Hara OM Tat Sat




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Diwali


Diwali




OM
Caro Swami Krishnapriyananda,
Qual é o significado do Festival de Diwali, e porque alguns devotos Vaishnavas não comemoram este festival?” Marcelo

Om
Divino e Abençoado Atman Imortal

Sri Marcelo prabhuji

Obrigado pelo seu e-mail e por sua pergunta e colocação.

Sua Santidade Swami Sivananda Maharaj tem um belo texto sobre Diwali ou Dipawali em que Ele nos diz, textualmente : “DEEPAVALI ou Diwali significa: ´Uma carreira de luzes´. Ele ocorre nos últimos dois dias escuros na metade de Kartik (Outubro-Novembro). Para alguns é três dias de festival. Ele começa com o Dhan-Teras, no 13º dia escuro de Kartik, seguido do próximo dia pelo Narak Chaudas, o 14º dia, e por Deepavali, propriamente dito, no 15º dia.

Há múltiplos significados para esta maravilhosa comemoração do Hinduísmo, e é considerado um auspicioso dia para todos os Vaishnavas, também. Pessoalmente não sei porque algum devoto Vaishnava não comemora o dia de Diwali, mas é uma data comemorada há muitos milhares de anos na Índia. De fato, esta data pode ter dado a origem do chamado Dia do Perdão dos Judeus, ou Yom Kipur, bem como ao hábito de dar presentes, como no Natal do Ocidente. Swami Sivananda diz que, neste dia, “Todos esquecem e perdoam os aborrecimentos feitos pelos outros. Há um ar de liberdade, festividade e amizade em todo os lugares. Este festival traz unidade. Ele instila caridade no coração das pessoas. Todos compram novas roupas para a família. Os empresários, também, compram novas roupas para seus empregados”, etc. É um dia de perdão e de presentes”.

As pessoas aproveitam esta oportunidade para iluminar as suas casas com lâmpadas coloridas e piscantes (como no Natal), bem como vestem-se de branco, fazem limpezas nas suas casas e nas suas mentes. Este festival é considerado um festival modelo para todos, porque é o dia em que acontece logo após o dia de jejum de Ekadashi. Neste Ekadashi que acontece antes da festividade (mas em algumas ocasiões o dia de jejum ocorre junto com o dia da festividade), toda a introspecção é praticada como purificação, perdão, luto, arrependimento, etc. Nesta comemoração está implícito o fato da vontade superior estar acima dos sentidos grosseiros e comuns. Este festival é comemorado com luzes, alegria e comunhão, tendo em vista mostrar que todos somos irmãos e estamos nesta caminhada do mundo material tendo em vista a realização do supremo.

No final do festival, nas festividades dos templos, são soprados os búzios, tendo em vista anunciar o triunfo de Deus e da Verdade por sobre tudo e todos.

O que deve ficar em nós sobre o festival de Diwali é que somente o perdão e a doação pode nos levar a liberação do mundo material. As luzes deste festival significam a esperança da Verdade que ilumina e nos retira da ignorância.

Sobre o fato de o sr. se referir que “alguns devotos Vaishnavas não comemoram este festival”, primeiro o sr. deverá saber diferenciar grupos religiosos e seitas de seguidores do Sanatana Dharma. Há muitos que se autodenominam “vaisnavas” e nós respeitamos, mas há uma larga distância de alguém dizer-se algo e realmente ser um representante fidedigno dele.

Deste servo e benquerente

Swami Krishnapriyananda Saraswati

Sri Ganesha, o Removedor dos Obstáculos

Sri Ganesha
"O Removedor dos Obstáculos"


Swami Krishnapriyananda Saraswati

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA

Porto Alegre, RS
1997-2010



Sri Ganesha,  o melhor de todos os Yogis.

Ganesha ou Ganapati (como na maioria das vezes é chamado na Índia) é o Senhor que remove todos os obstáculos, bem com o Senhor de todas as categorias. Tudo o que pode ser contado ou compreendido é uma categoria ou Gana (por isso, “Ganapati”). O princípio de todas as classificações, através das quais as relações entre os diferentes tipos de coisas, ente o macro e microcosmos, que podem ser entendidos, é chamado de Senhor das categorias ou Ganapati.

Vemos no Ganesha Upanishad, o seguinte verso: “Eu me prostro diante de Vós, Senhor de todas as Categorias (Gana). Apenas Vós é quem Sois o forma visível do princípio. Apenas Vós é quem Sois o Criador; apenas Vós é quem Sois o mantenedor; apenas Vós é quem Sois o destruidor; apenas Vós é quem Sois, de modo claro e inequívoco, o Princípio do Todo (Brahman), o verdadeiro Ser”.

Sri Ganesha ou Ganapati é uma forma de Deus, muito popular na Índia. Ele é chamado, também, de Vighneshwara ou Vighnaharta, o Senhor destruidor dos obstáculos. As pessoas, no mais das vezes, praticam adoração a Ganesha pedindo por Siddhis (faculdades psíquicas), sucesso nas tarefas, e Buddhi, inteligência. Ele é reverenciado antes de qualquer atividade ter início (seja no trabalho ou religiosa). Ganesha é tido como Deus da educação, conhecimento, sabedoria, literatura, e das artes finas.

Ganesha é uma das cinco formas de adoração a Deus, a qual foi popularizada por Sri Adi Sankarachaya. As outras formas são: Vishnu, Siva, Devi e Surya. A adoração destas cinco deidades é chamada de Panchayatana Puja. Em alguns casos, a forma de Deus como Skanda, é também adorada, conforme a tradição do Kevala Advaita.

O significado filosófico da forma de Sri Ganesha

No Mundgala Purana, a forma humana com cabeça de elefante, é explicada da seguinte maneira.

O corpo humano de Ganesha representa “Tvam”; as Suas feições elefantinas representam “Tat”, e a sua junção conjunta significa a não diferença de “Tvam”, você, e “Tat” ou Brahman. Desta forma, o corpo de Ganesha é a representação visível  da mais elevada realidade ou Brahman, presente em “Tat Tvam Asi”.

Há, também, a explicação de que a cabeça de Ganesha significa o Atman, ou a Realidade Suprema, enquanto que o corpo abaixo do pescoço, representa Maya, ou o princípio da existência fenomênica.  O envolvimento do Atman com o mundo está caracterizado pela compreensão da mente e da fala.

 As orelhas de Sri Ganesha, as quais aparecem como duas peneiras separadas, possuem um significado filosófico também. Do mesmo modo com usa-se peneira para separar o grãos da sujeira, deve-se usas do discernimento ou Viveka, para separar o que é Real – Brahman – do que é irreal – Maya -, na vida. Neste caso, os grãos representam Brahman e a sujeira Maya. Também, as orelhas de Ganehsa indicam que o discernimento entre Brahman e Maya é alcançada por aqueles que praticam Sravana, ou “ouvir”; escutando as Escritura Sagradas de um Guru, o qual conduz para o próprio discernimento e ralização em Brahman.

Lendas sobre Ganesha
Quiçá a história mais popular a respeito de Sri Ganesha tem a sua origem numa derivação do Siva Purana. Sua Mãe ou Parvati, certa feita queria tomar um banho, e criou um menino da sujeira do seu próprio corpo, pedindo para que ele ficasse de guarda no lado de fora, enquanto Ela se banharia. Neste meio tempo, o Senhor Siva, Seu marido, retornou para casa, e encontrou o até então estranho para Ele, que lhe impediu de entrar. Irado, Siva cortou-Lhe a cabeça, jogando-a longe, a ponto de não mais encontrarem-na, o que fez com que Parvati ficasse muito triste. Tendo em vista consolá-La, Siva enviou sua tropa (Gana), de qualquer ser que fosse encontrado dormindo com a sua cabeça apontando para o norte. Eles, então, encontraram um elefante dormindo nesta posição, e levaram a cabeça do animal até o Senhor Siva. Siva, então, colocou a cabeça do elefante por sobre o corpo do menino, revivendo-o. Ele deu-lhe o nome de “Ganapati”, ou o “comandante de todas as tropas”, e concedeu a Ele uma bênção, que consiste em que todos devem adorá-lO antes de iniciar qualquer tarefa.

O Brahma-Vaivarta Purana, narra uma história diferentes com relação a origem de Sri Ganapati. Diz que, Siva instruiu Parvati, que queria ter um filho, que deveria observar o Punyaka Vrata, durante um ano, para agradar Vishnu: “Ó maravilhosa Deusa! Realize a adoração de Hari por intermédio de Punyaka Vrata por um ano. O Senhor das Gopikas, o Senhor de todas as criaturas, Krishna em Si mesmo, irá nascer como Seu filho, como resultado deste Vrata”.

No término do sacrifício Vrata por Parvati, foi anunciado de que Krishna encarnaria Pessoalmente como Seu filho, neste mesmo Kalpa (ou tempo). Conseqüentemente, Krishna nasceu como uma criança encantadora, contentando Parvati, que celebrou o evento com grande entusiasmo.

Todos os deuses vieram ver o bebê. Mas Shani, o filho de Surya, não O olhou, não tirando os seus olhos do chão. Vendo isso, Parvati questionou a respeito deste comportamento de Shani, que respondeu-lhe que seu olhar iria causar danos ao Seu bebê. Parvati, no entanto, insistiu que ele deveria olhar a bela criança. Em consideração ao pedido d´Ela, Shani olhou para o bebê. Devido ao seu olhar malevolente, a cabeça do menino separou-se do corpo, e voou para Goloka, a morada de Krishna. Parvati, e todos os deuses, reuniram-se ali, incluindo o Senhor Siva, ficando todos tristes e deprimidos.

Por causa disso, Vishnu montou em Garuda e correu até as margens do rio Pushpa-Bhadra, e trouxe uma cabeça de um jovem elefante, colocando no lugar da que havia ido embora, revivendo-O. Todos os deuses abençoaram Sri Ganesha, desejando para Ele, poder e prosperidade. Sri Vishnu abençoou Sri Ganesha da seguinte forma:

“Oh Deus excelente! Ó ser querido! Que seu Puja seja realizado antes do que a qualquer outro deus. Que estejas situado em todos os seres venerados, e que Sejas o melhor entre os Yogis. Esta é Minha bênção para Ti”.

Sri Siva fez de Ganesha o líderes de Suas tropas (Gana), e deu a Ele a seguinte bênção:

“Todos os obstáculos, qualquer que eles sejam, irão ser removidos fora através da adoração de Ganesha; mesmo todas as doenças serão curadas através da adoração de Surya, e a pureza será resultante quando Vishnu for adorado”.


Jay Sri Ganesha!


A jóia Syamantaka
É dito que se alguém olhar a lua na noite do Ganesha Chaturthi irá ser falsamente acusado de roubo ou de crime. Se alguém olhar a lua de forma inadvertida nesta noite, o remédio para a situação é escutar ou recitar a história da jóia Syamantaka. Esta história é encontrada no Bhagavata Purana, bem como no Vishnu Purana. Brevemente, a história é a seguinte: Satrajit, que recebeu a jóia Syamantaka de Surya (semideus do Sol), como presente, e não mais se separou dela, mesmo quando o Sri Krishna, o Senhor de Dwaraka, pediu por ela, dizendo que ele seria salvo por Ele. Prasena, o irmão de Satrajit, quando certa feita saiu para uma caçada, vestiu a jóia, mas foi morto por um leão. Jambavan (o rei dos ursos), o famoso caçador de leões, encontrou a jóia e deu-a para seu filho brincar com ela. Quando Prasena não retornou, Satrjit acusou Krishna de ter matado Prasena com o objetivo de pegar a jóia.

Krishna, tendo em vista remover esta mancha sobre a Sua reputação, saiu a procura da jóia, e a encontrou na caverna de Jambavan, sendo usada pelo seu filho. Jambavan atacou Krishna, acreditando ser Ele um intruso, que tinha vinda para roubar a jóia que estava com seu filho. Eles lutaram um com o outro por 28 dias, quando Jambavan, estando muito ferido em todo o corpo pela maça de Krishna, finalmente reconheceu-O como sendo Rama.

Sobre o acontecimento, vemos no Bhagavatan: “Janbavan disse: Eu agora Sois o ar da vida e os sentidos, de todos os seres vivos, a virilidade, a coragem e a força mental e corporal. Você é Vishnu, o Senhor Primordial, todo presente, o Senhor Supremo, controlador de todos os mundos... Vós Sois o criador de todos os criadores do universo, e de tudo que é criado tem como Vós a substância fundamental. Vóis sois o conquistador dos conquistadores, o Senhor Supremo, e a alma Suprema de todas as almas. Vóis sois aquele que com um olhar de lado recolheu o oceano, com uma pequenina manifestação da Sua ira, causando a necessária perturbação nos crocodilos e no peixe Timingila, na profundidade das águas. Vóis sois quem construiu a ponte (que cruza o oceano), que estabeleceu Sua fama, pondo Lanka em chamas, e com Suas flechas flechou o chefe dos Rakshasas – Ravana -  as quais caíram ao chão”. (Bhag., 10.56.26-28)”.

Em arrependimento de ter lutado com Krishna, Jambavan deu a Krishna a jóia que havia pegado, e deu a sua filha, Jambavati, em casamento. Krishna retornou para Dwaraka com Jambavati, e devolvou para Satrajit, que se arrependeu da sua falsa acusação. De pronto, ele ofereceu a jóia para Krishna, dando a sua filha Satyabhama, em casamento. Krishna aceitou Satyabhama como Sua esposa, mas não aceitou a jóia.

Se por um motivo ou outro não puder ser escutado, lido ou narrada esta história, a seguinte recitação deve ser recitada, com um pouco de água na palma da mão direita, fazendo-a gotejar:

“Um leão matou Prasena; o leão foi morto por Jambavan. Não chore, ó querida criança! Esta jóia Syamantaka é sua”.


Hari Hara Om Tat Sat